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Americana

Sem medicamento eficaz, tratamento segue limitado ao suporte respiratório

Apesar de diversas drogas que foram testadas, nenhuma se mostrou capaz de reduzir a carga viral nos pacientes de Covid-19

Por Marina Zanaki

21 de março de 2021, às 08h16

Um ano após o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), nenhum medicamento que reduza a carga viral nos pacientes foi descoberto, e o tratamento segue limitado a suporte respiratório. Nesse período, muitas drogas foram testadas e tiveram a eficácia refutada. Mesmo assim, seguem defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro e até mesmo por alguns médicos.

Por outro lado, certos remédios se provaram importantes para melhorar o estado geral dos pacientes internados. O LIBERAL conversou com três infectologistas da região que destacaram o uso de corticoides para pacientes internados, ajudando na inflamação nos pulmões.

Os profissionais explicam que antibióticos não têm efeito contra o vírus e que seu uso indiscriminado pode ser prejudicial ao paciente. Contudo, essa classe de remédios pode ter papel importante para combater alguma infecção secundária causada por bactérias que acometa o paciente de Covid-19.

Além disso, coagulantes podem auxiliar a evitar embolia pulmonar e trombose entre pacientes com quadro grave.

Alternativa?
Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso do antiviral Remdesivir contra a doença. Utilizado nos Estados Unidos, o medicamento não tem eficácia comprovada e seu uso contra o coronavírus foi desaconselhado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Arnaldo Gouveia Junior avalia uso de remédios que não têm eficácia comprovada – Foto: Prefeitura de Americana / Divulgação

O médico Arnaldo Gouveia Junior, membro do Comitê de Crise da Prefeitura de Americana e que atende na rede particular, lembra que os estudos apontam apenas para redução de alguns dias na internação e não alteram a mortalidade. O custo do tratamento nos Estados Unidos está em US$ 3,2 mil, o equivalente a R$ 18 mil.

“Tenho bastante restrições. Os estudos foram financiados pelo fabricante e existe recomendação formal da OMS para não gastar dinheiro com isso que não funciona. Ao contrário da Ivermectina, Azitromicina e Cloroquina, que não funciona e é barato, esse não funciona e é caro”, diz Arnaldo.

“Não vai resolver nada, assim como os Estados Unidos têm usado a rodo e não está resolvendo”, afirma o médico.

Sem efeitos
No cenário de tratamentos ineficazes, a Ivermectina ganhou certo protagonismo nos últimos meses. A infectologista Juliana Ribon, coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, acredita que isso pode ter ocorrido já que esta medicação tem poucos efeitos colaterais, ao contrário de outras drogas, como a Hidroxocloroquina.

Infectologista do Hospital Municipal de Americana, Juliana Ribon destaca a importância de procurar uma unidade de saúde no início dos sintomas – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

“Então [a pessoa] pensa: que mal faz tomar? Mas é incorreto pensar assim, porque é ineficaz dar remédio que não tem comprovação para o paciente, passa uma falsa sensação de segurança. Hoje o tratamento é suporte, não tem um tratamento especifico ainda. A Ivermectina ganhou uma importância muito grande, mais do que realmente merece”, critica a médica.

Tanto Juliana Ribon quanto o também infectologista André Giglio Bueno, este da PUC-Campinas, destacam a importância de se procurar um médico logo no início dos sintomas.

“No início se recomendava não procurar hospitais pelo receio de superlotação, mas hoje a gente sabe que é imprescindível ter uma avaliação de risco e dar orientação. Como se isolar em casa, cuidados com familiares, rastreio de contactantes. E falar como vai ser dali para frente, a piora é geralmente no final da primeira semana da doença, então consegue orientar o paciente a ficar mais atento”, enfatiza André.

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