FESTA
Sem efetivo para conter tumulto, Gama não consegue fechar festa na Vila Bertini
Corporação registrou um boletim de ocorrência que será encaminhado para Vigilância Sanitária para possíveis providências; espaço, que chegou a ser interditado em novembro, afirmou que realizou adequações e seguiu protocolos
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10 de janeiro de 2021, às 19h22 • Última atualização em 11 de janeiro de 2021, às 09h05
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/sem-efetivo-gama-nao-consegue-fechar-festa-na-vila-bertini-1408027/
Um show com cerca de 500 pessoas realizado no Revoada Lounge Bar e Tabacaria, na Vila Bertini, em Americana, não foi interditado pela Gama (Guarda Municipal de Americana) porque a corporação não contava com efetivo suficiente para conter um possível tumulto.
A festa ocorreu na noite de sábado (9) após as 22h, portanto após o horário permitido pela fase amarela do Plano São Paulo. Também houve a venda de bebida alcoólica, que não pode ocorrer após as 20h, e havia no local pessoas em pé e sem máscaras.
A Guarda elaborou um boletim de ocorrência que será encaminhado à Vigilância Sanitária para providências. O estabelecimento já havia sido interditado em novembro por realizar uma festa com aglomeração.
“A Gama esclarece ainda que tomou conhecimento do evento quando este já ocorria e que, por envolver grande quantidade de pessoas, não havia de plantão efetivo suficiente para agir no local sem que houvesse tumulto ou que se pudesse conter a eventual reação violenta”, explicou a corporação.
“A questão foi registrada em Boletim de Ocorrência da GM e encaminhada à Vigilância Sanitária, que poderá tomar as devidas providências junto aos responsáveis pelo evento irregular”, disse a Gama.
Apesar do comunicado da corporação, um patrulheiro da guarda havia publicado em suas redes sociais uma postagem sobre a festa por volta das 14h de sábado.
“A Gama apura quais os procedimentos tomados pelo guarda municipal que realizou a postagem com antecedência nas redes sociais. A questão será tratada internamente, uma vez que a possível infração descoberta não foi comunicada com antecedência”, disse o órgão.
O evento da festa no Facebook havia sido criado em 23 de dezembro.
Desencontro
A Gama disse que solicitou reforço à PM (Polícia Militar) durante a noite, mas que diante do tamanho da aglomeração, a corporação não possuía efetivo.
A versão foi rebatida pela tenente Carolina, que estava de plantão na noite de sábado. Ela disse à reportagem que a polícia recebeu uma solicitação no local por meio de um jornalista que acompanhava a situação, e, diante disso, entrou em contato com a Gama por telefone para entender o cenário. Nesse momento, ela foi informada da aglomeração de várias pessoas e da falta de efetivo da guarda para realizar a abordagem.
A PM, então, tentou contato com a Vigilância Sanitária e ninguém atendeu. Também tentou o Conselho Tutelar, que segundo a tenente disse que iria até o local somente se houvesse o consumo de bebida alcoólica por menores.
Diante do cenário, a tenente afirmou que fez contato pessoalmente com a Gama e explicou que naquele momento as equipes da PM estavam empenhadas em duas ocorrências, sendo uma de violência doméstica e outra de disparos de arma de fogo em uma praça da Cidade Jardim.
“Naquele momento em específico estava sem efetivo devido às outras ocorrências de gravidade na área, mas deixei à disposição para ligarem para o 190, solicitando um talão de apoio, assim que fossem realizar a operação por lá. Mas não houve esse retorno”, disse a tenente.
Após o fim das ocorrências que estavam sendo atendidas, outras solicitações foram feitas à PM, mas a corporação não esteve no local da festa.
No endereço do evento foi feito um novo pedido por terceiros somente às 5h30 da manhã, próximo à troca de turno, e a tenente não soube apontar o contexto dessa solicitação. Após esse pedido, houve deslocamento das viaturas.
Questionada sobre não ter solicitado novamente o apoio da PM, a Gama disse que havia feito a solicitação pessoalmente no plantão da Polícia Civil.
Outro lado
O advogado Nonato Menezes de Melo, que representa o Revoada Lounge Bar e Tabacaria, admitiu que a festa “pode” ter descumprido o horário estabelecido na fase amarela Plano São Paulo.
O decreto estadual autoriza eventos somente até as 22h. No Facebook, a festa estava marcada para começar nesse horário, e a Guarda Municipal confirmou que esteve no local às 23h. Além disso, a venda de bebida alcoólica no Estado de São Paulo pode ocorrer somente até as 20h.
“Se houve excesso no horário ainda não me reuni com a casa, mas tomei contato brevemente e tomaremos cuidados para que não volte a acontecer”, disse o advogado.
A Revoada havia sido interditada em novembro pela prefeitura por ter realizado um show que promoveu aglomerações. O advogado disse que a casa realizou as adequações e obteve os laudos necessários, conseguindo a autorização da Vigilância Sanitária para funcionar na sexta-feira, um dia antes do evento.
Ele garantiu que as medidas sanitárias foram adotadas, como restrição do público à 40% da capacidade (eram cerca de 500 pessoas, ante capacidade do salão de 1.290); álcool gel; pulseira proibindo consumo de bebidas alcoólicas para menores, aferição de temperatura na entrada e fiscalização da própria casa em relação ao uso da máscara e à proibição de pessoas em pé.
Contudo, imagem divulgada pelo próprio advogado traz pessoas em pé dentro da casa e sem a utilização de máscaras.
“Obedecemos a todos os regramentos, como bar, entretenimento, servir bebida alcoólica, todos sentados, a maioria sentados, e fiscalizados pela própria casa quando ficavam de pé. É óbvio que não dá para conter 500 pessoas, ou um pouco menos, o tempo todo sentado. Mas houve essa fiscalização”, reconheceu o advogado.