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Covid-19

Roubos e furtos recuam, mas violência contra mulher cresce

Aumento nas ocorrências de agressões domésticas em Americana se dá em meio à quarentena estadual

Por George Aravanis

05 de abril de 2020, às 08h07 • Última atualização em 05 de abril de 2020, às 15h40

O número de denúncias de violência doméstica triplicou em Americana na última semana de março, em meio à quarentena decretada por causa do novo coronavírus (Covid-19). Entre os dias 23 e 29, foram dez casos, ante três na semana de 9 a 15 do mesmo mês.

O aumento ocorre na contramão da criminalidade em geral. Quase todos os principais tipos de crime tiveram queda em Americana no mesmo período.

Foto: Radio Alfa via Visual hunt - CC BY-NC-SA
Casos de violência doméstica aumentaram durante o período de isolamento por conta da pandemia do novo coronavírus

Os dados foram fornecidos ao LIBERAL pela PM (Polícia Militar) e abrangem todos os boletins de ocorrências registrados pela Polícia Civil, aqueles em que as vítimas foram direto à delegacia e também os episódios em que a pessoa chamou a PM ou a Gama (Guarda Municipal de Americana).

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Para o capitão Antonio Carlos Rugero Filho, comandante da 1ª Companhia da PM em Americana, um dos motivos da alta pode ser a maior proximidade entre o agressor e a vítima durante a quarentena.

Para Léa Amabile, vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, o confinamento pode ter sido a causa do crescimento, mas não é possível afirmar que a quarentena aumentou a violência doméstica, o que dependeria de um contato direto com cada vítima.

Mas os dados da rede de saúde, contabilizados por Léa, também indicam alta. Em março de 2020, 28 moradoras de Americana foram atendidas em unidades de saúde da cidade vítimas de algum tipo de violência, a maior parte, segundo ela, agressão física. O número é 47% maior do que no mesmo mês de 2019, quando foram 19.

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Léa ressalva que o acréscimo pode representar uma conscientização maior dos profissionais de saúde, que têm sido preparados para fazer as notificações. Apesar da alta, a vice-presidente do Conselho da Mulher afirma que o isolamento pode inibir queixas.

“Se eu estou na minha casa e o meu agressor é meu companheiro, ou meu filho, vou acessar alguém da minha família que numa outra condição viria me acolher, mas que nessa condição da pandemia não vai me acolher. Ninguém quer ninguém de fora”, explica. As vítimas podem acionar a Gama, pelo telefone 153, ou a PM, pelo 190.

Os números de violência contra a mulher revelam uma elevação em qualquer cenário de comparação. Na semana de 16 a 22 de março, quando o comércio ainda não estava fechado, por exemplo, houve quatro casos em Americana. Na última semana de março de 2019, foram sete denúncias, três a menos que as dez registradas na última semana de março deste ano.

Nesta sexta-feira, o governador João Doria anunciou que os casos de violência doméstica agora podem ser denunciados por meio da Delegacia Eletrônica da Polícia Civil. O atendimento presencial nas delegacias de defesa da mulher (DDM) continua.

GERAL. Entre os demais crimes, houve queda desde o início da quarentena, com exceção do roubo de veículos. O número de roubos, por exemplo, caiu de nove para quatro, e o de furtos, de 36 para 11 entre a segunda e a quarta semana de março. Segundo o capitão Rugero, o cenário de pandemia liberou para as rondas na rua algumas equipes que antes faziam, por exemplo, escolta de presos em audiências.

Nas nove cidades abrangidas pela Delegacia Seccional de Americana, o número de boletins de ocorrência presenciais registrados entre os dias 19 e 26 de março teve queda de 67% em comparação com o período de 11 a 18 do mesmo mês, segundo o delegado José Luiz Joveli.

Porém, neste período o Estado liberou e estimulou a realização de vários tipos de boletins de ocorrência pela internet. A Gama (Guarda Municipal de Americana) registrou queda de 54% no número de ocorrências.

Além da Capa, o podcast do LIBERAL

A demanda por informação de fontes confiáveis durante a pandemia do novo coronavírus mostra reflexo nos números de audiência de veículos profissionais, como é o caso do próprio LIBERAL. Além disso, demanda um esforço contínuo de quem atua nesse segmento no poder público, caso do secretário de Comunicação do Estado de São Paulo, Cléber Mata, que reside em Americana. Esse é o tema da edição deste domingo do Além da Capa, o podcast do LIBERAL.

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