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Americana

Réu confesso, ajudante pega 31 anos de prisão por matar empresária

Bruno César Bueno Bernava pegou 30 anos de prisão por feminicídio triplamente qualificado e mais 1 ano por ocultação de cadáver

Por George Aravanis / Leonardo Oliveira / Talita Bristotti

18 de fevereiro de 2020, às 15h19 • Última atualização em 19 de fevereiro de 2020, às 16h55

O Tribunal do Júri de Americana condenou nesta terça-feira (18) o ajudante de cozinha Bruno César Bueno Bernava a 31 anos de prisão pelo assassinato da empresária Katia Keiko Picioli Ferreira, morta em outubro de 2018.

Bruno pegou a pena máxima de 30 anos por feminicídio triplamente qualificado (motivo torpe, por ter dificultado a defesa da vítima e pelo emprego de asfixia) e mais um ano pelo crime ocultação de cadáver – o corpo foi deixado à beira de uma estrada entre Americana e Nova Odessa. A defesa dele diz que vai recorrer.

Katia tinha 40 anos quando foi assassinada. Bruno, hoje com 30, admitiu ter matado a empresária após uma discussão por ciúmes na casa dela, no Jardim Amélia, em Americana.

Os dois se relacionaram por cerca de dois meses, mas a empresária havia rompido o namoro havia algumas semanas. Bruno diz que, no dia da morte, viu no celular de Katia uma troca de mensagens dela com um rapaz, o que o irritou e deu início a uma briga.

O ajudante de cozinha admitiu o crime, mas afirmou que não tinha intenção de matá-la, e sim de “acalmá-la”. Ele chorou durante o depoimento de testemunhas.

“Confesso a todos presentes nesse plenário que infelizmente cometi tal crime. Me arrependo profundamente, peço perdão a todos, inclusive à família da Katia e à minha família. Eu não sou digno de fazer minha defesa, por isso deixo para meu advogado.”

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Bruno diz que o que matou Katia foi um mata-leão que aplicou na casa. A perícia mostra que ela morreu duas horas depois, asfixiada com uma toalha.

O acusado nega que tenha usado a toalha para asfixiar a vítima. Além disso, havia hematomas na cabeça dela e sangue no chão da casa.

Bruno novamente negou ter a acertado com socos. “Jamais tive a vontade de tirar a vida da Kátia ou de outra pessoa. A intenção era acalmá-la”, relatou.

As testemunhas ouvidas durante o julgamento relataram que o relacionamento entre os dois havia terminado semanas antes do assassinato. Katia tinha um filho e duas filhas – essas deixaram a casa para morar com o pai por não aprovarem o relacionamento.

A situação teria magoado a empresária, que decidiu pelo término. Mas Bruno não teria respeitado a decisão e passou a seguir Kátia onde ela ia. A mulher chegou a trocar as fechaduras da casa depois que o relacionamento acabou.

O juiz Wendell Lopes Barbosa de Souza rejeitou a alegação do réu e entendeu que não houve confissão ao ler a sentença.

“Veja-se que o acusado, ao mesmo tempo em que admite ter produzido fisicamente a morte da vítima, nega que tivesse a intenção de fazê-lo, como dito, ao mencionar que queria na verdade contê-la apenas, o que já foi completamente rechaçado.”

Na visão do juiz, o “arrependimento não brotou ainda na mente” do acusado. Souza lembrou na decisão que o acusado foi à casa de Katia com quatro facas.

Foto: Reprodução
Bruno Bernava e Katia Keiko: assassinato de empresária de Americana foi motivado por ciúmes

“Por fim, e numa atitude ainda mais abjeta, pretende atribuir sua conduta delituosa a uma suposta traição perpetrada pela vítima, que, lamentavelmente, sequer está entre nós para se defender de tal alegação injuriosa.”

Bruno disse que estava usando cocaína desde o dia anterior, tinha tomado anabolizantes e álcool.

Advogado do réu, Paulo Eduardo Paschoal Júnior disse que vai recorrer e que deve tentar a anulação do júri. Ele entende que não havia provas da ocultação de cadáver e que Bruno não tentou esconder o corpo.

Irmão de Katia, Ricardo Yoshio Picioli afirma que a sentença trouxe ao menos algum alívio. “Nada vai trazer a minha irmã de volta, mas pelo menos a gente fica mais aliviado, com o coração melhor, que ele pegou a pena máxima.”

As filhas de Katia têm hoje 9 e 15 anos, e o filho, 23. “É uma realidade dura e crua. Para a gente ainda é muito dolorido”, contou Ricardo.

Além da Capa, o podcast do LIBERAL

A trajetória do impasse em torno da lei municipal de incentivo ao esporte em Americana é o assunto da edição desta semana do Além da Capa. Ouça:

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