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Americana

Resistentes, sapatarias de Americana reúnem histórias de décadas de profissão e amor pelo ofício

Quem exerce o ofício, fala com orgulho da profissão, que tem nesta segunda-feira, 25, a data que a comemora

Por Maria Eduarda Gazzetta

24 de outubro de 2021, às 08h52 • Última atualização em 25 de outubro de 2021, às 11h32

Duas características unem as sapatarias que resistem ainda em Americana. São tradicionais, cuidadas por décadas pelas mesmas famílias e suas gerações. E são movidas pela paixão. Quem exerce o ofício, fala com orgulho da profissão, que tem nesta segunda-feira, 25, a data que a comemora.

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Edson Bonganha é dono da Sapataria Dom Pedro, localizada na rua de mesmo nome, na região central de Americana. Orgulhoso do trabalho que exerce, ele segue os passos de seu pai, já falecido, Valério Bonganha.

Edson seguiu passos do pai e hoje esposa, enteada e filha aprendem – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

O sapateiro começou a ver o pai trabalhando nos calçados quando tinha 7 anos, em 1974. Edson relembra que aos 14 aprendeu a forrar calçados para noiva, quando o serviço ainda era requisitado aos profissionais da área. Agora, aos 54, conta que, o ramo mudou e se adaptou às facilidades do período.

“Apesar de muitas pessoas terem mais acesso à compra de sapato e de bolsa, por exemplo, muitas delas ainda trazem esses produtos para o conserto. O que mais precisamos consertar hoje em dia são zípers de bolsas e jaquetas, consertos e ajustes em botas e tênis”, comentou.

Edson não trabalha sozinho. Quem está ao lado dele na costura dos calçados e bolsas é a filha Suelen Bonganha da Silva, de 34 anos. Ela conta que aprendeu a usar a máquina por conta própria. “Meu pai só me ajudou no começo. Hoje digo que peguei o gosto pela profissão e me sinto muito realizada”, contou ela.

A loja se completa com a ajuda da esposa de Edson, Edinalva Teixeira, de 49 anos e, da filha dela, Giovanna Teixeira, de 19 anos. Edinalva trabalha no conserto de calçados e Giovanna, no atendimento aos clientes e também administração do comércio.

Quem também seguiu os passos de um familiar para aprender o ofício de sapateiro, foi Elaine Aparecida Gonçales Massuchetto, de 47 anos. Filha de Claudio Martins Gonçales, o dono da Sapataria Martins, no Jardim Glória, Elaine acompanhou o pai nos negócios da família desde os 14 anos.

Elaine se formou professora, mas sempre trabalhou na sapataria que era de seu pai – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal

Apesar de Elaine estudar o magistério no Heitor Penteado e até lecionar, a paixão pela profissão do pai falou mais alto. Foi então que começou a frequentar a sapataria e aprender as técnicas para o conserto dos calçados, além de aprender a fazer as palmilhas ortopédicas.

Seu Martins faleceu em maio de 2020, aos 72 anos, somando mais de 50 anos de profissão, mas a sapataria na Rua das Poncianas deve permanecer aberta e manter o legado de seu fundador. “Eu sempre soube que queria continuar com os negócios, pois era um sonho meu e do meu pai. Minha expectativa é continuar no ramo por muitos anos”, contou, emocionada, ao LIBERAL.

Hoje proprietária da sapataria, Elaine não deixa de exercer o ofício. Ela é a única responsável pela fabricação das palmilhas e pelo corte de todos os materiais para que um funcionário faça os consertos necessários.

Quem passa pela Avenida Campos Sales também já notou uma outra sapataria, a Zaz Traz. O sapateiro e proprietário do local é José Jadir Ferrare, de 78 anos, conhecido como Seu Neno. Ela conta que aprendeu o ofício quando tinha 23 anos, com o irmão que já era sapateiro.

Seu Neno comprou a sapataria de seu irmão e exerce a profissão há 55 anos – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal.JPG

Para Seu Neno, o mês de outubro é ainda mais especial – no dia 17, ele comemorou 55 anos de profissão. Durante todo este tempo que desenvolve o ofício, ele diz, assim como Edson, que o ramo mudou. “É difícil encontrar materiais bons e de qualidade para consertar os sapatos e são caros. Antigamente, era bem mais fácil”, comentou ele.

Apesar dos novos desafios, o sapateiro sempre diz aos clientes fiéis da sapataria que vai continuar na profissão. “Eu continuo por amor e enquanto eu aguentar, eu vou ficar aqui”, disse ele, tal como seus concorrentes, apaixonados pela profissão.

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