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Americana

Professora tenta separar briga, é derrubada por aluno e vai parar no hospital

Docente desmaiou; ela disse que rapaz não teve intenção de agredi-la, mas afirma que há falta de respeito: “eles acham que podem tudo”

Por George Aravanis

02 de novembro de 2019, às 18h25 • Última atualização em 02 de novembro de 2019, às 18h30

Foto: Reprodução - Google Street View.JPG
Caso aconteceu na Escola Estadual Monsenhor Magi

Uma professora foi derrubada por um aluno enquanto tentava evitar que ele brigasse com outro estudante na Escola Estadual Professor Monsenhor Magi, no Jardim São Paulo, em Americana, na quinta-feira (31). Maria da Conceição Bezerra Silva, de 39 anos, bateu a cabeça na queda, desmaiou e teve de ser levada ao Hospital Municipal.

A docente afirma que o rapaz, que segundo ela tem 17 anos e está no segundo ano do ensino médio, não teve intenção de agredi-la. Porém, acha que o episódio mostra falta de respeito dos estudantes. “Hoje em dia, pra eles, eles podem tudo.” O rapaz foi suspenso por cinco dias, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Educação.

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Maria contou que a confusão começou após o jogo de futebol de um torneio escolar disputado na quadra. Quatro ou seis alunos, diz a professora, partiram para a agressão entre si. Ela chegou a separar outros dois, que atenderam seus pedidos.

Depois, tentou conter o rapaz, que foi seu aluno no oitavo ano do ensino fundamental, em outra escola. “Ele tava tentando se soltar, aí ele falava pra mim ‘sai da frente, sai da frente’”, diz Maria.

Vários vídeos foram feitos por estudantes no momento. Um deles mostra o rapaz, com a cabeça baixa, tentando se soltar da professora, que buscava impedi-lo de ir para cima de outro jovem. Maria acredita ter sido atingida pela cabeça do estudante e que isso causou sua queda.

“Na verdade não foi intencional. Ele não quis me agredir. Só que ele queria catar o outro, aí no meu desespero entrei na frente, até comentei com ele ‘sou professora, me respeita, você vai me escutar você não vai brigar, chega”.

Quando caiu, Maria contou ter “apagado” e, logo em seguida, diz que não sentia as pernas. “Na hora fiquei sem voz, não conseguia falar, a minha vista ficou toda embaçada.”

A professora se sente melhor, mas conta que passou a sexta-feira inteira na cama. Ela pretende voltar a trabalhar na segunda-feira.

Pessoas que presenciaram tudo contaram a Maria que, enquanto ela estava no chão, o jovem se mostrava arrependido, pedia perdão e chorou enquanto a profissional era levada de maca para a ambulância.

“Ele tava muito irado, a raiva dele, a ira, fizeram com que ele não enxergasse quem estava na frente dele, o que eu consigo imaginar é isso.”

Embora diga que não houve intenção de agressão, a professora acha que o episódio ilustra uma falta de respeito generalizada que existe no ambiente escolar. “Isso aí mostra que hoje em dia pra eles [alunos], eles podem tudo. Esse negócio dos direitos humanos, esse negócio da menor idade, ajuda pra eles acharem que eles podem tudo”, afirmou a professora. Ela entende que, a partir do momento em que os professores entraram na quadra, a briga deveria ter cessado. “Eles não param, eles continuam e se bobear eles vão pra cima da gente sem medo nenhum de represália. Eles têm o poder. No caso desse menino, não tenho nada contra, nunca me fez nada, sempre me respeitou, mas estou falando no geral”, afirmou a profissional, que diz não ter ficado com raiva do adolescente.

“Talvez, se fosse ao contrário, se eu tivesse empurrado, ele tivesse caído, a repercussão seria outra.”

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Uma professora que trabalha na escola diz que o que mais angustia os docentes é não saber o que fazer em casos assim. “Separar a briga e correr riscos…ou ficar longe e chamar a polícia?”

“Para nós professores nossos alunos são como filhos, não é possível assistir e não intervir”, afirmou a profissional, que disse que Maria é muito querida na unidade de ensino.

A reportagem não conseguiu meio de contato com o aluno ou com sua família.

A Diretoria de Ensino de Americana informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que repudia violência e que o aluno foi suspenso.

Veja a íntegra da nota enviada pelo Estado sobre o caso:

“A Diretoria Regional de Ensino de Americana repudia todo e qualquer ato de violência, principalmente no ambiente escolar. O aluno foi suspenso por cinco dias. Os responsáveis pelo estudante foram acionados, assim como a Ronda Escolar. O Socorro foi chamado para atender a professora e a administração regional está à disposição da docente. O Conselho Escolar vai se reunir nos próximos dias. O caso já foi inserido no Programa Conviva SP, que visa identificar a vulnerabilidade de cada unidade escolar para a implementação do Método de Melhoria de Convivência Escolar (MMCE) para garantir um ambiente harmônico no ambiente escolar.”

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