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Americana

Problema em adutora atingiu o único caminho da água em Americana

Vazamento em adutora ocasionou falta de abastecimento em toda Americana; especialista entende que é normal só haver uma adutora

Por George Aravanis

17 de janeiro de 2020, às 07h55 • Última atualização em 17 de janeiro de 2020, às 12h25

As torneiras ficaram secas em boa parte de Americana desde quarta-feira porque um vazamento ocorreu na única adutora que leva a água captada no Rio Piracicaba até a ETA (Estação de Tratamento de Água), onde é tratada e enviada para a cidade. Na manhã desta sexta-feira, o DAE trabalhava em ajustes de peças.

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Para fazer o reparo, o DAE precisou desligar o bombeamento, e o abastecimento na cidade ficou totalmente parado. Só tinha água na torneira ontem quem manteve alguma sobra na caixa de casa, segundo o diretor geral da autarquia, Carlos Zappia.

O LIBERAL apurou que houve relatos de falta d’água em ao menos 51 bairros nesta quinta.

O fato de não haver um segundo caminho para transportar a água do rio aos tanques do DAE é considerado comum por especialista em recursos hídricos ouvido pela reportagem.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Trabalhadores se revezaram para cortar um pedaço do cano da adutora, perto da junta, com serra elétrica

“Não haveria sentido em haver mais adutoras e mantê-las paradas, com custo operacional extremamente alto”, diz Alexandre Vilella, especialista em recursos hídricos e coordenador de Meio Ambiente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Ele afirma que em municípios como Americana, que têm apenas uma fonte de captação de água (o Rio Piracicaba), é muito comum haver só uma adutora.

Segundo o diretor geral do DAE (Departamento de Água e Esgoto), Carlos Zappia, a chance de ocorrer problema semelhante de novo é “mínima”, mas ele diz que não há nada a ser feito para evitar que se repita.

A adutora atual foi instalada em 2008, e é nova para os padrões desse tipo de material. Foi fabricada com ferro fundido, que segundo o diretor do DAE é uma opção de “excelente qualidade”. Segundo Zappia, nunca houve problemas de rompimento nesta tubulação.

“Nós tivemos um infortúnio? Tivemos. Isso pode acontecer? Em qualquer unidade pode acontecer.”

O diretor diz que instalar uma adutora extra seria economicamente inviável e que, mesmo que houvesse outra, a origem do bombeamento seria a mesma. Por isso, o abastecimento teria de ser parado para o reparo.

Ouça o “Além da Capa”, um podcast do LIBERAL

A água é levada do rio para a ETA num percurso de cerca de 1,5 quilômetro por meio de canos de um metro de diâmetro, sete metros de comprimento e que pesam algo em torno de três toneladas, segundo José Tadeu Cunha, um dos engenheiros do DAE responsáveis pela supervisão do conserto. É o conjunto desses tubos de ferro fundido que ganha o nome de adutora. Os pontos nos quais os canos se encaixam uns nos outros são revestidos por anéis de vedação de borracha.

O que causou o problema atual foi que um desses tubos, no início da Avenida Nicolau João Abdalla, se movimentou por motivo ainda desconhecido e o anel de vedação que o ligava ao cano seguinte rasgou. A água então começou a vazar.

Zappia diz que ainda não é possível arriscar dizer o que fez a tubulação se mexer. “Pode até ser vibração, causada pelo trânsito pesado”, diz o diretor, deixando claro que só uma avaliação detalhada dos técnicos vai esclarecer a causa.

O DAE identificou o problema por volta das 22h30 de terça-feira e começou a trabalhar na madrugada de quarta.

Área restrita

Além de identificar o local exato do vazamento, os funcionários do DAE tiveram um espaço restrito para trabalhar no reparo. Isso porque o buraco que a autarquia abriu no chão para o conserto é um espaço cercado de tubulações de esgoto, gás encanado e de telefonia – que poderiam ser atingidas em caso de algum descuido.

Os trabalhadores se revezavam para cortar um pedaço do cano da adutora, perto da junta, com uma serra elétrica.

O problema é que, além de o tubo ser de ferro fundido, material extremamente resistente, os pontos de apoio em meio a barro e água num espaço apertado são poucos. Em alguns momentos, um funcionário precisava segurar o outro pela camiseta para que o colega conseguisse equilíbrio suficiente para operar a máquina.

Depois, seria instalado um pedaço de 1,25 m de comprimento de cano para substituir o pedaço cortado. No lugar do anel de vedação no local do conserto, seriam instaladas duas juntas mecânicas, mais resistentes, segundo informou Zappia nesta quinta-feira.

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