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CADEIA ALIMENTAR II

Preso em operação, Juninho Barros deixa a Prefeitura de Americana

Secretário de Governo, que foi preso em operação da Polícia Federal, é suspeito de participar de esquema de propina em contratos da merenda escolar

Por George Aravanis

02 de dezembro de 2019, às 17h10 • Última atualização em 02 de dezembro de 2019, às 19h01

O prefeito de Americana, Omar Najar (MDB), disse nesta segunda-feira (2) que o secretário de Governo, Juninho Barros, decidiu pedir exoneração do cargo. Ele foi preso temporariamente, na semana passada, pela Operação Cadeia Alimentar II, que investiga fraude em contratos de compra de merenda.

Foto: Reprodução
Carta de renúncia de Juninho Barros entregue ao prefeito Omar Najar

A informação foi confirmada por volta das 17h desta segunda, durante entrevista de Omar a jornalistas, no gabinete do Paço Municipal. “Ele esteve aqui, conversou. Está procurando provar a inocência dele. Mas falei que desse jeito que está… Chegamos a um comum acordo”, disse o prefeito.

Juninho era um dos principais secretários municipais da gestão de Omar Najar. Ligado ao PV e ao ex-deputado estadual Chico Sardelli (PV), ele estava no governo deste o início da administração, em 2015, e era o responsável, por exemplo, por fazer a articulação política com a câmara.

Outro suspeito de envolvimento com o esquema de corrupção, o secretário de Negócios Jurídicos da prefeitura, Alex Niuri, será mantido no cargo. No sábado, após ser solto, Niuri procurou o prefeito Omar Najar e se disse inocente das suspeitas apontadas pela investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Na tarde desta segunda-feira, o LIBERAL esteve na prefeitura e tentou falar com os envolvidos. À reportagem, Niuri negou ter combinado propina e se disse indignado com a prisão. Ele trabalhava normalmente.

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Já a servidora Luciane Carloni Gomes de Assis, da Unidade de Suprimentos, que também chegou a ser presa, não quis responder às perguntas do jornal. O prefeito também teria uma reunião com ela nesta segunda.

ESQUEMA

Na semana passada, o delegado da Polícia Federal, Bruno Rigotti, coordenador da operação Cadeia Alimentar II, disse ao LIBERAL que um empresário que mantinha contrato com a Prefeitura de Americana pagou entre R$ 130 mil e R$ 150 mil de propina em várias contas bancárias indicadas por Juninho Barros.

Segundo a PF, o desvio de dinheiro da merenda escolar foi negociado dentro da prefeitura em reuniões entre Juninho Barros, Alex Niuri, e José Geraldo Zana, dono de um frigorífico que capitaneou o esquema estadual de corrupção e fechou delação premiada ano passado. Ele entregou à polícia os comprovantes dos depósitos.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal_24.06.2016
Juninho Barros, atuava como lobista de José Geraldo Zana para negociar fraudes em contratos e pagamento de propinas em outras cidades

A PF afirma que Juninho e Niuri foram beneficiados pela propina. Na sexta-feira, os dois tiveram alvarás de soltura expedidos pela Justiça Federal. A polícia investiga ainda se o secretário de Governo como lobista de Zana para negociar fraudes em contratos e pagamento de propinas em outras cidades.

O delegado disse ao LIBERAL que há suspeita de que, além da negociação em Americana, Juninho fosse o contato de Zana em mais quatro ou cinco municípios no esquema de desvio de verbas e corrupção chefiado pelo empresário, dono do frigorífico Mult Beef, em Brodowski.

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A investigação da operação Cadeia Alimentar II, baseada em uma delação premiada de Zana, aponta que o empresário pagava propina a agentes públicos para direcionar licitações em várias cidades. Em troca, pagava de 10% a 14% de propina e, em alguns casos, usava lobistas na situação.

O que a polícia apura era se Juninho seria um desses lobistas. O secretário é um dos homens fortes do governo Omar Najar (MDB). Está na administração desde o primeiro dia de governo.

Rigotti não quis adiantar quais são os indícios de que Juninho fosse o intermediário de Zana porque o assunto ainda está em apuração.

Segundo a polícia, Zana depositou, entre o final de 2016 e o começo de 2017, entre R$ 130 mil e R$ 150 mil em várias contas indicadas pelo secretário de Governo. Niuri teria participado das reuniões para fechar o acordo, diz o delegado.

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Em seu depoimento à PF, o secretário de Governo de Americana afirmou que os depósitos eram referentes a um serviço de consultoria que ele prestava ao empresário no contato com outras prefeituras, de acordo com o delegado.

Porém, o empresário disse à polícia, em delação premiada, que esses depósitos eram para tentar receber valores que a Prefeitura de Americana devia para sua empresa desde a administração anterior.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Prefeito Omar Najar mencionou ‘facada nas costas’ ao comentar as prisões

O delegado afirma que antes do depoimento de Juninho, já havia suspeita de que ele fosse um emissário de Zana na negociação com outras cidades. O advogado de Juninho, Willey Sucasas, disse que vai provar no processo em questão que a suposta atuação de Juninho como lobista não passa de uma “elucubração da polícia”.

Na semana passada, o prefeito Omar Najar disse que a revelação é uma “facada nas costas”, mas, até então, aguardava para decidir se manteria ou exoneraria os secretários.

AÇÃO

No ano passado, o LIBERAL revelou que Juninho Barros usava a estrutura da Prefeitura de Americana para cuidar de um galinheiro ao lado de sua casa, no Werner Plaas, em Americana. O caso levou o Ministério Público a ingressar com uma ação de improbidade administrativa contra ele. Juninho nega ter cometido irregularidade. A ação ainda está tramitando.

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