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POLÍCIA

Prefeitura de Americana diz que vai autuar The Farm

Casa noturna teve confusão que terminou em morte na madrugada do domingo; estabelecimento funcionava em horário não permitido

Por Leonardo Oliveira

07 de dezembro de 2020, às 21h10 • Última atualização em 07 de dezembro de 2020, às 21h23

A Prefeitura de Americana informou nesta segunda-feira (7) que irá autuar a casa noturna The Farm, onde uma confusão envolvendo um policial militar de folga terminou em morte na madrugada deste domingo (6).

A confusão foi registrada durante a madrugada, fora do horário permitido para estabelecimentos do tipo funcionarem. A fase amarela do Plano São Paulo autoriza que bares e restaurantes fiquem abertos até às 22 horas.

Sem detalhar, a prefeitura informou que a Vigilância Sanitária “já tem pronta a autuação ao estabelecimento, pelo descumprimento à legislação que trata do controle da pandemia no município”.

A nota da prefeitura, entretanto, diz que o proprietário não foi localizado para tomar ciência da autuação nesta segunda-feira.

A reportagem do LIBERAL questionou o The Farm sobre a autuação e a resposta do jurídico foi de que o local atende a todas as determinações legais para funcionar e que todas as demais informações do caso serão prestadas à autoridade competente.

O caso

O motoboy Rodrigo Borges, de 40 anos, faleceu na madrugada deste domingo, após ser baleado por um policial militar que estava de folga na casa noturna The Farm, em Americana.

A defesa do agente alegou que ele agiu em legítima defesa e que foi agredido antes dos disparos.

Segundo relatos da defesa e de outras testemunhas ouvidas na delegacia, o policial estava de folga e foi até o bar – lá, foi permitido que ele entrasse com uma arma. Durante a festa, ele chegou a se envolver em uma confusão com outro homem, mas o episódio foi resolvido.

Depois, quando estava na área de fumantes, Rodrigo teria entrado ameaçando o agente, segundo o advogado Paulo Vinícius Guimarães, responsável pela defesa do policial militar.

“Meu cliente falou que nunca tinha visto ele, nunca tinha ouvido falar. Pelos depoimentos que constam esse Rodrigo descobriu que meu cliente era policial, foi quando ele forçou a entrada para ir no fumódromo”, relata.

Ainda de acordo com o advogado, o policial foi agredido e ficou “deformado”, por isso teria usado a arma para se defender.

Em depoimento à Polícia Civil, o PM afirmou que o motoboy conseguiu segurar sua mão e que, para não ter a arma roubada, fez os disparos, que acertaram Rodrigo.

O LIBERAL tentou ouvir a versão de familiares de Rodrigo sobre o episódio. Uma irmã dele aceitou conversar com a reportagem durante a tarde desta segunda-feira e pediu 20 minutos para se preparar para a entrevista.

A reportagem voltou a ligar, mas as chamadas não foram mais atendidas e não houve resposta para as mensagens enviadas via WhatsApp.

A ocorrência foi atendida pela Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, que chegou a reanimar a vítima ainda no local e a encaminhou para o Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, onde não resistiu aos ferimentos e morreu.

No domingo, a casa noturna divulgou uma nota nas redes sociais, afirmando que nenhum dos funcionários tinha envolvimento com os fatos e que disponibilizou ao policial um cofre para que ele guardasse a arma, mas ele teria optado por continuar armado no estabelecimento.

O advogado do agente diz que isso não aconteceu. “Para ele não houve essa oferta. Nenhum dos que frequentam esse ambiente tem essa disponibilidade de cofre e é de praxe aceitar a entrada de policial militar armado”, comentou.

As câmeras de segurança do The Farm não mostram o momento em que há os disparos, mas registram Rodrigo passando pela segurança do local e indo em direção do policial, gesticulando em direção a ele, segundo informações do boletim de ocorrência.

Ao LIBERAL, a PM informou que, como os fatos foram registrados durante a folga do policial, o envolvimento dele será apurado exclusivamente pela Polícia Civil em um primeiro momento.

“Se durante a instrução do Inquérito houver a decretação de prisão temporária ou preventiva do policial, o comandante determinará o acompanhamento da situação, sendo que, se houver o posterior recebimento de denúncia relativa aos fatos, então a Instituição deverá instaurar processo administrativo disciplinar”, diz a nota.

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