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Boas Histórias

Portador de síndrome, Fabinho sobreviveu com ajuda da população de Americana

Fabio Rodrigues da Silva foi diagnosticado em 1991 com a síndrome de Guillain-Barré, aos 12 anos, e corria risco de morte

Por Rodrigo Alonso

02 de janeiro de 2021, às 08h21 • Última atualização em 02 de janeiro de 2021, às 09h33

Trinta anos se passaram desde que Fabio Rodrigues da Silva, o Fabinho, foi diagnosticado com síndrome de Guillain-Barré, distúrbio que ataca o sistema nervoso. À época, ele corria risco de morte, mas se recuperou com o apoio da população americanense. Hoje, aquele menino, que agora está com 42 anos, só tem a agradecer.

“Nunca mais tive um pulmão tão forte para correr, para jogar futebol. Acho que perdi bastante na parte física. Mas, para uma pessoa igual a mim, que tinha 5% de chances de sobreviver, segundo os médicos na época, hoje estou 99,9% e não posso reclamar de nada”, diz.

Todo o drama começou em janeiro de 1991. Fabinho teve o corpo paralisado, precisou ser intubado por falta de oxigênio e passou por uma traqueostomia. Ele também chegou a sofrer uma parada cardíaca e, no auge da doença, pesava 19 kg.

“Foi um ano todo de fisioterapia, recuperação lenta. Eu, literalmente, aprendi a andar novamente”, conta.

Para bancar o tratamento, a família contou com a ajuda da população de Americana, por meio da campanha SOS Fabinho. Foram realizadas diversas ações beneficentes, como bingo, leilão e pedágios, tudo em prol daquele jovem de apenas 12 anos.

Reportagem do LIBERAL publicada em janeiro de 1991, sobre o apelo pela ajuda ao garoto – Foto: Reprodução

As contribuições, inclusive, tomaram conta das páginas do LIBERAL. “O LIBERAL tem um papel muito importante, fundamental, porque o LIBERAL começou a divulgar essa campanha do SOS Fabinho”, aponta.

Trinta anos depois, ele trabalha como gerente comercial e vive no bairro Chácara Machadinho, junto da esposa Aline Zandoná e de suas três filhas: Luana, de 21 anos, Pietra, 14, e Alícia, 8.

Fabinho recebeu a reportagem do LIBERAL no início mês passado. Ele estava acompanhado da mãe, Maria Cleuza Rodrigues da Silva, do pai, Adizio Aparecido da Silva, e do avô Benedito Rosa da Silva.

Em 1991, os pais de Fabinho precisaram deixar o emprego para cuidar do filho, que ficou internado em diferentes hospitais, inclusive no Albert Einstein, em São Paulo. Maria Cleuza era chefe de sala de pano em tecelagem, enquanto Adizio trabalhava como vendedor de pneu.

“Meus pais nem pensaram e deram a vida deles pela minha. Se hoje estou aqui, grande parte devo a eles. Hoje, com três filhas, penso que talvez faria o mesmo por elas”, agradece o gerente comercial.

Adizio destaca que todo aquele sacrifício valeu a pena, até porque seu filho se recuperou e, atualmente, leva uma vida saudável.

O menino Fabio, após a cirurgia que realizou, em foto publicada em edição do LIBERAL – Foto: Reprodução

“Eu o levava todo dia para a escola, carregado, na cadeira de rodas e depois, à tarde, para a fisioterapia. Ele foi bem aplicado e, graças a Deus, deu no que deu. No outro ano, já estava jogando futebol de novo”, conta.

Antes de atravessar esses problemas, Fabinho jogava futebol nas categorias de base do Rio Branco. O presidente do clube na época era o hoje prefeito Chico Sardelli (PV), que contribuiu com a recuperação do menino ao intermediar sua internação no Albert Einstein e organizar ações beneficentes.

“Fiz o que estava ao meu alcance”, ressalta Chico, que comemorou os frutos colhidos daquela campanha. “É uma sensação de poder auxiliar o próximo, de poder ajudar o Fabinho naquele momento tão difícil da vida dele. E eu me lembro muito bem do desespero de sua família, de seu pai. É uma coisa que emociona mesmo”.

CUSTOS
Segundo Fabinho, o custo do tratamento, convertido para a realidade atual, girou em torno de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões. “Se ele [seu pai] vendesse a casa dele, ele pagaria só 10% do tratamento”, compara.

As despesas, de acordo com o gerente comercial, foram custeadas com o dinheiro arrecadado nas ações beneficentes. Quando saiu do hospital, ele recebeu visitas de pessoas que ajudaram na campanha, inclusive de desconhecidos.

“Quando eu cheguei em casa, as pessoas queriam me ver, queriam me tocar, queriam me ajudar de alguma forma. E eu não entendia até então o tamanho, a dimensão que era essa campanha, que foi”, lembra Fabinho, que distribui agradecimentos.

“Gostaria de agradecer a Deus em primeiro lugar sempre; depois aos meus queridos pais, aos quais nunca conseguirei expressar meu amor e minha eterna gratidão; a todos os meus familiares, a todos os amigos e amigos dos familiares; e em especial a toda população de Americana e região, que ajudou com boa intenção naquele 1991”.

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