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Americana

Populosos, Cidade Jardim e Zanaga são bairros com mais mortes pela Covid-19

Levantamento exclusivo do LIBERAL em Americana mostra 77 mortes nas duas áreas, que têm perfil de vítimas diferente

Por Ana Carolina Leal / João Colosalle

09 de maio de 2021, às 08h12 • Última atualização em 09 de maio de 2021, às 08h13

Rua das Rosas, uma das mais movimentadas da Cidade Jardim - Foto: Marcelo Rocha - O Liberal.JPG

Os bairros Cidade Jardim e Antônio Zanaga têm o maior número de mortes pela Covid-19, mostra um levantamento exclusivo do LIBERAL em dados da Prefeitura de Americana. Até a última sexta-feira, eram 42 óbitos no primeiro e 35 no segundo. A quantidade de ambos é o dobro do Parque da Liberdade, terceiro bairro com mais casos fatais da doença causada pelo novo coronavírus.

A análise do LIBERAL considera os detalhes sobre as notificações da Covid-19 divulgadas pela prefeitura diariamente. Até esta sexta, o boletim mais recente trazia 509 mortes confirmadas. O número teve um avanço considerável entre os meses de março e abril, quando, assim como no resto do País, o vírus passou a infectar mais pessoas, sobrecarregando os sistemas de saúde e provocando mais mortes.

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Nos dois meses, Americana registrou um total de 208 óbitos, um número que, na primeira onda da pandemia, entre março e dezembro do ano passado, a cidade levou nove meses para alcançar.

Hoje, a Covid-19 já matou moradores de ao menos 103 bairros do município. Assim como o LIBERAL mostrou em novembro, em relação à incidência dos casos por áreas da cidade, os óbitos se dão em maior número em regiões densas, onde vivem muitos habitantes.

É o caso da Cidade Jardim e do Zanaga. Apesar de distantes entre si, ambos são dois dos bairros mais populosos de Americana, onde vive a população de classe baixa e média, em sua maior parte.

Membro do Comitê de Crise da prefeitura e médico da rede particular da cidade, o infectologista Arnaldo Gouveia Junior diz que, além de serem mais populosos, ambos são bairros antigos, portanto, com uma população mais idosa. “Isso pode ter impactado também”, considera.

Na Cidade Jardim, segundo as informações da prefeitura, os dois primeiros óbitos pela Covid-19 ocorreram em julho, no primeiro pico da pandemia. Foram de um homem de 59 anos e outro de 88, ambos com doenças crônicas.

Entre julho e dezembro, o bairro havia registrado 20 mortes pela doença, estatística que dobrou entre janeiro e abril deste ano, chegando a 42. Nenhum morador com menos de 50 anos foi vítima da doença no bairro, segundo a prefeitura.

O Zanaga teve evolução semelhante. Depois de registrar as primeiras vítimas fatais da doença em julho – foram quatro –, o bairro viu os casos dobrarem na segunda onda da pandemia, a partir de janeiro. Das 35 mortes, sete foram de pessoas com menos de 50 anos, o que fez com que a média de idade das vítimas fatais, de 64 anos, fosse seis anos menor do que na Cidade Jardim.

O perfil das internações também contrasta entre os dois bairros. Enquanto no Zanaga, das 35 vítimas, 29 morreram em hospitais públicos, na Cidade Jardim, foram 28 entre as 42.

Para os moradores que residem no Cidade Jardim, a alta no número de mortes é resultado do tamanho do bairro e do desrespeito às medidas sanitárias. “O bairro é grande, muita gente não usa máscara, acha que não pega”, afirma o motorista José Edelto Laguilo, de 64 anos.

Perfil das vítimas – Foto:

Morador do bairro há 40 anos, José disse que a mulher, o filho e a nora dele pegaram Covid-19 no mês passado. “Minha esposa ficou dois dias internada, mas se recuperou. Todos estão em casa. No próximo dia 15, vou tomar a segunda dose da vacina, e a máscara só tiro do rosto quando chego em casa”.

Já a operadora de caixa Maria do Carmo Moreira, de 43 anos, aguarda ansiosa pela vacina. “Assim que chegar na minha faixa etária vou tomar”, diz. Para ela, o aumento de casos no bairro é consequência da falta de cuidados por parte das pessoas.

“Acho que o pessoal não liga muito, não acredita. Aqui [Cidade Jardim] tem um estabelecimento que lota de jovens sem máscara, então acredito que em alguns lugares existem foco porque as pessoas não se cuidam adequadamente”.

Bairros – Foto:

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