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B&G Cred

Polícia planejava prender empresário apontado como líder de esquema de pirâmide em Americana

Plano era prender dono do B&G Cred, Eduardo Bercelli, e o diretor financeiro na unidade da empresa na Avenida Brasil; dupla foi detida em São Paulo nesta quinta

Por Maria Eduarda Gazzetta

12 de novembro de 2021, às 08h50 • Última atualização em 12 de novembro de 2021, às 17h21

Apontado como líder de um esquema de pirâmide por meio de um grupo de financeiras, a prisão do empresário Eduardo Bercelli, de 26 anos, era planejada para acontecer na unidade da empresa B&G Cred na Avenida Brasil, em Americana.

De acordo com o delegado da Polícia Federal Jackson Gonçalves, que comandou a operação deflagrada ontem, Eduardo Bercelli e um diretor financeiro da B&G Cred estariam em Americana para fechar um negócio. No entanto, os dois foram detidos em São Paulo, nesta quinta-feira (11), pela Polícia Federal.

“Os dois alvos principais deveriam estar em Santa Fé, mas se deslocaram para Americana. Então aconteceu de fazermos o acompanhamento deles, por meio de vigilância, mas eles saíram de Americana às 21h e foram para São Paulo. Descobrimos isso e uma equipe ficou de vigilância até o nosso grupo sair de Americana e ir para São Paulo, onde os prenderam”, disse o delegado.

Dono de empresa de serviço de crédito, que tem filial na Avenida Brasil, foi preso – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

Além de Bercelli e do diretor financeiro, outras duas pessoas foram presas pela Polícia Federal nesta quinta-feira: a ex-esposa do empresário, presa em Santana do Parnaíba, e a diretora financeira do grupo, presa em Santa Clara d’Oeste. Eles são suspeitos de promoverem um esquema de pirâmide financeira, por meio de um grupo de financeiras que movimentou R$ 100 milhões em quatro anos.

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A operação batizada de Ponzi – em alusão a uma ação fraudulenta – contou com apoio da Polícia Civil e Ministério Público Estadual de Santa Fé do Sul. Ao todo, quatro mandados de prisão e 23 mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Estadual de Santa Fé do Sul, e cumpridos em Americana, Santa Fé do Sul, Santa Clara d’Oeste, Votuporanga, Bebedouro, Araçatuba, Casa Branca, Santana de Parnaíba e São Paulo.

Na unidade da Avenida Brasil, o delegado contou que foram apreendidos documentos e, nos quartos do hotel onde a dupla estava hospedada, também em Americana, foram apreendidos R$ 6 mil, dois notebooks e celulares.

Além da documentação apreendida em Americana, a equipe também localizou uma mansão, chácaras e um terreno às margens do Rio Paraná. A Polícia Federal apreendeu vários carros de luxo e uma aeronave. Três embarcações de grande porte também foram apreendidas com o apoio de equipes da Polícia Militar Ambiental de Fernandópolis.  

A equipe de reportagem tentou contato telefônico com a filial, mas sem sucesso. A equipe, então, foi até a unidade de Americana, mas não encontrou ninguém no local. Nenhum advogado foi localizado para comentar sobre as prisões.

Como funcionava o esquema da B&G Cred

Durante as investigações, a Polícia Federal apurou que em apenas dois anos, o empresário abriu dezenas de empresas e filiais em várias cidades do interior paulista, tendo como fachada a oferta de serviços de créditos de bancos diversos, mas na verdade, toda a estrutura era voltada para convencer poupadores a entregarem suas economias em troca de altas taxas de juros remuneratórios que chegavam até 6% ao mês, que eram pagos com recursos de novos investidores, caracterizando um esquema de “Pirâmide Financeira”.

“Ele [o empresário] cometeu um crime de estelionato praticado em escalas. Isso consiste na captação de recursos dos investidores, a troco dele pagar uma promessa de juros alta, que nem os bancos pagam. Para conseguir isso, ele fazia uma propaganda massiva nas mídias sociais e outros investimentos em outras áreas, contando com a imprensa que dava mais exposição. Quanto mais exposição na mídia e ostentação, tinha mais credibilidade junto os investidores, para captar cada vez mais. Ele captava mais e mais empresas para conseguir ainda mais recursos e o ciclo ia rodando e fechava”, explicou o delegado sobre como o crime era aplicado.

Jackson orientou que as vítimas deste grande esquema devem procurar o Ministério Público para poder, eventualmente, ser ressarcidas.

O delegado explicou que agora será o momento de examinar todo o material. “Depois de analisar o material, vamos entregar para o delegado da Polícia Civil, que vai prosseguir nas análises e o Ministério Público provavelmente vai denunciar”, disse.

Os presos, então, serão indiciados, na medida de suas culpabilidades, nos crimes contra o sistema financeiro nacional, falsidade ideológica, estelionato, crime contra a economia popular e organização criminosa, com as penas máximas somadas de até 24 anos de reclusão.

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