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Estelionato

Polícia alerta para aumento de golpes de venda de veículos pela internet

Criminoso se envolve nas negociações e engana proprietário e interessado; polícia registra um caso por dia

Por Ana Carolina Leal

12 de setembro de 2021, às 08h21

O aumento no número de casos em Americana e região de uma modalidade específica de estelionato tem chamado a atenção da Polícia Civil. Trata-se de um golpe de compra e venda de veículos pela internet. Nele, o criminoso se envolve na negociação e engana o proprietário e o interessado.

Delegado Claudiney Albino Xavier chama atenção para aumento de casos de estelionato na internet – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

De acordo com Claudiney Albino Xavier, delegado assistente na Seccional de Americana, todo dia é registrado pelo menos um caso na delegacia, que contempla além do município, as cidades de Arthur Nogueira, Cosmópolis, Hortolândia, Engenheiro Coelho, Monte Mor, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré.

“O negócio é tão bem feito que muitas vezes a pessoa usa até o cartório para reconhecimento de firma”, disse.

Nesta modalidade, o golpista clona um anúncio, normalmente publicado em sites de venda e posta um novo no site da OLX, mas com um valor mais atrativo, um pouco abaixo do comercializado pela tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e com o número de whatsapp, como se ele estivesse vendendo o veículo.

O comprador, interessado pelo preço, entra em contato com o estelionatário, que age como um intermediário com o vendedor. A cada um deles (proprietário do veículo e interessado), o golpista afirma que o outro tem uma dívida com ele e os convence de não conversarem sobre valores quando for feita a visita para ver o veículo. E chega a dizer ser cunhado do verdadeiro vendedor.

Assim que o negócio é fechado, o intermediador informa ao comprador a conta bancária para depósito, insistindo que a transação seja feita rapidamente. O que ocorre geralmente é que o dinheiro cai na conta e somente aí o golpe é descoberto, pois o comprador verifica que o depósito não foi realizado em nome do verdadeiro dono.

Também respondendo pelo 1ºDP (Distrito Policial) de Americana, Claudiney afirmou em entrevista ao LIBERAL que os golpes cometidos por meio de anúncios na OLX envolvem valores consideráveis, acima de R$ 50 mil. “Uma coisa que me chama muita atenção é que o comprador transfere o dinheiro para uma terceira pessoa que não estava no negócio”.

Uma maneira de não cair no golpe, segundo o delegado, é conhecer a pessoa que está vendendo o veículo, sem usar intermediários. “O golpista sempre usa aquelas desculpas que está vendendo para o cunhado ou tem uma dívida para pagar a um ex-funcionário”, alertou.

Uma vez caído no golpe, ambas as vítimas (dono do carro e interessado) devem procurar a delegacia para registrar a ocorrência. “Algumas soluções jurídicas têm sido encontradas para amenizar o prejuízo das vítimas, contudo, a mais sensata, é a divisão do prejuízo entre comprador e vendedor”, afirmou Claudiney.

Segundo o delegado, caso a polícia consiga rastrear o estelionatário e resgatar o dinheiro futuramente, a quantia é devidamente restituída à pessoa que pagou. Tendo ocorrido um acordo entre as vítimas, cada um devolverá ao outro a parte que pagou, de modo que ninguém terá prejuízo.

Em nota, a OLX informou que está sempre à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e destaca que segurança é uma prioridade.

“A plataforma investe constantemente em tecnologia e serviços de orientação ao usuário, com indicação das melhores práticas de negociação, incluindo a recomendação de evitar intermediários, checar a documentação do veículo e confirmar os dados da conta de depósito com o proprietário do veículo”, explicou.

Caso o usuário perceba que nossas políticas estão sendo infringidas, contamos também com a sua denúncia para investigar anúncios irregulares e removê-los. Confira mais dicas para negociação em: https://www.olx.com.br/seguranca/

Como funciona o golpe

1 – A pessoa interessada em vender um veículo posta o anúncio online em sites especializados de revenda, normalmente, diferentes da OLX.

2 – O criminoso encontra este anúncio, se apodera das fotos e posta um novo anúncio, só que no site da OLX. Neste novo anúncio, o veículo é ofertado por um valor mais atrativo, um pouco abaixo da tabela Fipe, e com um número de whatsapp para contato.

3 – O comprador, atraído pelo preço, entra em contato pelo whatsapp para maiores informações. O criminoso, extremamente atencioso, com fala bem articulada, esclarece todas as dúvidas. Por fim, diz que está vendendo o carro para o cunhado em troca de uma comissão pela venda.

4 – À medida que a negociação avança, o comprador demonstra interesse em conhecer o veículo, solicitando uma vistoria presencial para que possa ser concretizada a compra caso goste do carro. O criminoso diz que irá agendar a visita com o cunhado (o verdadeiro dono do veículo). Informa também que, no momento da vistoria, caso decida ficar com o veículo, faça um depósito bancário nas contas passadas por ele – são contas de terceiros (laranjas), portanto, que não estão no nome do verdadeiro dono do carro.

5 – Para agendar a visita, o golpista estabelece um primeiro contato com o vendedor pelo whatsapp (nunca presencialmente) e, munido de documentos furtados ou falsos, se apresenta como advogado ou empresário ou qualquer outra profissão que passe credibilidade. Nos casos mais recentes registrados na delegacia, o golpista se apresenta ao vendedor como empresário e diz ter interesse no carro. Que precisa fazer um acerto trabalhista com um ex-funcionário e este tem interesse em conhecer o veículo pessoalmente e caso goste, ele (golpista) comprará o carro como forma de pagamento. O ex-funcionário, na verdade, é o comprador, que quer vistoriar o veículo.

6 – Para não ocorrer nenhuma suspeita por parte do comprador, o golpista solicita que, no momento da vistoria, ele não comente nada com o vendedor sobre o valor que pagará pelo veículo, bem como o fato dele ser cunhado do estelionatário. Ele faz o mesmo com o vendedor, pede que não trate de valores com o ex-funcionário (comprador).

7 – Neste momento do golpe, o comprador está indo vistoriar o veículo achando que a pessoa que está com o carro (vendedor) é cunhada da pessoa que está lhe vendendo (golpista). Por outro lado, o vendedor está achando que quem está indo vistoriar o carro é um ex-funcionário da pessoa que irá comprar o veículo dele.

8 – Caso o comprador decida ficar com o veículo, ele imediatamente avisa ao golpista pelo whatsapp que fará a compra, fazendo a transferência ali mesmo, pelo telefone celular, para a conta bancária fornecida anteriormente pelo criminoso.

9 – O golpista imediatamente entra em contato com o vendedor e diz que seu ex-funcionário gostou do carro e pede para aguardar 30 minutos que ele fará o pagamento/depósito.

10 – O golpista deposita um envelope vazio na conta do vendedor e envia o comprovante. Essas transações costumam ocorrer estrategicamente nas sextas-feiras e no fim de expediente do banco. Neste momento, podem acontecer duas situações: o vendedor, com muita boa-fé já entrega o veículo ao comprador ou aguarda para ver se o depósito foi compensado. Neste momento, o golpista bloqueia comprador e vendedor no whatsapp e desaparece.

Fonte – Claudiney Albino Xavier, delegado assistente da Seccional de Americana

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