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Polícia Federal

PF prende em Americana suspeito de ser ligado ao tráfico internacional de drogas

Aeroporto de Viracopos, em Campinas, era a principal base do grupo criminoso; cada aliciado ganhava R$ 50 mil para ajudar no transporte da droga

Por Leonardo Oliveira

06 de outubro de 2020, às 12h09 • Última atualização em 06 de outubro de 2020, às 13h03

A Operação Overload, deflagrada na manhã desta terça-feira (6) para combater o tráfico internacional de drogas, teve um preso em Americana suspeito de ser ligado a uma organização criminosa que transporta os entorpecentes para o exterior. Os dados do detido não foram informados pela corporação.

Aeroporto de Viracopos ocupa o centro da investigação da PF – Foto: Polícia Federal/Divulgação

A principal base do grupo criminoso é o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. Buscas foram realizadas em 44 endereços diferentes, incluindo as cidades de Americana, Campinas e Monte Mor. Foram 26 alvos na região de Campinas – dois deles morreram em confronto com a polícia. O restante acabou preso.

As informações foram reveladas em uma coletiva de imprensa na sede da Polícia Federal, em Campinas. Foram bloqueados bens e imóveis dos investigados avaliados em R$ 7 milhões. Em uma das casas os agentes encontraram R$ 180 mil em dinheiro.

O LIBERAL perguntou para a Polícia Federal em qual bairro aconteceu a prisão em Americana e qual o envolvimento do investigado no esquema, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

A organização criminosa, composta por brasileiros, transportava drogas para o exterior em voos que partiam do Aeroporto Internacional de Viracopos. Para isso, aliciavam funcionários de diversos setores do local.

Eram contratados vigilantes, operadores de tratores, coordenadores de tráfego, motoristas de viaturas, auxiliares de rampas, operadores de equipamentos e funcionários de empresas fornecedoras de refeições a tripulantes e passageiros. Eles eram os responsáveis pelo embarque da droga nas aeronaves que iam para o exterior.

Em cada transbordo da carga, seis funcionários eram necessários. Cada um deles recebia R$ 50 mil a cada oportunidade em que eram acionados – para isso, bastava facilitar a inserção das drogas no terminal de passageiros e de carga. O custo operacional de cada “exportação” da droga era R$ 300 mil.

O Aeroporto de Americana não foi um dos alvos dessa operação, segundo a PF. Um dos mortos em confronto com agentes já tinha antecedentes criminais por um caso de homicídio e por roubo. O outro era proprietário de uma distribuidora de água em Campinas que usava o estabelecimento para lavagem de dinheiro.

Os locais onde os óbitos ocorreram não foram revelados. Nos dois casos, a Polícia Federal instaurou inquéritos policiais para apurar as circunstâncias. Também foi descartado o envolvimento das companhias aéreas no esquema. Um policial militar e um policial civil também estavam entre os cooptados e foram presos.

As investigações começaram em fevereiro de 2019, quando foram apreendidos 58 kg de cocaína na área de segurança do Aeroporto Internacional de Viracopos – essa droga iria para a Europa. A partir disso, a corporação mapeou a atuação de toda a organização criminosa, identificando as lideranças.

A organização criminosa também tinha um esquema para lavar o dinheiro ganho com o tráfico, através da compra de imóveis, veículos, movimentações bancárias em nomes de terceiros e empresas no exterior – tudo isso dificultou o rastreamento dos valores.

Foram apreendidos 249 kg de cocaína desde o início das investigações. Os bens imóveis, veículos, contas bancárias e empresas já identificados como pertencentes à organização criminosa estão sendo bloqueados e apreendidos nesta data.

Ao todo, mais de 200 policiais federais, 80 policiais militares e 6 policiais civis participam da ação. As investigações contaram com a cooperação entre instituições e órgãos públicos (Secretaria da Receita Federal do Brasil, PRF, Polícia Militar do Estado de São Paulo).

As prisões dos policiais contaram com a cooperação da Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo e do Departamento de Polícia Judiciária São Paulo Interior em Campinas.

O nome da operação, “Overload”, vem do termo inglês empregado para excesso de carga ou carga excessiva, com alusão à droga ilícita inserida clandestinamente nos aviões em meio a carga regular.

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