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Americana

Perícia aponta problemas em obras de 2010 na Estrada Municipal Ivo Macris

Avaliação elenca falta de estudos prévios, de projetos, de fiscalização de tráfego e de zeladoria em estrada municipal

Por João Colosalle

28 de novembro de 2021, às 09h00

Uma perícia determinada pela Justiça apontou que as condições ruins da Estrada Municipal Ivo Macris, que liga Americana a Cosmópolis e Paulínia, estão relacionadas a falta de estudos prévios, falhas de projeto e ausência de fiscalização de tráfego e de zeladoria da via.

A análise é parte de uma ação movida pela Prefeitura de Americana contra o DER (Departamento de Estradas de Rodagem). O governo critica a qualidade das obras de recuperação da estrada ocorridas em 2010, sob a responsabilidade do órgão estadual. A partir de dezembro, a via será recuperada em um novo programa do Estado, conforme o LIBERAL mostrou neste sábado.

Estrada é alvo de reclamação por conta dos buracos e outros problemas – Foto: Claudeci Junior / O Liberal

A perícia foi apresentada no último dia 16 e considera vistorias de campo feitas em 19 de junho e 12 de julho de 2020 e entre os dias 24 e 26 de janeiro deste ano. Foram avaliados cerca de 15 quilômetros da estrada, onde foram encontrados problemas como a existência de trincas, buracos e afundamentos.

“Tais defeitos são originários de falhas de projetos e execução dos serviços, incluindo deficiências no sistema de drenagem da rodovia, e efeitos gerados pela ação do tráfego não previsto de veículos pesados com o pavimento”, conclui trecho da perícia.

A questão do tráfego é uma das principais situações apontadas na análise. A perícia aponta que não foi identificado nenhum estudo que demonstrasse o perfil do trânsito no local. A estrada é bastante utilizada por caminhões, mas tem tráfego de veículos acima de três eixos proibido. Nas proximidades, há a presença de usinas.

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A avaliação critica ainda o fato de a construtora contratada na época ter executado a obra sem projetos executivos necessários – tal situação teria contribuído para os problemas. E também reforça a responsabilidade da prefeitura nas condições da via: faltou fiscalização do tráfego de veículos não permitidos e a zeladoria da estrada, como a limpeza de vegetação às margens da pista.

Apesar dos apontamentos, a perícia diz que a obra não foi executada com especificações inferiores às contratadas. “Porém, não há como afirmar que as especificações contratadas estavam em conformidade com as necessidades da rodovia”. O documento apresentado à Justiça também diz que, apesar dos problemas, o pavimento tem capacidade de aguentar tráfego de veículos maiores.

HISTÓRICO
Em 2019, a gestão do ex-prefeito Omar Najar ingressou na Justiça para buscar provas que apontassem se as obras ocorridas na estrada, em 2010, foram mal executadas. Na época, o departamento contratou a Construtora Estrutural para recuperar a via, sem participação da prefeitura. Pouco tempo depois, no entanto, as condições da estrada já apresentavam problemas.

Em 2017, a prefeitura chegou a terceirizar uma sondagem do pavimento da Ivo Macris, para verificar aspectos como a espessura. Foi apontado, dentre outras coisas, que não havia base de agregados, que ajudam a dar resistência ao asfalto.

Na época, a análise contratada pelo governo concluiu que o “perfil do pavimento executado não condiz com as necessidades da rodovia”.

OUTRO LADO
Em nota, a Prefeitura de Americana informou que a fiscalização na estrada é feita por radares fotográficos, que autuam veículos que não têm permissão para trafegar na via. Os aparelhos foram instalados em maio do ano passado.

“Em 2021 foram 83 veículos autuados. Vale destacar que não estão passíveis de infrações os veículos de moradores da região, de usinas, e os veículos de transporte de resíduos sólidos”, afirmou a prefeitura.

O Estado informou, por meio da Procuradoria-Geral, que não foi notificado sobre a perícia. O LIBERAL não teve retorno da Estrutural.

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