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Americana

Pandemia e descrença na política levaram à abstenção recorde em Americana

Avaliação é de lideranças políticas da cidade; ao todo, 46.580 eleitores se abstiveram de votar, superando a votação do prefeito eleito Chico Sardelli

Por Leonardo Oliveira

17 de novembro de 2020, às 08h47 • Última atualização em 17 de novembro de 2020, às 09h54

O número de eleitores que não compareceram às urnas em Americana nas eleições deste ano foi o maior dos últimos quatro pleitos. Ao todo, 46.580 eleitores se abstiveram de votar, superando, inclusive, a votação de Chico Sardelli (PV), eleito prefeito com 40.014 votos.

Houve uma abstenção de 26,5% em 2020, superando os 18,7% registrados em 2016, os 15,4% contabilizados em 2012 e os 13,3% em 2008. Para líderes partidários ouvidos pelo LIBERAL, esse crescimento da “evasão” dos eleitores na cidade é explicado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e por um descrédito com a classe política.

Chico Sardelli e Odir Demarchi: número de eleitores que não compareceu para votar foi maior que a votação do prefeito eleito – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

“Eu acompanhei, rodei todas as escolas. A gente viu bastante gente com medo dessa pandemia. Ainda mais, no último minuto da campanha, foi soltado um material amedrontando esse pessoal que já estava em dúvida”, disse o presidente do Podemos em Americana, Ricardo Hetzl.

Ele afirma que “muita gente” recebeu, antes da eleição, disparos via WhatsApp, com mensagens pedindo para que os eleitores não votassem, ou de que os idosos só poderiam ir às urnas entre 7 e 10 horas, mas atribui a abstenção ao “jogo sujo” e a “baixaria” que marcaram essas eleições. “Isso tudo está fazendo com que a pessoa fique desmotivada a votar”, declarou.

Para o vereador Gualter Amado, que também é presidente do Republicanos na cidade, a alta abstenção aconteceu pelo desânimo da população com a política e pela facilidade de justificar o voto pelo aplicativo.

“Tem gente que não quer nem parar para conversar, não quer nem perder tempo. Até mesmo quando nós ficamos um tempo nos semáforos, tinham pessoas que fechavam o vidro quando viam que era político. A população está muito desacreditada e não tem o que fazer. É o político de hoje que fez com que isso acontecesse”, pontuou.

O presidente do Avante, José Odécio de Camargo, acredita que o fator mais importante para a abstenção tenha sido mesmo a pandemia. Ele defende que a população de Americana gosta, lê e entende de política, por isso a pandemia serviria para explicar os números.

“As pessoas, principalmente Americana, que é uma cidade que já teve cinco deputados, é uma cidade politizada. A gente já sabia que ia ter essa abstenção. O motivo lógico é a pandemia. As pessoas mais idosas, que gostavam de votar pela festa eleitoral, optaram por não fazer”, afirmou.

Opinião semelhante tem o presidente do PL, Franco Sardelli. “No sábado, a gente apreendeu um material irregular do pessoal entregando nos bairros, falando que pessoas acima de 60 anos não eram obrigadas a votar por conta da pandemia”, disse, atribuindo também as fake news divulgadas.

Falta de identificação com os candidatos e o excesso de concorrentes foram motivos apontados pelo presidente do DEM, Oswaldo Nogueira. “Nós tivemos aproximadamente 500 candidatos, visitando casas, locais de trabalho, então ele [eleitor] foi muito assediado”.

*Colaborou Natália Velosa

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