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Escândalo na igreja

Padre Leandro será julgado em junho de 2021

Justiça de Araras marcou audiência de instrução e julgamento para os dias 8, 9 e 10 de junho do ano que vem

Por Leonardo Oliveira

27 de dezembro de 2020, às 09h09 • Última atualização em 08 de junho de 2021, às 10h18

O padre Pedro Leandro Ricardo, demitido da igreja em março de 2022 - Foto: Arquivo_O Liberal

A Justiça de Araras, marcou para junho do ano que vem, a audiência de instrução e julgamento do Padre Pedro Leandro Ricardo. Afastado desde 2019 do comando da Basílica de Americana, o pároco é acusado de abusar de quatro ex-coroinhas na década passada, em Araras, onde começou sua vida como sacerdote.

Na audiência, estarão presentes todas as partes do processo, inclusive os advogados e testemunhas. Todos serão ouvidos para produção de prova oral. Primeiro, se tenta uma conciliação. Caso não seja possível, o magistrado dá uma sentença acusando ou inocentando o réu dos crimes os quais ele é acusado.

Como são muitas as testemunhas escolhidas para depor, a Justiça dividiu a audiência em três datas. Em 8 de junho serão ouvidas aquelas definidas pela acusação.Nos dias 9 e 10 de junho será a vez das testemunhas de defesa prestarem depoimento.

É ao final desse rito que o padre será considerado culpado ou inocente, em primeira instância. A audiência ocorrerá um ano e meio depois que o Ministério Público de Araras apresentou uma denúncia à Justiça, em dezembro de 2019.

Ao LIBERAL, a advogada de parte das pessoas que acusam o padre americanense de abuso sexual e co-autora do dossiê anônimo que deu origem às investigações, Talitha Camargo da Fonseca, acredita em uma decisão farovável para seus clientes. “O Ministério Público foi muito contundente na denúncia, nós acreditamos na condenação”, afirmou.

Já o advogado Paulo Sarmento, que representa o padre, confia na absolvição. “Nas audiências provaremos que todas as acusações feitas contra o Padre Leandro são falsas, e confiamos que o Poder Judiciário verificará ao final que uma farsa foi perpetrada contra nosso cliente, e irá absolvê-lo de todas as acusações feitas pelo Ministério Público”, defendeu.

A denúncia do MP foi aceita em março desse ano pela Justiça. Ela aponta que Leandro levou um adolescente à casa paroquial, lhe deu bebida alcoólica e fez sexo oral nele. Em outro caso, teria alisado o corpo de um menino de 11 anos a pretexto de vesti-lo com a batina, segundo o MP.

Em dois casos, de acordo com a denúncia, o padre aproveitava viagens de carro para passar as mãos nas coxas e órgãos genitais dos adolescentes. Leandro sempre negou as denúncias. Em depoimento à polícia, diz que contrariou interesses econômicos de pessoas ligadas à igreja e por isso foi alvo de uma campanha de difamação.

Advogada de vítimas cobra agilidade e colaboração do Vaticano

Em paralelo a investigação na Justiça brasileira, o Vaticano também apura as denúncias contra Padre Leandro. E uma das advogadas das vítimas, Talitha Camargo da Fonseca, cobre que a Santa Sé compartilhe o resultado das investigações com a Justiça Brasileira.

“No ano passado, o papa aboliu o sigilo canônico em crimes sexuais. A determinação do papa é que a justiça canônica, assim que tiver conhecimento de alguma violação sexual, encaminhe para Justiça de cada país para que ocorra os processos cabíveis. Fizemos esse requerimento também e esperamos que a igreja católica cumpra”, afirmou ao LIBERAL.

No ano passado, dois delegados canônicos ouviram as partes e encaminharam relatórios para o Vaticano, segundo Talitha. No fim de 2019, ela juntou novos documentos no processo e pediu novas oitivas, que acontecem neste ano e estão em fase final, ainda de acordo com a advogada.

Talitha pede agilidade do Vaticano na análise do processo e na produção de uma sentença. “Que a igreja legitime a dor dessas pessoas, porque foi uma violação o que eu chamo de corrupção da fé, porque muitas delas perderam a fé na própria religiosidade católica”, defendeu.

Além de punição ao sacerdote, a defesa também pede que a Santa Sé indenize as supostas vítimas. “O que nós esperamos é que tenha finalização. Nós esperávamos sinceramente que a sentença viria ainda esse ano, mas eu acredito que, em decorrência da pandemia, o próprio Vaticano teve que ficar alguns dias sem atuar nesse caso, então nós acreditamos que isso saia até, pelo menos, a metade do ano que vem”, finaliza.

Também atuam na defesa das vítimas os advogados Talitha Camargo, Aline Giacon, Roberto Tardelli e Gustavo Paiva.

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