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CONDENADO

Padre Leandro atribuiu denúncias a sentimento de vingança de acusadores

Ex-reitor da Basílica de Americana foi condenado a 21 anos de prisão por abusos de coroinhas; ele nega os crimes e vai recorrer

Por Ana Carolina Leal

19 de maio de 2022, às 17h27

O padre Pedro Leandro Ricardo negou em depoimento à Justiça os abusos sexuais pelos quais foi condenado, nesta quinta-feira, a 21 anos de prisão, inicialmente em regime fechado. Ele poderá responder em liberdade.

O ex-reitor da Basílica de Santo Antônio de Americana associa às denúncias a um sentimento de vingança desenfreado por parte daqueles que o acusam, uma vez que ele alega ter tirado deles a “vida fácil” que levavam antes de sua chegada em Araras, em 2002, vivendo à custa do dinheiro da igreja.

Padre Leandro foi condenado a 21 anos de prisão – Foto: Claudeci Junior / O Liberal

Em sua defesa, o pároco afirma que foi designado para a Paróquia de São Francisco, em Araras, para “colocar ordem na casa”, o que acabou gerando descontentamentos e ameaças, inclusive, segundo ele, por uma das vítimas.

Padre Leandro alega ter sido vítima de cartas anônimas que declaravam um suposto namoro entre ele e um ajudante de catequese. Diz que as cartas foram entregues a pastores evangélicos e outras lideranças religiosas, empresas de comunicação, jornalistas, etc.

Em 2012, o padre foi transferido para a Paróquia de Santo Antônio, em Americana. Já instalado no município, afirma que as mesmas cartas começaram a ser distribuídas, o que ele acredita ser resultado de um conluio das pessoas que o conheceram em Araras com um grupo de Americana, que havia perdido “privilégios” com sua chegada.

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Em 2018, surge nova denúncia de supostos abusos sexuais envolvendo o padre, mas a acusação não vai adiante. Somente em 2020 é que um grupo de advogados representando quatro ex-coroinhas que atuaram na igreja de Araras o denuncia ao MP-SP, por atentado violento ao pudor.

Os crimes teriam ocorrido entre 2002 e 2006 naquele município, onde padre Leandro iniciou o sacerdócio. A denúncia aponta que o pároco levou um adolescente à casa paroquial a quem teria oferecido bebida alcoólica antes de realizar sexo oral. O padre também teria alisado o corpo de um menino de 11 anos, a pretexto de vesti-lo com uma batina.

Nos outros dois casos, de acordo com o MP-SP, o pároco passava as mãos nas coxas e órgãos genitais dos adolescentes durante viagens de carro.
Padre Leandro, por sua vez, nega as acusações.

Em depoimento, afirmou que os coroinhas sempre estavam na companhia dos pais, disse que nunca convidou nenhum deles para jantares em sua residência, bem como que na Casa Paroquial não havia adega.

Afirmou ainda que jamais vestiu os coroinhas e que nas missas rurais, crianças e adolescentes estavam sempre na companhia de seus pais. As vítimas, no entanto, afirmam ter viajado com o padre sem a presença dos responsáveis.

Condenação e defesa
A sentença da Justiça de Araras foi dada nesta quinta-feira (19). A condenação, entretanto, o considerou culpado de dois dos casos, um deles ocorrido em 2002 e outro relacionado ao período de 2005 a 2006, ambos envolvendo adolescentes.

A Justiça concluiu que Padre Leandro valeu-se de sua “posição sacerdotal, de sua boa reputação à época e da força religiosa, para perpetrar os abusos relatados nos autos”.

Procurado pelo LIBERAL, o advogado de Leandro, Paulo Henrique de Morares Sarmento, afirmou que a defesa irá recorrer.

“A sentença, guardado o respeito ao magistrado, é carente de fundamentação e não teceu linha acerca das provas produzidas pela defesa, sendo assim desconexa da verdade. Iremos recorrer da mesma com a certeza de sua reforma junto ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, comprovando a inocência de nosso cliente”, afirmou.

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