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Saúde

Pacientes aguardam por tratamento de câncer há mais de 60 dias

Com lei sendo descumprida, 20 pacientes oncológicos aguardam pelo início do procedimento em Americana

Por Marina Zanaki

28 de agosto de 2021, às 07h48 • Última atualização em 28 de agosto de 2021, às 07h49

A lei federal que garante aos pacientes oncológicos iniciar o tratamento no SUS (Sistema Único de Saúde) 60 dias após receber o diagnóstico está sendo descumprida para 20 moradores de Americana.

Como o município não possui estrutura própria para atendimento dessa doença, que é de alta complexidade, os pacientes são inseridos no sistema Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde), que regula vagas em unidades de referência no Estado de São Paulo.

Eliana foi diagnosticada com câncer de mama em 17 de junho: desespero e luta contra o tempo – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

O problema não é novo, e já foi retratado pelo LIBERAL em 2019. Na ocasião, um paciente esperou três meses para ser chamado para atendimento. Contudo, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) agravou a situação, segundo a Prefeitura de Americana.

Isso porque a maioria dos leitos de semi-intensiva e intensivos foi destinada aos pacientes de Covid-19, o que tornou impossível a ocupação de leitos de alta complexidade, como é a oncologia.

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“Houve prejuízos no processo de regulação das vagas, não apenas em relação a esta patologia, mas em outras doenças graves, por falta de suporte geral em razão da Covid-19”, explicou o município.

A sensação de receber o diagnóstico de câncer e esperar ser chamada para começar o tratamento é de correr contra o tempo, segundo Eliana Silva Souza Costa, de 41 anos.

Ela soube que está com câncer de mama em 17 de junho, e foi inserida na Cross no dia 22 do mesmo mês, segundo a Prefeitura de Americana. Desde então, espera com ansiedade ser chamada para consulta com mastologista em uma unidade de referência.

“A gente fica desesperada. A partir do momento que recebe um diagnóstico desse quer mais é se livrar e correr contra o tempo”, desabafou Eliana sobre o caso.

Ciente da lei que garante iniciar tratamento em até 60 dias, ela disse que pretende procurar a Defensoria Pública e mover uma ação obrigando o Estado a garantir seu tratamento.

A Secretaria de Saúde não deu um prazo para que Eliane seja chamada.

“A paciente será encaminhada para tratamento em hospital de referência e será orientada. A conduta terapêutica – seja cirurgia, quimioterapia, radioterapia, por exemplo – é indicada individualmente mediante avaliação médica”, disse a secretaria. A pasta foi questionada sobre o total de 20 pacientes esperando há mais de 60 dias, mas não respondeu.

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