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Notícias que inspiram

Nunca é tarde para recuperar a alegria de se amar

Matéria do LIBERAL sobre tatuador que utiliza técnica 3D em mulheres mastectomizadas era o impulso que faltava para leitora procurar ajuda e finalmente recuperar o amor-próprio

Por Jucimara Lima

24 de outubro de 2021, às 09h54

Marli leu reportagem sobre o projeto em uma edição do LIBERAL - Foto: Ernesto Rodrigues - O Liberal

Em março o LIBERAL publicou uma reportagem contando sobre o projeto Tatuagem do Bem, idealizado pelo tatuador Paulo Fernando de Martin, de 47 anos, uma ação social que já atendeu 38 mulheres entre 32 e 72 anos, entre elas, a assistente administrativa Marli Aparecida Possobon, de 59.

Quando tinha 49 anos, Marli teve o diagnóstico de doença de Paget, um tipo raro de câncer de mama que envolve a pele do mamilo e aréola. Por conta disso, ela acabou precisando retirar um quadrante da mama esquerda e desde essa época sentia vontade de fazer a tatuagem reconstrutora, mas não conhecia nenhum profissional em Americana que fizesse esse tipo de trabalho.

Além disso, Marli lembra que era um procedimento caro. “Sempre tive vontade de tatuar, pois, de uma certa forma não me sentia completa”, comenta.

O tempo foi passando, porém, o desejo ficou guardado no coração dela, e no dia 14 de março deste ano, quando leu na edição impressa do LIBERAL a matéria sobre o projeto de Paulo Fernando, viu a vontade reacender.

“Logo que li, conversei com a minha filha, procurei ele por telefone e agendei avaliação. “A matéria me impactou muito, então quando vi um tatuador de Americana fazendo uma ação social tão linda, achei que essa era a hora”, recorda ela que fez a tatuagem há cerca de 2 meses. Grata pelo trabalho do profissional, Marli faz questão de ajudar a divulgar a iniciativa e se recorda do momento que viu o resultado. “Quando eu olhei no espelho, choramos juntos”, conta.

Essa emoção de ver a reação das mulheres após o procedimento é algo que também impacta Paulo. “Quando elas levantam da maca e vão até o espelho olhar, realmente, até para mim, é difícil controlar a emoção, porque a alegria e a gratidão que elas demonstram é impressionante. Elas não acreditam que estão vendo daquela maneira de novo. Elas acham até que foi um milagre, mas, na verdade, é só técnica”.

Procedimento e fila de espera. Paulo explica que a técnica utilizada por ele nas participantes da Tatuagem do Bem foi algo desenvolvido a partir de testes que foi fazendo ao longo do tempo, inclusive após observar o trabalho de micropigmentação de sobrancelhas e boca. “Eu converti isso para a tatuagem, cheguei até a comprar pele artificial para chegar em uma excelência”.

Especialista em tatuagem realista, seu trabalho é conhecido por conseguir profundidade e sombra. “Fica tão real que às vezes dá a impressão que é possível pegar”. Atualmente, para fazer parte do projeto, o procedimento é simples. Basta a mulher ter enfrentado um câncer de mama e fazer o agendamento. Uma vez ao mês, Paulo dedica cerca de 4 horas de sua agenda para a realização gratuita da tatuagem, contudo, existe uma fila de espera que hoje está repleta até abril de 2022. Devido aos altos preços causados pela pandemia, hoje se a pessoa fosse pagar por esse tipo de procedimento seria em torno de R$ 1,5 mil.

Paulo Fernando colocou projeto em prática há 3 anos – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal

Por essa razão, o tatuador gostaria que outros profissionais se disponibilizarem a abraçar a causa. “Eu me comprometo a treinar um profissional que se sinta apto a fazer um projeto desses e precisar de assessoria”.

Além dos impactos físicos. Eunice Alcântara de Martin, 50, esposa do tatuador, e apoiadora incondicional dele, acompanha todas as sessões e muitas vezes até segura a mão da mulher enquanto a tatuagem é feita. Orgulhosa do marido, ela considera a iniciativa maravilhosa e reconhece o impacto que a ação causa. “Elas chegam até aqui acanhadas, muitas sem nenhuma autoestima e acabam saindo daqui outras pessoas. Esse é nosso trabalho e estamos aqui para ajudar”, ressalta.

Para finalizar, Marli faz questão de deixar um recado. “O projeto Tatuagem do Bem devolveu minha autoestima. Então, se pudesse dar um recado para as mulheres que estão passando pelo que passei, é para nunca perderem a fé e a esperança. Vai ficar tudo bem!”.

Mais informações sobre o projeto podem ser conseguidas pelo Instagram @paulotatugens ou no telefone e WhatsApp: (19) 99231.9933.

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