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Americana

No aguardo por cirurgia eletiva, paciente piora

Adiamento indefinido de procedimentos eletivos, pela pandemia, leva riscos a quem aguarda retomada na saúde pública

Por Marina Zanaki

07 de março de 2021, às 09h18

No Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, as cirurgias eletivas caíram 81% em 2020 - Foto: Marcelo Rocha - O Liberal.JPG

A suspensão de cirurgias eletivas em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) tem causado transtornos à população. O motivo é que esses procedimentos, que se caracterizam por não serem urgentes e possibilitarem agendamento, podem evoluir para um quadro de emergência caso sejam adiados indefinidamente.

No Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, as cirurgias eletivas caíram 81% em 2020 em relação ao ano anterior após a determinação para suspender tudo que não fosse urgente. Foram 502 cirurgias em 2019 e apenas 91 no ano passado. As mais comuns realizadas no hospital são a retirada de hérnia inguinal, de vesícula, de útero, de fimose e de curetagem uterina.

Um empresário do bairro Cariobinha, que preferiu não ser identificado na reportagem, diz aguardar desde 2019 uma cirurgia para religamento do intestino e retirada de bolsa de colostomia. Em abril daquele ano, ele sofreu uma diverticulite e precisou retirar 30 centímetros do intestino.

O empresário realizou o procedimento de urgência no hospital municipal e foi informado que em seis meses seria chamado pela Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), sistema de vagas gerido pelo Estado, para religar o intestino. Até hoje ele diz não ter sido procurado.

“Estou com a barriga deformada, surgiu uma hérnia que agora está do tamanho de uma laranja grande, está inchado, tenho pus e linha saindo de furos na barriga. Tudo isso decorrente de ter sido abandonado. Fiquei quase um ano ‘jogado’. Veio a pandemia e fiquei dois”, disse o paciente ao LIBERAL.

Ele ingressou com uma ação na Justiça para obrigar a prefeitura a realizar o procedimento. Houve uma decisão favorável em setembro e em fevereiro deste ano ele passou com um gastroenterologista pelo município, que identificou que o empresário precisa perder 43 quilos para operar.

“Quando se fala em cirurgia eletiva, precisa entender que que quanto maior a demora, mais o contexto de saúde vai mudando”, disse a advogada que representa o paciente, Fernanda Sarra.

No caso do empresário, a Secretaria de Saúde de Americana apontou dois fatores que no momento dificultam a realização da cirurgia – o sobrepeso do paciente e a própria pandemia, que pode colocar em risco o pós-operatório.

“Foi constatado pelo especialista que a referida cirurgia não se trata de emergência ou urgência e sim de um procedimento eletivo, que inclusive segue aguardando momento oportuno após a perda de peso do paciente, bem como avaliação dos protocolos de prevenção à Covid-19. Portanto, não há ainda uma previsão”, finalizou o município.

O Estado foi questionado sobre o pedido da vaga via Cross para realização da cirurgia, mas informou apenas que o agendamento deve ser feito pelos municípios.

OUTRO CASO. A paciente Luana Ribeiro aguarda desde agosto de 2019 uma cirurgia para retirada de carne esponjosa do nariz. Ela foi inserida no sistema Cross na época, e espera desde então.

“Quando tem mudança de tempo, afeta um pouquinho, tenho rinite alérgica e junta com essa carne esponjosa e dá crise de espirro”, disse a paciente, que, apesar da demora, diz não ter sentir uma piora no quadro.

A Secretaria de Estado da Saúde informou que a paciente tem consulta agendada no Hospital Estadual Sumaré no dia 15 de março. A reportagem pediu à secretaria de Estado qual a demanda represada por cirurgias eletivas, mas o dado não foi informado.

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