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Investigação

Na gestão Diego, Paulinho do Sindicato teve cargo comissionado no governo

MPT diz que presença de Paulinho na administração era em troca de apoio político; prefeitura apura relação

Por Leonardo Oliveira

20 de dezembro de 2020, às 07h53 • Última atualização em 20 de dezembro de 2020, às 08h59

A Prefeitura de Americana instaurou uma apuração interna para verificar a relação do presidente afastado do sindicato dos trabalhadores do transporte com a administração municipal.

Paulo Sérgio da Silva, o Paulinho do Sindicato, foi servidor comissionado na gestão do ex-prefeito cassado Diego De Nadai entre os anos 2011 e 2014. Há suspeita de que ele não trabalhasse efetivamente no cargo.

Paulinho foi servidor da Prefeitura de Americana até novembro de 2014 – Foto: Arquivo / O Liberal

Já como presidente do sindicato, Paulinho foi nomeado em fevereiro de 2011 ao cargo de assessor de planejamento estratégico, lotado na Secretaria de Governo e Ação Comunitária. O salário, na época, era de R$ 3.190.

A presença do dirigente sindical na administração é considerada grave e incompatível, um conflito de interesses, segundo o Ministério Público do Trabalho. O próprio estatuto do sindicato prevê o contrário do que o presidente fazia na prática. “Manter independência e autonomia perante partidos políticos, entidades patronais, religiosas e Estado”, traz um dos artigos.

LEIA TAMBÉM: Como presidente aparelhou sindicato em benefício próprio, segundo o MPT

Paulinho chegou a justificar o cargo aos procuradores do caso, conforme cita a ação. Segundo ele, a função no governo Diego era de se relacionar com os demais sindicatos da cidade. Ainda conforme seu depoimento, ele se “ativava por aproximadamente duas a três horas, duas a três vezes por semana” para a função, sem qualquer controle de ponto ou horário.

Apesar da flexibilidade de jornada ser comum entre servidores comissionados, o cargo ocupado por Paulinho na prefeitura previa, porém, um expediente de 40 horas semanais.

A ação do MPT aponta que o cargo, na verdade, era apenas retribuição política. Nos documentos, a Procuradoria juntou uma imagem em que Paulinho aparece com Diego em que consta mensagem de apoio ao ex-prefeito.

“Paulinho do Sindicato e Diego De Nadai juntos e sempre presentes na luta dos condutores e dos trabalhadores e trabalhadoras em geral”.

Então presidente da entidade, Paulinho ficou no governo Diego até novembro de 2014, pouco após a cassação do prefeito pela Justiça Eleitoral.

Na ocasião, o sindicalista era subsecretário de unidade na Secretaria Municipal de Relações do Trabalho, com salário de R$ 7.461,88.

No período em que esteve no governo, Paulinho recebeu cerca de R$ 200 mil. Após a investigação do Ministério Público do Trabalho sobre os desmandos no sindicato vir à tona, a Prefeitura de Americana instaurou uma sindicância para apurar se houve alguma irregularidade cometida na administração.

Apesar do procedimento aberto, uma eventual punição ou devolução de dinheiro por parte do sindicalista, em caso de irregularidade, poderia ocorrer apenas por meio de uma ação judicial da prefeitura ou do Ministério Público Estadual, por exemplo.

Ao LIBERAL, uma fonte do governo informou a suspeita de que Paulinho fosse um funcionário fantasma, que não trabalhasse de fato para a prefeitura. Servidores de carreira das secretarias por onde ele passou, por exemplo, relatam não conhecê-lo.

Quando deixou o governo, em 2014, em meio ao turbilhão da crise política, econômica e administrativa do município, Paulinho tinha R$ 30 mil para receber da prefeitura, a título de rescisão trabalhista. O valor, entretanto, nunca foi recebido ou reclamado por ele.

OUTRO LADO
Ao LIBERAL, o ex-prefeito Diego De Nadai disse que as contratações para cargos de confiança eram de responsabilidade dos secretários, bem como o acompanhamento da jornada. “Nada passava pelo gabinete do prefeito. Então, desconheço qualquer situação dessa”.

O LIBERAL questionou o ex-secretário de Governo, Douglas Trindade, sobre o caso, mas não houve resposta. Antônio José dos Santos Filho, o Tonhão, ex-secretário de Relações do Trabalho, e Paulinho do Sindicato não foram encontrados para comentar o assunto.

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