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Americana

Mulher esfaqueada morre com Covid-19 após ficar quase dois meses internada no HM

Solange de Lima foi levada em estado grave para o hospital após ser esfaqueada e chegou a melhorar, mas foi infectada pelo coronavírus

Por Leonardo Oliveira

31 de agosto de 2020, às 13h47 • Última atualização em 31 de agosto de 2020, às 13h55

A auxiliar de limpeza Solange Fernandes de Lima, esfaqueada pelo então companheiro no início de julho, em Americana, morreu na noite deste domingo (30) vítima do novo coronavírus (Covid-19), aos 56 anos.

Ela ficou internada no Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi desde a época do crime.

Solange Fernandes de Lima foi esfaqueada pelo companheiro, o que exigiu a internação no HM – Foto: Reprodução

Solange recebeu os cuidados médicos e chegou a deixar a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) depois de 30 dias. Justamente quando tinha melhorado da facada, começou a ter um quadro de pneumonia, que depois foi confirmado como Covid-19.

A Prefeitura de Americana informou que a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar está fazendo um rastreamento e analisando todas as condutas médicas adotadas para saber como a paciente se infectou.

Depois da piora no quadro, Solange ficou internada na unidade semi-intensiva destinada a pacientes com quadros graves do coronavírus, afirma a prefeitura.

“Porém, devido ao seu quadro já debilitado em decorrência do primeiro episódio, apesar de todos os esforços médicos e do suporte oferecido, a paciente não resistiu às manifestações da doença”, diz a nota enviada ao LIBERAL.

A administração ainda informou que todos os protocolos para evitar contato com área, profissionais e outros pacientes infectados foram adotados, “aliás, como tem sido com todos os pacientes que procuram a instituição para finalidades outras que não sejam pela Covid-19”.

Crime
O crime aconteceu na noite do dia 1° de julho, no apartamento em que a mulher morava, no Condomínio Vida Nova I, na Praia Azul. Segundo o boletim de ocorrência do caso, o ajudante Ronaldo Francischetti, de 43 anos, confessou ter esfaqueado a companheira por ciúmes e por estar bêbado.

Os vizinhos ouviram gritos vindos do apartamento da vítima e acionaram a PM (Polícia Militar). Quando os agentes chegaram, encontraram o suposto autor imobilizado por populares e a mulher caída ao chão.

Ronaldo foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva. Por isso, ele segue detido no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Americana.

Ela foi levada em estado grave ao HM e ficou internada até a noite deste domingo, quando houve o falecimento por coronavírus. A mulher chegou a ter uma medida protetiva que impedia o ajudante de se aproximar dela. O ajudante chegou, inclusive, a ser preso por procurar a auxiliar.

Em janeiro deste ano, o indiciado foi condenado a quatro meses e cinco dias de prisão por ter descumprido essa medida protetiva e também por ter ameaçado a mulher.

Denunciado
Ronaldo Francischetti foi denunciado pelo MP (Ministério Público) por feminicídio tentado em 15 de julho, já que na época Solange ainda estava viva. A Justiça aceitou a denúncia no dia seguinte.

Segundo a denúncia, Solange e Ronaldo mantinham uma união estável e, em mais de uma oportunidade, a mulher foi agredida pelo companheiro. Ela conseguiu a medida protetiva e depois acabou reatando o relacionamento.

No dia em que foi esfaqueada, Solange teria dito para o ajudante que queria largar dele, de acordo com o MP. O acusado teria a esfaqueado por não aceitar o fim da relação.

“Os fatos revelam que o denunciado mantinha Solange em permanente estado de opressão. O posicionamento da mulher que contrariava a vontade do denunciado era respondido com violência e ameaças”, diz um trecho da denúncia.

O caso ainda não foi julgado. Uma audiência virtual está marcada para o dia 17 de setembro, quando as testemunhas serão ouvidas.

Ao LIBERAL, o advogado Renan Farah, que representa Ronaldo, lamentou o falecimento da vítima e defendeu que “não há nexo causal entre o ato praticado pelo réu e o resultado da morte”.

Confira a nota da defesa na íntegra

A defesa lamenta o falecimento da vítima. A denúncia poderá ser aditada pelo MP que tornará o homicidio tentado em consumado, devendo reabrir o prazo para a defesa apresentar nova defesa preliminar.

Caso isso ocorra, desde já a defesa se opõe, uma vez que a causa da morte foi superveniente ao ato (confesso) praticado lê-lo reu. Não há nexo causal entre o ato do réu e o resultado da morte (covid).

Assim rege o código penal no artigo 13, §1º “a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado”.

Mais uma vez, a defesa lamenta o ocorrido, mas o réu deve responder tão somente pelos atos cometidos.

Em momento oportuno se pronunciará sobre o mérito.

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