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JÚRI POPULAR

Motorista que matou ciclistas na Bandeirantes pega 4 anos de prisão

Técnico em informática que matou ciclistas de Americana e Nova Odessa em 2017 vai poder recorrer em liberdade; júri ocorreu na tarde desta quinta

Por André Rossi/João Colosalle

31 de outubro de 2019, às 16h32 • Última atualização em 31 de outubro de 2019, às 17h31

Foto: Marcelo Rocha - O Liberal
Hyoran (de branco) poderá recorrer em liberdade da pena, da qual será descontado 1 ano e 9 meses já cumprido

O motorista que atropelou os ciclistas Diogo de Faria e Márcio José Bechis, na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), em 2017, foi condenado a quatros anos e três meses de prisão em regime inicial semiaberto nesta quinta-feira (31).

Hyoran Gabriel Alves de Oliveira, técnico de informática de 21 anos, foi julgado no Fórum de Limeira. Ele poderá recorrer em liberdade da pena, da qual será descontado 1 ano e 9 meses já cumprido, e está proibido de retirar uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) por dois anos.

Ele era acusado de homicídio com dolo eventual, quando uma pessoa assume o risco de cometer um crime, apesar de não desejar.

Entretanto, o corpo de jurados, composto por sete mulheres, aceitou a tese do Ministério Público e desclassificou o crime de homicídio doloso para a modalidade culposa, sem intenção, o que reduziu a pena máxima a que ele poderia ser condenado.

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Alcoolizado e sem habilitação, Hyoran dirigia o carro que atingiu as bicicletas de Diogo, morador de Americana de 38 anos, e Márcio, de Nova Odessa, que tinha 47 anos. Eles pedalavam juntos pela primeira vez.

Morador de Itu, o técnico em informática tinha vindo para a casa de um amigo de Americana na noite anterior. Os dois foram para uma balada e ele bebeu, segundo relato dele mesmo. Depois dormiu por cerca de quatro horas na casa do amigo. Quando acordou, pegou a Rodovia dos Bandeirantes.

Foto: Divulgação / Facebook
Diogo de Faria e Marcio Bechis foram atropelados por Hyoran Gabriel Alves de Oliveira

Ele alega ter se perdido e por isso foi parar no trecho da rodovia em Limeira. Ainda em juízo, Hyoran declarou que teve um apagão e não se lembra do acidente.

Durante o júri popular nesta quinta-feira, o técnico em informática voltou a dizer que não se recorda do atropelamento. Segundo Hyoran, sua primeira lembrança era ter passado pelo pedágio e acordado na ambulância, sem saber o que tinha ocorrido.

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O advogado que representa Hyoran argumentou que ele provavelmente dormiu ao volante e que o nível de álcool no sangue era baixo.

Foto: Marcelo Rocha - O Liberal.JPG
Hyoran Gabriel Alves de Oliveira, técnico de informática de 21 anos, foi julgado no Fórum de Limeira

O acidente ocorreu na manhã do dia 16 de julho de 2017, no km 146 da Rodovia dos Bandeirantes, trecho que passa por Limeira. Diogo e Márcio pedalavam pelo acostamento, no sentido da pista rumo à capital, e foram atingidos pelas costas. Após o atropelamento, o carro capotou.

Hyoran ficou preso de julho de 2017 até março deste ano, quando o ministro Rogério Shietti Cruz, do STJ (Supremo Tribunal de Justiça), aceitou um pedido de habeas corpus.

Em abril, o TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) acolheu um recurso da defesa e excluiu do processo duas qualificadoras para o crime. Isso reduz a pena mínima a que ele pode ser condenado de 12 para seis anos de prisão.

ESPOSA

Em entrevista ao LIBERAL publicada nesta quinta-feira, a esposa de Diogo, a empresária Maythe Santini, disse que não iria ao julgamento, mas que esperava a condenação.

“Não existe reparação, independente do que aconteça com esse rapaz não vai trazer o Diogo de volta. Minha história não vai ser mudada, o que vai ser mudada é a história dele”, disse ao LIBERAL.

Foto: Arquivo pessoal
Foto publicada em redes sociais de Maythe; hoje, filho do casal tem 2 anos

Segundo Maythe, nos últimos dois anos ela diz ter se apegado à fé para lidar com a situação junto ao filho.

“Eu almejo resgatar a alegria que eu tinha, a felicidade que minha casa tinha, poder desfrutar de uma vida tranquila. Nada nunca vai substituir o Diogo, mas eu acredito que eu vou ter um suprimento, vou ser cuidada, assim como o Pedro também, acredito que vai ter restauração na minha casa, é isso que eu espero”, declarou ao LIBERAL.

ESTATÍSTICAS

Um levantamento feito pelo LIBERAL em 2017 mostrou que apenas um em cada 100 motoristas que provocam acidentes de trânsito com morte na RPT (Região do Polo Têxtil) é enquadrado na legislação que prevê pena mais dura.

De acordo com o levantamento, com base em dados da SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), entre 2012 e 2016, dos 431 homicídios no trânsito, só cinco foram registrados na modalidade dolosa, quando se entende que houve intenção de matar ou que o condutor assumiu o risco da morte.

Neste caso mais grave, a pena é prevista pelo artigo 121 do Código Penal, homicídio, que prevê de 6 a 20 anos de prisão. A maioria dos motoristas que matam nas ruas, entretanto, acaba respondendo pelo artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê de 2 a 4 anos de prisão por homicídio culposo.

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