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Boas Histórias

‘Motô amigo’: parceria no transporte público em Americana

No "Boas Histórias", motoristas de ônibus de Americana contam de que maneira a relação com passageiros ganha espaço para além da rotina no trânsito

Por Marina Zanaki

21 de agosto de 2019, às 09h28 • Última atualização em 21 de agosto de 2019, às 09h44

É ele quem diminui a velocidade do ônibus quando um passageiro atrasado desce a rua correndo. É também ele que está a postos para caso alguém passe mal durante uma viagem, o mesmo que está sempre pronto para dar um bom dia, boa tarde ou boa noite. Os motoristas de ônibus fazem mais do que apenas conhecer itinerários e transportar pessoas. Eles acabam estabelecendo relações de amizade com a população.

Carlos Alberto de Carvalho, de 53 anos, está há quase um ano trabalhando no transporte público em Americana. Além de conhecer em detalhes o itinerário da linha Antonio Zanaga/Jardim da Paz, o motorista também se tornou amigo dos passageiros que acaba encontrando todos os dias.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Carlos Alberto de Carvalho, de 53 anos, faz a linha Antonio Zanaga/Jardim da Paz

“Tenho passageiros no Facebook, no meu WhatsApp, eles pedem. Chego em casa 1h da manhã e olho no celular, sempre tem mensagem de passageiro da linha mandando boa noite”, conta Carlos, que começa a trabalhar às 14h e costuma chegar na casa onde mora no Jardim Pérola, em Santa Bárbara d’Oeste, de madrugada.

Recentemente, ele precisou ajudar uma passageira que passou mal dentro do coletivo. A idosa embarcou no horário de pico, quando o ônibus estava lotado, e não se sentiu bem. Carlos contou que a mulher disse que conseguia aguardar até a chegada no terminal. Assim que chegou ao local ele pediu por socorro.

Os passageiros desembarcaram para entrar em outros carros enquanto ela aguardava ser retirada pelo resgate. Nesse meio tempo, Carlos se dividiu entre ajudar a idosa e orientar os passageiros.

Trajetória

O profissional contou que já trabalhou em linhas de turismo, transporte de carga e até como motorista da dupla sertaneja Ricardo e João Fernando. “Trabalhei com caminhão, mas gosto mais de ônibus. A gente trabalha no meio do povo, é bom. Com o carinho que eles têm com a gente fico muito feliz, animado”, disse o motorista.

“Nosso patrão é o passageiro. Se não usam o transporte a gente não tem salário no final do mês. A gente depende dele e tem que agradar”, considera.

O motorista Antonio de Oliveira, de 66 anos – ao menos 30 deles dirigindo pelas ruas de Americana – concorda com o colega de profissão. “A gente procura fazer tudo de bom para os passageiros porque são eles que dão sustento pra nós, eles que pagam nosso salário, então o que puder fazer a gente faz sim”, destaca.

Ele lembra que no último dia 12 estranhou ao chegar em um ponto na Avenida Nossa Senhora de Fátima e não encontrar um grupo de passageiros de uma empresa próxima. “Pensei: ou eles estão atrasados ou eu estou adiantado. Acho que eu estava adiantado e fiquei no ponto uns quatro minutos, aí eles chegaram”, recorda.

Antonio começou a trabalhar como motorista em Americana ainda na época da Prodam (Progresso de Americana), empresa de economia mista criada para gerenciar algumas ações dentro da administração pública, incluindo o transporte público.

Ele se aposentou há dez anos, mas segue trabalhando. “Se fosse só pela renda, meu salário dava pra viver sossegado, somos só eu e a esposa, mas eu gosto de estar trabalhando”.

Se você conhece uma boa história que todo mundo merece saber, conte para a gente! Ela pode virar uma reportagem no LIBERAL. Escreva para redacao@liberal.com.br ou envie mensagem para o WhatsApp do LIBERAL, no (19) 99271-2364, clicando aqui.

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