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ESCÂNDALO NA IGREJA

Ministério Público denuncia padre Leandro por abusos sexuais

Padre afastado da Basílica de Santo Antônio, em Americana, é acusado de 4 crimes de atentado violento ao pudor contra vítimas na cidade de Araras

Por George Aravanis

17 de dezembro de 2019, às 18h52 • Última atualização em 08 de junho de 2021, às 10h20

A Promotoria de Justiça de Araras denunciou o padre Pedro Leandro Ricardo, reitor afastado da Basílica Santuário de Santo Antônio de Pádua, de Americana, pela prática de quatro crimes de atentado violento ao pudor.

Segundo o promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua, responsável pelo caso, Leandro usou sua autoridade com pároco para praticar violência contra as vítimas, que eram seus auxiliares na igreja.

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Os abusos, segundo a denúncia, teriam acontecido entre os anos de 2002 e 2005, e não estariam prescritos. Apenas um fato investigado, ocorrido em 1990, prescreveu.

Na denúncia apresentada à Justiça, a Promotoria entendeu não ser necessário pedir a prisão preventiva de Leandro, já que ele respondeu a investigação em liberdade, não atrapalhou o andamento e também não possuiria mais contato com as vítimas.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Padre Leandro está afastado do cargo de reitor da Basílica de Santo Antônio, em Americana, desde janeiro

As informações são da assessoria de imprensa do Ministério Público. A investigação e o processo contra Leandro tramitam em segredo de justiça.

O advogado Paulo Sarmento, que defende o padre Pedro Leandro Ricardo, criticou a denúncia apresentada pelo Ministério Público de Araras contra o reitor afastado da Basílica de Americana, acusado de crimes sexuais.

“A denúncia é absurda, não encontra respaldo no fatos e viola o princípio da legalidade”, disse ao LIBERAL Sarmento. No entendimento do advogado, os depoimentos que embasam a acusação da Promotoria contra Leandro “não subsistem ao contraditório e às provas que serão produzidas pela defesa no decorrer do processo”.

“Confiamos que o Poder Judiciário não se deixará levar por comoção pública produzida artificiosamente por mídias sociais, e fará Justica absolvendo nosso cliente de tais acusações falaciosas”, afirmou o defensor.

Ouça o podcast Além da Capa, produzido pelo LIBERAL

Agora, a Justiça vai decidir se aceita a denúncia proposta pela Promotoria. Caso seja aceita, padre Leandro virará réu na primeira instância.

HISTÓRICO

O padre Leandro Ricardo está fora do comando da Basílica de Americana desde janeiro, quando a investigação teve início. Inicialmente, ele pediu afastamento. Depois, foi suspenso após as denúncias contra ele virem a público.

Leandro atuou em Araras antes de ser transferido para Americana. O inquérito contra ele teve origem em um dossiê anônimo enviado à deputada federal Lecy Brandão (PCdoB), que encaminhou o material ao Ministério Público.

Além de casos de abuso sexual supostamente cometidos pelo padre, inclusive em sua passagem por Americana, a denúncia também relatava acobertamentos por parte do bispo da Diocese de Limeira, dom Vilson Dias de Oliveira, além de extorsão a outros padres e acúmulo de patrimônio incompatíveis com o cargo que ocupa na igreja.

O escândalo, que chegou a repercutir em um encontro mundial da igreja, com o Papa Francisco, culminou com a queda de Dom Vilson do posto, em maio.

No lugar de Vilson, assumiu o bispo dom José Roberto Fortes Palau, de 54 anos.

COMISSÃO

Após os escândalos de abuso sexual que atingiram líderes católicos locais, a Diocese de Limeira criou uma Comissão de Denúncias para receber queixas de abusos sexuais cometidos por clérigos e religiosos.

O órgão, que começou a operar no primeiro semestre, já analisa casos, que correm sob sigilo. Para entrar em contato com a comissão, é preciso ligar na Cúria Diocesana, no telefone (19) 3441-5329.

A criação da comissão seguiu decreto do papa Francisco, que determinou que até junho de 2020 todas as dioceses do mundo tenham sistemas acessíveis para receber as queixas.

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