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Americana

Médicos do HM alertam para mortes evitáveis por falta de cateterismo

Profissionais do Municipal acreditam que ao menos uma morte por semana poderia ser evitada em Americana caso dispusessem desse recurso

Por Marina Zanaki

17 de agosto de 2019, às 10h09 • Última atualização em 17 de agosto de 2019, às 10h11

Médicos do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, relataram ao LIBERAL que sentem-se angustiados com mortes evitáveis que presenciam no pronto-socorro. O motivo é a falta de acesso ao cateterismo para atender pacientes que dão entrada com ameaça de infarte.

Os profissionais que conversaram com a reportagem e pediram para não serem identificados acreditam que há ao menos uma morte por semana que poderia ser evitada caso dispusessem desse recurso, que permite identificar onde está a lesão e qual seu tipo, garantindo um tratamento preciso – seja por meio de medicamentos ou de cirurgia.

O cateterismo de urgência é realizado por meio do sistema de hemodinâmica. Na cidade, apenas o Hospital Unimed conta com o recurso.

Foto: Marcelo Rocha / Liberal
Profissionais disseram que há ao menos uma morte por semana que poderia ser evitada se tivessem o recurso

“A gente se sente angustiado por exercer dois tipos de medicina com o mesmo paciente. Penso poxa, acabei de salvar um ontem na Unimed e o mesmo doente morre aqui na minha mão, cria angústia. É um serviço disponível a 10 minutos daqui”, desabafou um dos médicos.

“Você sabe que esse paciente que vai a óbito poderia ter sido salvo, e você não tem o que fazer. Sempre falo: fazer o maior bem possível com os meios disponíveis. Mas a gente poderia fazer mais pela população, só que não existe mágica. Semana passada foi um paciente de 60 anos que poderia ter sido evitado”, lamentou outro profissional.

CAMINHO. Quem entra no pronto-socorro do HM com ameaça de infarte acaba recebendo medicamentos receitados de forma “empírica”, segundo um dos profissionais, já que eles não conseguem saber exatamente onde está a lesão que está levando ao infarto.

A prefeitura esclareceu que os pacientes com indicação de cateterismo aguardam vaga por meio da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde em unidades do Estado. Em urgências, a entrada é por meio da vaga zero, na qual hospitais são obrigados a fornecer atendimento mesmo que não haja disponibilidade.

O problema, segundo médicos, é que o cateterismo deve ser realizado até no máximo seis horas após o início dos sintomas. Uma vaga pelo sistema da Cross pode demorar semanas ou meses.

A Secretaria de Saúde disse que não há viabilidade em tentar parcerias com outras prefeituras para buscar um serviço regional “visto que a demanda é de aproximadamente 1 milhão de usuários”. A estimativa da prefeitura é que o sistema custe cerca de R$ 4 milhões. Questionada sobre a viabilidade de uma parceria com a Unimed, a prefeitura respondeu que os preços praticados na esfera privada são “estratosfericamente superiores aos pagos pelo SUS”.

A Secretaria Estadual de Saúde disse que os casos urgentes são priorizados, mas não informou quanto tempo leva para disponibilizar uma vaga.

A Unimed conta com serviço de hemodinâmica desde 2007 e já atendeu cerca de 8 mil pacientes. A empresa disse que “optou por este investimento por reconhecer a necessidade em atender aos beneficiários, trazer qualidade e sobrevida ao paciente”.

CORAÇÃO. Em julho, o presidente da Funacor, Ricardo Silveira, disse que um hospital regional do coração deve ser instalado em Santa Bárbara d’Oeste e oferecer o serviço de hemodinâmica. “Quando o paciente chega no hospital e está infartado você necessita que a hemodinâmica seja feita em no máximo 4 horas e isso não tem em Americana, só em hospital privado. O que há é um tratamento alternativo ineficaz”, afirmou na ocasião.

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