Justiça
Mais de 100 dias depois, caso de atropelamento que matou pastor segue parado
Laudo que pode apontar o estado do motorista no acidente ainda não saiu; causador segue solto
Por Pedro Heiderich
25 de abril de 2021, às 09h13 • Última atualização em 26 de abril de 2021, às 11h56
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/mais-de-100-dias-depois-caso-de-atropelamento-que-matou-pastor-segue-parado-1496744/
Prestes a completar quatro meses, a investigação sobre o atropelamento que matou um pastor de 28 anos em um quiosque em Santa Bárbara d’Oeste está parada. A Polícia Civil aguarda um laudo que apontará se o motorista que causou o acidente estava embriagado.
A amostra de sangue foi enviada ao IML (Instituto Médico Legal) na noite do atropelamento, mas o resultado da análise ainda não foi juntada ao inquérito policial. O motorista envolvido está em liberdade.
Casado e pai de dois filhos, Jhonnatan Guimarães foi morto após uma caminhonete invadir o quiosque no Mollon no final da tarde de 30 de dezembro. Ele era pastor na Igreja Plena Paz, no Jardim Guanabara, em Americana.
O motorista, de 54 anos, que dirigia uma caminhonete Toyota Hilux, atingiu uma motociclista, atravessou o quiosque e bateu em um poste que fica ao lado do Parque dos Jacarandás.
Além do pastor e da motociclista, mais três pessoas ficaram feridas. Testemunhas afirmaram que o veículo estava em alta velocidade. Após o acidente, o motorista não saiu do carro, ficou sem prestar socorro, e parecia embriagado, e não conseguia se comunicar, segundo registro policial.
Na delegacia, ele alegou que teve um mal súbito e que toma remédios controlados. A reportagem não conseguiu contato com o motorista.
A monitora de esportes Júlia Francieli de Oliveira, de 39 anos, é a motociclista atingida. Ela passou por cirurgia na perna e se recupera, com dificuldade para andar. Júlia tem que lidar ainda com a demora do inquérito.
“Ficamos de mãos atadas, está tudo parado. É difícil. Se fosse alguém roubando um ovo para sustentar o filho, já estaria preso”, desabafa.
Segundo ela, uma familiar do motorista entrou em contato com Júlia logo após o acidente. “Ela falou que não tinha como reestabelecer a minha saúde, mas perguntou se eu estava precisando de alguma coisa. Eu estava muito nervosa na época e não respondi”, ressalta.
A monitora procurou advogados, que aguardam o laudo do motorista para avaliar os danos e entrar com ação contra o acusado. Ela completa que seu sofrimento é pouco comparado à família do pastor.
“Eu tenho que dar graças a Deus que estou viva e de não ter perdido a perna. Mas fico imaginando a mulher do pastor, ela não tem o que fazer, já perdeu o marido. Torço por justiça”. Procurada, a família de Jhonatan preferiu não se manifestar.
Os advogados de Júlia, William Oliveira e Wilson Infante, a demora no inquérito “vitimiza novamente aqueles que foram prejudicados, e é incompreensível, já que o exame é simples”.
O caso é investigado pelo 2º Distrito Policial de Santa Bárbara, no Jardim Pérola. No DP, um funcionário disse à reportagem que o inquérito está parado por conta do laudo que ainda não chegou. Ele afirmou que o motorista ainda não foi indiciado.
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Questionada sobre o caso, entretanto, a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), afirmou que “após analisar os laudos e ouvir testemunhas a autoridade policial indiciou o autor por homicídio culposo e lesão corporal culposo na direção de veículo automotor. O inquérito foi encaminhado ao Fórum com pedido de prazo para conclusão das diligências”.