ELEIÇÕES
Maioria dos candidatos a vereador em Americana se declara alinhada à direita
Dos 269 considerados aptos pelo TSE, ao menos 155 se identificam como de centro-direita, direita ou extrema-direita
Por Gabriel Pitor
29 de setembro de 2024, às 07h56 • Última atualização em 29 de setembro de 2024, às 09h40
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/maioria-dos-candidatos-a-vereador-em-americana-se-declara-alinhada-a-direita-2263598/
Dos 269 candidatos a vereador em Americana que são considerados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aptos a disputar as eleições, agendadas para 6 de outubro, ao menos 155 se declaram alinhados à centro-direita, direita ou extrema-direita do espectro político.
A informação foi levantada pela reportagem com base nas respostas dos postulantes a um formulário elaborado pelo LIBERAL, que divulgou o perfil de cada um na última quinta-feira (26) – 32 deles não responderam.
Ao todo, 112 candidatos se declararam de direita (41,6%). Ainda foram contabilizados 37 de centro-direita (13,7%) e seis de extrema-direita (2,2%).
A maioria desses postulantes é de partidos que formam as coligações de Chico Sardelli (PL) e de Ricardo Pascote (União Brasil), que concorrem a prefeito. As exceções são Avante, Novo, Republicanos e um candidato do PDT.
Siga o LIBERAL no Instagram e fique por dentro do noticiário de Americana e região!
Por outro lado, pelo menos 24 estão à esquerda do espectro político. Destes, 16 se disseram de esquerda (6%), sete de centro-esquerda (2,6%) e apenas um de extrema-esquerda (0,4%). As legendas, com exceção ao Psol, pertencem à coligação liderada por Maria Giovana (PDT).
Ainda teve 23 candidatos que afirmaram ser de centro (8,6%) e são de siglas que aparecem em todas as coligações. Por fim, 19 não se identificam com nenhuma das posições (7,1%) e 16 preferiram não responder a essa questão (5,9%).
Tendência conservadora
Os números demonstram um crescimento da direita e uma tendência conservadora que têm sido observados no País, de acordo com Otávio Catelano, pesquisador de doutorado em ciência política da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Ele aponta que a direita “democrática e tradicional” perdeu espaço, principalmente com a ascensão do grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que estaria acusando, segundo o pesquisador, todos aqueles não são de extrema-direita como sendo de esquerda.
“A gente vive esse momento em que a extrema-direita saiu às ruas e percebeu que precisa se manter nos parlamentos para poder continuar viva”, disse Otávio.
“O atual cenário é diferente do que a extrema-direita fazia após a ditadura, quando tivemos um período que a gente chama de ‘direita envergonhada’, então muita gente dizia ser de esquerda para aproveitar o momento político. Hoje, as pessoas querem se aliar à direita para ganhar capital político”, completou.
Faça parte do Club Class, um clube de vantagens exclusivo para os assinantes. Confira nossos parceiros!
Otávio ainda explicou que quanto mais extremo, menos o candidato está aberto a negociar e dialogar com a oposição sobre as suas pautas e propostas.
Os espectros
Extrema-esquerda: no cenário nacional, o espectro está mais relacionado ao comunismo e ao anarquismo. Porém, no âmbito local, as pautas de diversidade e igualdade de gênero são defendidas de forma enérgica e a máquina pública é vista como o único caminho para promoção social.
Esquerda: pautas sociais, como de igualdade de gênero e racial e de inclusão, são fortemente defendidas. O serviço público deve fornecer o essencial e viabilizar a inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Centro-esquerda: às vezes relacionado ao social-democrata. Luta por pautas sociais, mas há maior disposição para dialogar com a ala conservadora. Valoriza o serviço público e o assistencialismo, embora a iniciativa privada possa ser parceira se o fim for a inclusão social.
Centro: cada vez mais raro em um cenário de polarização, se mostra aberto a dialogar em todas as ocasiões. Tem posições muito particulares e geralmente não encontra identificação nas ferrenhas defesas da máquina pública (comum à esquerda) e do conservadorismo (comum à direita).
Centro-direita: bastante comum antes da polarização, tem posições mais liberais tanto na questão social quanto na econômica. Deseja que o poder público esteja em constante diálogo com o privado e tem maior flexibilidade para negociar pautas como igualdade de gênero.
Direita: mais conservador e que geralmente tem alguns ideais inegociáveis, como, por exemplo, a proibição do aborto. Por vezes, é relacionado a cristãos, embora a generalização seja equivocada. Defende o enxugamento da máquina pública e algumas privatizações e terceirizações.
Extrema-direita: tem convicções conservadoras e inegociáveis, inclusive busca combater qualquer pauta progressista e relacionada à esquerda. Também associada, equivocadamente, a cristãos. Busca incluir com frequência o privado na administração e defende completa liberalidade econômica.