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Meio ambiente

Lixo gerado em casa teve aumento na pandemia

Reciclagem e logística reversa são caminhos apontados por especialista para amenizar os impactos ambientais

Por Marina Zanaki

05 de junho de 2021, às 09h26 • Última atualização em 05 de junho de 2021, às 15h17

O volume nas lixeiras da casa do operador industrial Mario Fernando Nonato, de 43 anos, aumentou desde o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A percepção de que mais lixo está sendo produzido não é individual e tem respaldo na opinião de especialistas.

Home office, crianças fora da escola, compras pela internet, entrega de comida e mais idas ao supermercado podem ajudar a explicar esse crescimento na produção de lixo que tem sido observado nos lares.

A solução encontrada pela família de Mario, composta por cinco pessoas, foi intensificar um processo que o operador se comprometeu há mais de 20 anos: a reciclagem.

O operador industrial Mario, que busca ajudar o ciclo de reciclagem do lixo doméstico – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

“Sei que é um pouco trabalhoso fazer reciclagem em casa, mexe com princípios nossos. Você está acostumado a jogar tudo no lixo, um saco só, se começa a jogar em dois, três lugares separados, é um pouco complicado. Mas eu acredito que depois o meio ambiente agradece”, recomendou o operador.

A opinião é compartilhada por Patrícia Bianchi, que faz parte do Conselhos de Meio Ambiente estadual e nacional. Presidente do Núcleo de Educação Ambiental do Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo), ela enxerga na reciclagem o caminho para a população reduzir os impactos da produção de lixo.

A especialista destaca, por outro lado, a importância de empresas assumirem a responsabilidade pela logística reversa, disponibilizando pontos de coleta de materiais. Para ela, apenas com a ampliação desse tipo de serviço é possível educar a população para adquirir o hábito da logística reversa – mas isso precisa partir de quem produz e comercializa.

Volume

Apesar da percepção de Mario de que as lixeiras estão mais cheias na pandemia, o volume geral de lixo recolhido em Americana aumentou “apenas” 315 toneladas em 2020. Isso é menos do que as 401 toneladas acrescidas em 2019, ano anterior à pandemia.

Patrícia refletiu que o fechamento do comércio, restaurantes e shoppings pode explicar a redução do volume total de lixo produzido em uma cidade. A especialista alertou, contudo, para as características dos materiais que estão sendo jogados fora.

O Atlas do Plástico, publicado pela fundação alemã Heinrich Böll, indicou que o consumo de plástico disparou na pandemia. O comportamento está ligado ao crescimento na entrega de alimentos e também ao consumo de máscaras descartáveis.

“A questão se agrava porque a gente recicla cerca de 1% do plástico produzido ou consumido no país”, disse Patrícia. “Não estamos diante de um problema completamente novo, é antigo, mas piorou com a pandemia e tende a se agravar pelo consumo de embalagens, máscaras, luvas”, analisou.

Infectado

O lixo hospitalar aumentou cerca de 36% com a pandemia em Americana, segundo informações da coleta hospitalar pública. No ano inteiro de 2020, o aumento foi de 17%, com mais de 150 mil quilos recolhidos na cidade. Os resíduos de serviços de saúde são coletados três vezes por semana e incinerados.

A presidente do Núcleo de Educação Ambiental do Unisal alertou que o principal risco do aumento do lixo hospitalar é a própria saúde pública. Ela argumenta que uma das hipóteses para que a infecção do coronavírus saltasse de animais para seres humanos são os mercados de carne na China.

“Os próprios cientistas não chegam a uma conclusão exata de onde veio, mas provavelmente saiu de ambiente insalubres. Quem nos garante que um lixo que contêm esse vírus e não recebe tratamento adequado não pode ocasionar também algum tipo de desastre?”, questionou a especialista.

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