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ESPECIAL

Série especial: como funcionam os golpes digitais

Com a evolução da segurança dos computadores, criminosos que atuam no mundo digital apostam em uma nova arma: a persuasão das vítimas

Por Leonardo Oliveira

20 de abril de 2021, às 07h54 • Última atualização em 24 de abril de 2021, às 18h26

Diferentes empresas de segurança cibernética noticiaram que a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) aumentou a quantidade de golpes digitais praticados no Brasil. Com mais tempo em casa, internautas dedicam maior parte do seu dia na internet, ficando suscetíveis por mais tempo a estelionatos cometidos de maneira totalmente virtual.

Só em relação aos golpes financeiros, foram mais de 17 mil ataques por dia em 2020 no País, segundo o laboratório de segurança da PSafe, empresa de cibersegurança. Cerca de 15 mil brasileiros também tiveram o WhatsApp clonado diariamente, ainda de acordo com a companhia.

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Pensando nisso, o LIBERAL começa hoje (veja a programação abaixo) uma série de reportagens detalhando a evolução dos crimes digitais no País, as principais fraudes cometidas, as dificuldades enfrentadas pela Polícia Civil nas investigações e maneiras de se proteger para diminuir os riscos de cair em uma “cilada” na internet.

Só em golpes financeiros, foram mais de 17 mil ataques por dia no ano passado no Brasil, segundo a PSafe – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal.JPG

Mas, antes de mostrar quais são os tipos de estelionatos digitais mais cometidos em Americana e no País, é necessário contextualizar como eles são praticados. Hoje, com a evolução dos sistemas computacionais e das redes de informação, o termo mais utilizado para explicar os golpes é a engenharia social.

Um dos significados atribuídos a essa expressão é a manipulação psicológica para conseguir informações ou, por exemplo, ter acesso de forma ilegal aos computadores ou celulares das vítimas. É dessa maneira que a maioria dos crimes na rede é praticada.

Em entrevista ao LIBERAL, o especialista em modelagem cognitiva, Flávio Gonsalves de Oliveira, que é diretor de inovação da 4MOONEY Tecnologia Ltda., empresa de desenvolvimento do conhecimento tecnológico, diz que 90% dos atos ilícitos cometidos na internet são por falhas humanas.

“Uma pesquisa feita recentemente mostra que 90% dos usuários usa a mesma senha há mais de 10 anos. Uma senha de dez anos atrás, que era considerada segura, tinha oito caracteres. Hoje, para você rodar um sistema que emule [imite] esses oito caracteres, ele vai fazer isso em segundos, na chamada força bruta”, disse.

Desde o início dos anos 1990, quando as pessoas começaram a utilizar os computadores, os hackers se aproveitavam das fragilidades, primeiro, do sistema operacional, e, depois, dos navegadores de internet. Com a evolução da segurança computacional, as “fraquezas” da máquina foram minimizadas.

“Hoje, a gente tem hardwares confiáveis. É praticamente impossível invadir por eles, temos sistemas operacionais extremamente robustos, ferramentas de proteção extremamente evoluídas, redes muito mais seguras”, diz o especialista.

E, por que a cada ano cresce o número de golpes praticados utilizando meios digitais se a segurança cibernética evolui constantemente? Para Flávio, isso tem a ver com o pouco preparo que o usuário tem para lidar com os sistemas.

“O ser humano não evoluiu desde o primeiro computador até agora. Então, 90% das invasões são ocasionadas pelas facilidades que o usuário gera em função do seu sistema computacional. Os novos golpes são muito mais centrados na técnica do comportamento psicológico e lúdico do que no conhecimento tecnológico para invadir o sistema”, acrescenta.

Se antes os criminosos virtuais apostavam em implantar um vírus através de um programa, um arquivo baixado ou um e-mail, atualmente uma das estratégias mais utilizadas é a de medir o comportamento do usuário e criar situações personalizadas para cada internauta.

Pense que você, usuário, fez uma busca na internet para comprar uma geladeira, por exemplo. Vamos supor que o modelo que você quer custe R$ 5 mil, em média. Instantes depois começam a aparecer ofertas do mesmo produto por R$ 2 mil. Tentador, não é? Provavelmente, é um golpe.

É criando situações como essa que o estelionatário gera um sentimento no internauta e o leva a cair em uma cilada. Promoções, falsas vagas de emprego e falso cadastramento em programas de auxílio do governo são outros exemplos que ainda serão trazidos nas próximas reportagens.

Veja as próximas reportagens da série especial sobre os golpes digitais

Investigação
Como a burocracia atrapalha a apuração policial

O golpe do intermediário (24 de abril)
Crime é o mais comum praticado na região

Não seja enganado (25 de abril)
Como se proteger da ação de golpistas digitais

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