INVESTIGAÇÃO
Justiça nega pedido de prisão de Juninho Dias
Vereador é investigado por tentativa de homicídio após confusão com disparos em Americana; ele diz ter defendido o pai
Por Gabriel Pitor e João Colosalle
30 de agosto de 2024, às 20h08 • Última atualização em 30 de agosto de 2024, às 20h45
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/justica-nega-pedido-de-prisao-de-juninho-dias-2244393/
A Vara do Júri de Americana negou, no final da tarde desta sexta-feira (30), o pedido de prisão temporária por 30 dias do vereador Juninho Dias feito pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais). Apesar da concordância do Ministério Público local, o juiz Wendell Lopes Barbosa de Souza entendeu que há necessidade de mais elementos para uma eventual prisão.
Juninho é investigado pela delegacia especializada pelo crime de tentativa de homicídio. Ele se envolveu em uma confusão na noite desta quinta-feira (29), no bairro Jardim da Mata, em que chegou a fazer disparos com arma de fogo. O vereador diz que estava defendendo o pai de uma agressão.
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Além da tentativa de homicídio, o registro do caso pela DIG também incluiu outros crimes: lesão corporal, associação criminosa e peculato.
Após a confusão, ainda na noite de quinta-feira, agentes da delegacia foram até a casa de Juninho, um imóvel de alto padrão na Praia dos Namorados, onde aprenderam munições, armas e veículos. Também foram apreendidas anotações que indicariam movimentações financeiras de alto valor.
O pedido de prisão feito pelo delegado Filipe Rodrigues de Carvalho foi encaminhado à Vara do Júri no começo da manhã desta sexta-feira. Para a DIG, Juninho deveria ser preso temporariamente por conta da gravidade do crime do qual ele é suspeito e como forma de evitar que a investigação fosse atrapalhada.
O pedido da delegacia teve a concordância do Ministério Público, que se manifestou na tarde desta sexta-feira. O promotor Vanderlei César Honorato citou a gravidade do caso para defender a prisão.
A decisão da Vara do Júri, porém, considerou a falta de mais elementos sobre a situação que justificassem a prisão, como as oitivas de outras testemunhas da confusão.
Juninho continuará sob investigação da DIG. Os agentes devem apurar, além da tentativa de homicídio, se há irregularidades envolvendo o patrimônio do vereador e crimes como peculato ou lavagem de dinheiro.
“As diligências correrão normalmente através de inquérito policial e, como algumas delas eu dependo de autorização judicial, pode ser que se realizem ou não”, comentou o delegado da DIG, em nota enviada a jornalistas.
Advogados que representam Juninho também se manifestaram sobre o pedido de prisão no processo que tramita na Vara do Júri. Eles voltaram a ressaltar que o vereador fez os disparos para defender o pai, que se envolveu na confusão.
Segundo a defesa, Juninho tem registro de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) e estava em um clube de tiro antes de ir até o local onde foram feitos os disparos. Os tiros, admitidos por Juninho, teriam sido dados para o alto. Já a vítima afirmou que disparos foram feitos em direção a ela.
Briga e tiros
A confusão ocorreu por volta de 18h30, na Rua dos Pinhais, próximo ao ecoponto do bairro. Segundo o LIBERAL apurou, pessoas que faziam campanha para Juninho – que foi o candidato mais votado das eleições de 2020 e disputa a reeleição – não teriam gostado de uma fala feita por um homem no local. Teve início, então, uma briga entre os envolvidos – um deles, o pai do vereador, que é idoso.
Em meio à confusão, Juninho chegou ao local em um carro branco, desceu do veículo, se envolveu na briga e fez disparos. Depois, deixou o endereço. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento do disparo.
O LIBERAL esteve no local após o ocorrido e chegou a ouvir os homens que teriam hostilizado e se envolvido na confusão com a equipe de Juninho. Um deles afirmou que disse que “a maioria dos vereadores é pilantra”, o que deu início à confusão.
Em versões apuradas pela reportagem também, há informação de que Juninho teria feitos os disparos e dado golpes com coronhadas nos homens. Em outra versão, Juninho teria feito apenas os disparos.
Vereador diz que defendeu o pai
Em uma postagem nas redes sociais, Juninho Dias afirmou que defendeu o pai de agressão durante a confusão no Jardim da Mata. No final da noite, ele se manifestou sobre o caso.
“Meu pai idoso foi agredido e eu fui defendê-lo. Amanhã [esta sexta], iremos esclarecer todos os fatos junto às autoridades competentes”, postou.
Mais votado em 2020
Juninho Dias, de 36 anos, foi o candidato mais votado para a Câmara de Americana nas eleições de 2020. Na época, filiado ao MDB, ele teve 3.998 votos, mais do que o dobro do segundo mais votado. Em abril, ele migrou para o PSD.