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Cadeia Alimentar II

Juninho diz que depósitos não têm relação com Americana

Em conversa com prefeito Omar Najar nesta segunda-feira, o então secretário de Governo pediu demissão do cargo; ele confirmou que recebeu depósitos

Por George Aravanis

03 de dezembro de 2019, às 08h27 • Última atualização em 03 de dezembro de 2019, às 09h49

Suspeito de receber propina de um ex-fornecedor da Prefeitura de Americana, o secretário de Governo, Juninho Barros, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira, após uma conversa em que o próprio prefeito Omar Najar (MDB) sugeriu que ele saísse.

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Juninho confirmou que recebeu depósitos, mas afirmou que o dinheiro não tinha nada a ver com Americana e era referente a apresentações que ele fazia da empresa em outros municípios, segundo Omar. O prefeito disse que, após os depósitos, revelados pelo LIBERAL, a situação ficou “desagradável” e que iria demitir seu ex-auxiliar de qualquer jeito.

Foto: Arquivo / O Liberal
Juninho Barros é suspeito de receber propina de ex-fornecedor da administração municipal

“Eu falei ‘olha, Juninho, do jeito que está essa situação é melhor que você peça [demissão] porque de qualquer maneira a gente vai ter que tomar providência, não posso manter’. E ele achou por bem pedir”, disse Omar no fim da tarde de ontem, no gabinete, em entrevista a jornalistas.

Juninho foi preso temporariamente na última terça na Operação Cadeia Alimentar II. O secretário de Negócios Jurídicos, Alex Niuri, e Luciane Carloni Gomes de Assis, funcionária da Unidade de Suprimentos, também foram detidos. Todos foram soltos na última sexta-feira.

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Em delação premiada à Polícia Federal, o empresário José Geraldo Zana, dono do frigorífico Mult Beef e da JG Zana Alimentos, que forneciam produtos para merenda a Americana, disse que pagou entre R$ 130 mil e R$ 150 mil em propina em contas bancárias indicadas por Juninho.

O objetivo seria receber valores devidos pela Prefeitura de Americana desde a administração anterior – as empresas cobram R$ 7,7 milhões em duas ações que tramitam na Justiça.

Segundo Zana, Niuri teria participado das reuniões para tratar da propina – o secretário, que continua no cargo, nega (leia ao lado). Luciane, que segundo a PF recebeu um dos depósitos, de R$ 5 mil, foi procurada pelo LIBERAL, mas não quis comentar.

A prefeitura afirma que não pagou nada do que é cobrado pelas empresas de Zana.

Questionado se o ex-secretário disse que os valores recebidos de Zana se destinavam a negociar alguma situação irregular com outras prefeituras, o chefe do Executivo apenas afirmou que o ex-secretário contou que a verba era para apresentar a empresa em outros municípios – segundo ele, os dois não entraram em “pormenores”.

Omar afirmou que, de qualquer forma, teria demitido o ex-auxiliar. “Eu iria porque existem provas, quer dizer, existem os depósitos em contas familiares, e como é que eu vou justificar um negócio desse perante a população de Americana?”. Dois dos depósitos, de R$ 10 mil e R$ 15 mil, foram feitos nas contas da esposa e de um dos filhos de Juninho, segundo a PF.

O prefeito disse que não quer mais que secretários conversem com fornecedores da prefeitura sobre dívidas. “Nenhum funcionário tem que ter contato. Se eu souber, pra mim já levanta suspeita”, afirmou Omar Najar.

Vinicius Ghizini, até então assessor institucional do gabinete do prefeito, assume o cargo de secretário de Governo. Juninho não foi encontrado ontem pela reportagem. Na carta de demissão, ele afirmou que iria se dedicar a sua defesa para provar sua inocência na situação.

Foto: Arquivo / O Liberal
Ghizini assume a secretaria de Governo no lugar de Juninho Barros

Ghizini foi assessor do ex-vereador Moacir Romero e também subsecretário de Educação na gestão Omar. Em 2016, chegou a ser lançado pelo PT como pré-candidato ao Executivo, mas o partido não lançou concorrente ao cargo de prefeito.

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