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AMERICANA, 145 ANOS

Quem ‘são’ os nomes de ruas, praças e escolas da cidade

Veja fatos e curiosidades sobre pessoas que nomeiam espaços públicos, ruas e avenidas de Americana

Por Natália Velosa*

27 de agosto de 2020, às 08h00 • Última atualização em 09 de dezembro de 2020, às 16h55

Muitos nomes são conhecidos em Americana por estarem presentes em ruas, avenidas, praças, locais públicos ou escolas, mas pouco se sabe sobre quem foram esses personagens.

A história muitas vezes não é contada ou permanece sob uma lacuna no tempo, mas todos tiveram sua relevância e seus nomes eternizados como um gesto de homenagem por terem contribuído de alguma forma para o desenvolvimento da cidade.

Com a ajuda do grupo Historiadores de Carioba, acervo e documentação histórica da Prefeitura de Americana e docentes da cidade, o LIBERAL selecionou alguns nomes para contar fatos históricos e curiosidades sobre eles.

*Estagiária sob supervisão de Valéria Barreira

Olympia Barth de Oliveira
Olympia Barth de Oliveira foi uma das primeiras professoras mulheres da cidade. Nasceu em 1885, era descendente de confederados norte-americanos e atuou na função de professora no período de 1904 a 1938. Foi casada com o professor Silvino José de Oliveira, irmão da também professora Delmira de Oliveira Lopes. Além de docente, também foi voluntária na pandemia da gripe espanhola, em 1918, participando da organização de um posto de saúde para atendimento das vítimas. Em 1921, o nome de Olympia estava nos jornais após um crime de assassinato na cidade: o médico Cândido Cruz, casado com Delmira, foi morto com cinco tiros no estabelecimento comercial de Florindo Cibin pelo outro irmão de Delmira, o Juquinha. O motivo relatado pelo criminoso era que Cândido maltratava Delmira. Olympia faleceu em 1966 e deixou seu legado na educação dando nome à escola estadual do Jardim Ipiranga.

Silvino José de Oliveira
Silvino José de Oliveira foi o 1º professor primário da cidade. Nasceu em Itapetininga e chegou em Americana em 1902. Foi casado com a professora Olympia Barth de Oliveira e deixou os filhos: Honorato, que foi colaborador do LIBERAL, Cyra, tesoureira da prefeitura, Margarida e Osita. Além de docente, em 1917 Silvino fundou o jornal “O Combate”, que tinha periodicidade semanal, e uma banda de música em Americana.

Foi também destaque na assistência às vítimas da febre amarela. Faleceu em outubro de 1956. No mês seguinte, foi criado o Grupo Escolar Professor Silvino José de Oliveira, em homenagem ao professor. O local funcionava onde hoje fica o DAE (Departamento de Água e Esgoto), na Rua dos Estudantes, na Vila Cordenonsi. Em novembro de 1971, o grupo foi transferido para Rua Professor Miguel Couto, onde está até hoje.

Paschoal Ardito
Paschoal Ardito nasceu em Polignano a Mare, na Itália, em 1854. Veio para o Brasil com 28 anos, em 1883, buscando lugares nas fazendas. Chegou na Villa Americana em 1900, em um povoado na Vila São Vito.No bairro, Paschoal Ardito construiu a primeira capela da cidade com a imagem do santo trazida da Itália, além de um armazém de secos e molhados. Também ficou conhecido por abrigar escravos que eram libertos e não tinham para onde ir. Considerado o principal responsável pelo desenvolvimento da Vila São Vito, o imigrante italiano foi homenageado tendo seu nome na rua onde foi construída a capela e o armazém. Hoje, a via é considerada avenida. Faleceu aos 47 anos, em 1930.

Florindo Cibin
Florindo Cibin (1867-1929) foi um imigrante italiano. Há poucos relatos sobre ele, mas se sabe que exerceu a função de Delegado da Polícia por 20 anos, entre o período de 1905 e 1925. Também foi dirigente da Igreja Matriz de Villa Americana, mas não há datas do período em que permaneceu. Sabe-se também que tinha um comércio, onde ocorreu o crime de assassinato do médico Cândido Cruz. Hoje, dá nome a uma das principais e mais extensas ruas da cidade, que percorre os bairros Morada do Sol e Catharina Zanaga.

Ignácio Corrêa Pacheco
Descendente de famílias importantes da nobreza portuguesa, Ignácio Correa Pacheco nasceu em Piracicaba, em 1858. Antes de iniciar sua carreira militar, foi professor de literatura no Colégio Piracicabano.

Ainda jovem, comprou terras da Fazenda Machadinho, pertencente ao amigo Basílio Bueno Rangel. No local, formou um loteamento que deu início ao primeiro núcleo urbano da Villa Americana. Por isso, hoje é considerado um dos fundadores da cidade de Americana. Pacheco também fez doação de parte das suas terras para a construção da Matriz Velha de Santo Antônio.

Faleceu de “congestão cerebral” aos 73 anos, em sua residência na Rua Carioba, em 1929. Não se casou e não deixou herdeiros ou bens a serem inventariados. Seu nome está em uma das principais ruas do Centro de Americana, além de ter sido reconhecido como Patrono do Tiro de Guerra 02-045 na gestão do ex-prefeito Waldemar Tebaldi.

Basílio Rangel
Capitão Basílio Bueno Rangel foi um personagem que lutou pela emancipação de Americana depois de um mal entendido que foi parar nos jornais da cidade. Em 1900, Villa Americana pertencia ao município de Campinas, mas era administrada por Santa Bárbara d’Oeste. Em 7 de março do mesmo ano, alegou que seus bens ++foram levados pelo juiz de Santa Bárbara, após negar pagar impostos ao município barbarense, pois eles já haviam sido pagos para Campinas. Em julho de 1904, o Governo do Estado criou o Distrito de Paz de Villa Americana e assim Americana teve sua independência. Hoje, Basílio Bueno Rangel é considerado o co-fundador de Americana e dá nome à praça no Centro da cidade. Faleceu aos 68 anos, em 1919.

Abdo Najar
Abdul Hadi Omar Najar, mais conhecido como Abdo Najar, foi empresário, vereador e prefeito do município no período de 1969 a 1972. O que poucos talvez saibam é que ele foi um ex-guerrilheiro da Síria.

Abdo Najar nasceu em Homs, na Síria, em 1905. Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Síria ficou sob administração da França. Aos 19 anos, Najar participou de ações de guerrilha contra a ocupação francesa no país. O jovem acabou sendo preso e há relatos de que foi torturado por se recusar a entregar um dos responsáveis pelo assassinato do então representante do governo francês.

Com pouco mais de 20 anos, Abdo Najar decidiu não arriscar mais a própria vida e se mudou para o Egito, mas acabou entrando em um navio de passagem pela América do Sul. Abdo desembarcou no porto Rio de Janeiro, onde começou uma nova vida. Hoje, é nome de avenida em Americana.

Dr. Cândido Cruz
O médico Cândido Cruz (1877-1920) nasceu em Caxias, no Maranhão. Há relatos que veio para a Villa Americana em pleno surto da malária, assim manipulava medicamentos para poder oferecê-los mais baratos à população carente. Por isso, Cândido ficou conhecido como “o médico dos pobres”.

A farmácia e o consultório dele ocuparam um imóvel na Rua 12 de Novembro. O médico foi casado com a professora Delmira de Oliveira Lopes.

Em 1920, Cândido Cruz foi assassinado pelo cunhado, no comércio de Florindo Cibin, em um dos crimes que chocou a cidade na época. Hoje o médico dá nome a uma das principais ruas do Centro da cidade.

Challil Zabani
Challil Zabani nasceu em dezembro de 1922, na Vila Carioba, em Americana. Passou a infância trabalhando na loja do pai, Carlos Zabani, fundador da Tecelagem Hudtelfa. Em dezembro de 1941, foi gerente fábrica e seis anos depois, tornou-se sócio do pai.

O grande marco de Challil foi a presidência da Câmara de Americana, em 1952. O seu nome também aparece na história por ser um dos fundadores do Rotary Clube e seu presidente por três vezes. Com o grupo de serviço, criou e dirigiu uma tecelagem na Vila Redher para destinar a renda total à manutenção do Hospital São Francisco. Além disso, foi membro da Irmandade de Misericórdia do hospital.

Também fez parte da comissão responsável pelas obras de construção da nova Igreja Matriz de Santo Antônio, foi delegado do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Americana e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e também um dos fundadores do Aeroclube de Americana.

Challil sempre procurou dar apoio às indústrias da cidade e como homenagem uma rua no Loteamento Industrial 9 de Julho leva o seu nome.

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