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COVID-19

Goodyear anuncia suspensão de contratos de trabalho por 30 dias

Segundo sindicato, funcionários de multinacional de Americana e Santa Bárbara terão 90% do salário mantidos, pagos pela empresa e pelo governo federal

Por Leonardo Oliveira/João Colosalle

16 de abril de 2020, às 12h17 • Última atualização em 16 de abril de 2020, às 16h56

Foto: Arquivo / O Liberal
Nos últimos meses, a Goodyear já vinha promovendo alterações em seu quadro de funcionários

A Goodyear, multinacional fabricante de pneus e uma das maiores indústrias de Americana, informou na manhã desta quinta-feira (16) que vai suspender contratos de trabalho por 30 dias.

A iniciativa é parte da estratégia da empresa, que tem unidade também em Santa Bárbara d’Oeste, para lidar com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Segundo o vice-presidente do Sindicato da Borracha de Americana e Região, Edinelson Azevedo de Souza, 90% do salário dos funcionários da Goodyear serão mantidos.

De acordo com o Sindicato da Borracha, 99% dos trabalhadores concordaram com os termos oferecidos.

A Goodyear continuará pagando em média, 60%, enquanto outros 30% serão completados pelo governo federal por meio do seguro-desemprego, afirmou Edinelson.

A suspensão dos contratos se aplica a 99% dos funcionários e pode ser prorrogada automaticamente por mais 30 dias ao fim do primeiro mês. Somente empregados da portaria, enfermaria e cargos de liderança tiveram os vínculos mantidos.

“Foi pensado nas pessoas, na saúde, emprego e continuidade dos negócios”, explicou Edinelson ao LIBERAL, na tarde desta quinta.

“Acho que teve essa votação também porque o trabalhador analisou a situação e também foi bem explicado como seria, não foi nada feito às escondidas”, completou.

Ao todo, segundo números informados pela entidade ao LIBERAL, 2213 dos 2216 funcionários optaram pela suspensão em uma assembleia virtual realizada na última quarta-feira (14). Ainda foram 287 votos anulados por irregularidades no preenchimento dos dados pessoais.

Pela manhã, o LIBERAL questionou a assessoria de imprensa da empresa sobre detalhes da extensão da medida na fábrica em Americana e qual seria o impacto nos salários dos funcionários, mas ela se recusou a informar e enviou apenas a seguinte nota, abaixo.

“A Goodyear confirma que, em Assembleia Virtual realizada no dia 14 de abril de 2020 pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Artefatos de Borracha, Pneumáticos e Afins de Americana e Região, foi aprovado Acordo Coletivo de Trabalho com os colaboradores das unidades de Americana e Santa Bárbara D’Oeste, para suspensão temporária por 30 dias do contrato de trabalho em vista da contínua ascensão da pandemia do Covid-19”.

A suspensão de contratos de trabalho e a redução de salários estão previstas em uma Medida Provisória do governo federal aprovada no início deste mês.

A MP faz parte das iniciativas para evitar que empresas demitam durante o período da crise provocada pelo coronavírus.

No dia 20 de março, a multinacional anunciou a suspensão temporária das atividades fabris em todas as suas plantas nas Américas, o que inclui a unidade de Americana. A previsão inicial era que a medida valesse pelo menos até o dia 3 de abril, mas a fábrica continua parada.

Segundo o Ministério da Economia, pelo menos 1,7 milhão de trabalhadores já tiveram jornada e salários reduzidos ou contratos de trabalho suspensos.

Demissões

Nos últimos meses, a Goodyear já vinha promovendo alterações em seu quadro de funcionários. Em fevereiro, a empresa fez demissões em Americana.

As dispensas sucederam a realização de um PDV (Plano de Demissão Voluntária) aberto no final de 2019.

Funcionários ouvidos pelo LIBERAL afirmaram que a empresa promoveu contratações com salários mais baixos para as funções dos demitidos.

Na época, a empresa afirmou, sem detalhar, que os cortes eram um movimento “alinhado à estratégia da companhia para manter-se competitiva no mercado nacional”.

Impactos

Em informe divulgado nesta quinta-feira, a Goodyear afirma que “os resultados do primeiro trimestre da empresa foram muito afetados pela interrupção econômica associada à pandemia do Covid-19”.

A empresa diz que implementa ações para reduzir custos com folha de pagamento por meio de reduções temporárias de salários, por exemplo. A medida afetaria mais de 9 mil funcionários em suas unidades corporativas e de negócios.

A multinacional reportou que as vendas no primeiro trimestre de 2020 foram de aproximadamente US$ 3 bilhões, abaixo dos US$ 3,6 bilhões de um ano atrás.

O volume da unidade de pneus totalizou aproximadamente 31 milhões no primeiro trimestre de 2020, uma queda de 18% em relação ao ano anterior.

“Esses resultados refletem declínios significativos nos envios globais de OE, depois que os fabricantes de automóveis interromperam a produção e a fraca demanda de reposição após os amplos mandatos de abrigo no local”, justifica a empresa.

No informe desta quinta, a Goodyear anunciou ainda que adota medidas rápidas para reduzir “agressivamente” os custos operacionais e as despesas de capital em resposta ao rápido declínio nos volumes do setor.

“Essas iniciativas seguem a decisão anunciada anteriormente pela empresa de fechar temporariamente suas instalações de fabricação nas Américas e na Europa, o que reduzirá os custos de conversão, melhorará os níveis de estoque e economizará dinheiro”, diz a empresa.

Com sede nos Estados Unidos, país onde mais se registrou casos e mortes por coronavírus no mundo até agora, a Goodyear emprega cerca de 63 mil pessoas em 21 países.

Em Americana, a Goodyear foi inaugurada em 1973. A unidade local é a maior fábrica de pneus da empresa na América Latina. Além da planta em Americana e da unidade de recapagem em Santa Bárbara, a multinacional também tem uma operação de recauchutagem de pneus para aviação em São Paulo.

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