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Entrevista

Ex-prefeito Frederico Polo Muller defende candidato próprio

Para o médico, que governou Americana entre 1993 e 1996, MDB deve disputar a eleição do ano que vem com cabeça de chapa

Por André Rossi

15 de setembro de 2019, às 08h40 • Última atualização em 15 de setembro de 2019, às 08h42

Prefeito de Americana entre 1993 e 1996, o médico Frederico Polo Muller (MDB) lembra com carinho do tempo que governou o município. “Exuberante” foi um dos adjetivos usados por ele para caracterizar o mundo político do qual ainda participa, mas de forma mais discreta.

Aos 73 anos, Frederico não tem planos de voltar a disputar um cargo eletivo. Quer cuidar dos netos e continuar exercendo a profissão de médico. Apesar disso, não considera que sua trajetória política está encerrada, apenas “em suspenso”. Fato é que o mais antigo prefeito vivo de Americana não quis tentar a reeleição em 1996, e não se arrepende. “Já tinha dado minha colaboração”, afirmou o ex-prefeito, que defende que o seu partido tenha candidato próprio na eleição do ano que vem.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
“Exuberante”, disse o ex-prefeito de Americana sobre o mundo político

Você ficou como prefeito por um mandato e não quis tentar a reeleição. Por que?

FREDERICO 
Naquele tempo achei que já tinha dado a minha cota de colaboração. Não tentei a reeleição. Eu achava que quatro anos de colaboração já haviam sido suficientes. Depois disso teve uma candidatura em 1998 para deputado estadual, mas não fui eleito. Aí depois eu não participei diretamente como candidato, mas continuei filiado ao MDB. Sou da comissão do diretório.

Qual a avaliação que você faz do seu trabalho como prefeito? Conseguiu atingir os objetivos que tinha traçado?

FREDERICO
Acredito que nenhum governante, seja nível municipal, estadual ou federal, consegue implementar, executar integralmente o seu plano de governo. Surgem quadros e situações adversas, né. Por exemplo, atualmente estamos passando por uma crise financeira a nível nacional, com desemprego e diminuição de recursos.

Se eu pudesse fazer um balanço da minha administração, acredito que grande parte do que nos propusemos a fazer na campanha foi executado. Um dos pontos importantes que eu sempre destaquei é que todo administrador que assume deve dar continuidade a obras já iniciadas em administrações anteriores. É uma coisa que frequentemente não acontece. Administrador assume e para a obra.

Tivemos o cuidado de dar continuidade a obras que foram iniciadas muitos anos atrás, interrompidas e nós retomamos. Um desses casos foi o Viaduto do Galo. O (Carroll) Meneghel (ex-prefeito) iniciou a construção, administração seguinte não deu continuidade e nós assumimos o compromisso de continuar. Agora parece que o prefeito Omar vai dar continuidade para fazer a outra alça que está faltando.

Não se candidatar para a reeleição pegou os membros do partido de surpresa?

FREDERICO
Não, não. Eles entenderam que eu já tinha dado a minha colaboração, entenderam o meu posicionamento pessoal.

Atualmente, como é a sua atuação dentro do MDB?

FREDERICO
Participação das reuniões do diretório, dando sugestões para a atual administração, vendo com o que posso contribuir com a administração.

Teve vontade de disputar cargos eletivos desde então?

FREDERICO
Vontade a gente sempre tem, né. Mas agora, nessa fase da minha vida, estou mais preocupado em cuidar dos meus netos, de continuar trabalhando como médico, que também é uma maneira de continuar servindo a população. Não tenho nenhuma pretensão de me candidatar a nenhum cargo. No futuro, quem sabe.

Considera que está encerrada essa participação mais efetiva na política?

FREDERICO
Eu não diria encerrada, diria que está em suspenso.

Você sente falta de “viver” mais ativamente a política local?

FREDERICO
O mundo político é o mundo mais amplo que tem. No exercício da atividade pública é que eu vi que o horizonte é muito mais amplo. O prefeito tem que resolver os problemas da Saúde, da mobilidade urbana, Educação, Segurança Pública… é um mundo muito vasto, muito grande.

Quando fui prefeito passei a dar valor para coisas que eu não dava antes, e passei a não dar valor a coisas que eu achava que eram importantes. Foi uma mudança muito grande no modo de operar a vida. É um mundo muito amplo e exuberante.

Como você projeta as eleições do ano que vem para o seu partido?

FREDERICO
Precisa ter uma discussão dentro do partido. Todos os filiados têm o direito de se candidatar prefeito, mas isso passa por uma avaliação dentro do diretório para decidir. Eu, particularmente, acho que o MDB deve lançar candidato próprio e se coligar com outros partidos se for o caso. Essa é a minha avaliação hoje. Tem vários nomes bons dentro do partido.

Quando o senhor foi eleito em 1992, quais eram os principais desafios que Americana tinha de enfrentar?

FREDERICO
Naquele tempo o problema maior foi a crise da importação dos tecidos da Ásia. Da importação de tecidos da China, Coreia, enfim. Isso causou um problema muito grave e sério nas indústrias têxteis de Americana. Houve uma mobilização dos sindicatos dos trabalhadores, do sindicato patronal, da comunidade como um todo.

Teve uma manifestação para ver se diminuía um pouquinho, se resolvia esse problema de importação do tecido da Ásia que estava afetando o setor. Muitas indústrias têxteis, muitas fábricas fecharam, empresas que tinham tradição.

Foi a primeira vez na história de Americana que sindicatos patronais e de trabalhadores se uniram para reivindicar uma causa comum. E realmente teve alguma consequência. Depois teve uma reunião, que tivemos a oportunidade de ir, na Organização Mundial do Comércio em Genebra, na Suíça, para poder minimizar, diminuir um pouco esse problema grave da importação. Teve algum sucesso.

A presença do tecido asiático é algo que afeta até hoje o setor têxtil em Americana. Os empresários dizem que não há como competir de igual para igual.

FREDERICO
Sem dúvida. É um problema que continua. Em menor intensidade, mas ainda. Sobreviveram só os empresários que fizeram investimentos e suportaram a crise, mas realmente os efeitos são sentidos até hoje. Apesar disso tudo, Americana ainda é, no Índice de Desenvolvimento Humano, a 19ª entre os mais de 5 mil municípios do Brasil.

Qual avaliação você faz da administração do Omar Najar?

FREDERICO
Até o ano de 2000 não havia a Lei da Responsabilidade Fiscal. É uma lei importante que prevê que o município não pode gastar mais do que arrecada. Com a crise econômica, a arrecadação diminui, mas mesmo assim o Omar sem dúvida nenhuma está fazendo o que é possível dentro dos recursos orçamentários que ele tem.

A cidade hoje é muito diferente da Americana que o senhor governou?

FREDERICO
A principal mudança que eu vi foi a diversificação da área econômica. Na minha época a indústria têxtil era a mais importante do ponto de vista econômico. Isso mudou muito. Hoje é mais amplo e tem mais diversificação.

Quais as principais necessidades da cidade em 2019?

FREDERICO
Sempre uma área crítica, e não só em Americana, é a área da Saúde. Sempre foi um problema. Americana é uma das cidades que tem hospital municipal, não são todas as cidades que têm, mas ainda é um problema. Agora, sem dúvida nenhuma há a necessidade de mais investimentos na área, que é uma das prioritárias.

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