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Americana

Ex-alunos do Colégio Vocacional tentam viabilizar museu

Americana tinha uma das seis unidades do Estado extintas há 50 anos pela ditadura militar; movimento tenta preservar a história

Por André Rossi

08 de dezembro de 2019, às 08h51 • Última atualização em 08 de dezembro de 2019, às 10h40

Considerado como um dos modelos mais avançados de ensino do País durante a década de 1960, o Sistema de Ensino Vocacional foi extinto pela ditadura militar no dia 9 de dezembro de 1969 por ser considerado “subversivo” e divulgador de propaganda comunista. Agora, perto do ato completar 50 anos, ex-alunos e professores da unidade de Americana, uma das seis que existiram no Estado, articulam a criação de um museu para manter viva a história da instituição.

Um dos responsáveis pelo movimento é Clorivaldo Devera, que foi aluno da primeira turma do Colégio Vocacional de Americana, em 1962. A escola funcionava na Rua Duque de Caxias, na Villa Santa Catarina, onde hoje funciona a Escola Estadual João XXIII.

Foto: André Rossi / O Liberal
Clorivaldo Devera, José Ângelo Pompeo e João Baptista Alves

“Estamos fazendo um trabalho para resgatar esses documentos. Já temos hoje uma sala onde está tudo lá dentro. A ideia do museu está embrionária ainda. Estamos aguardando uma colega, que era do Masp (Museu de Arte de São Paulo), que vai atuar junto”, disse Clorivaldo.

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A principal característica do Colégio Vocacional era ir além do conteúdo expositivo das escolas tradicionais e ensinava o aluno com a prática. Porém, um ano antes de ser fechado, problemas internos na unidade entre professores dispensados e a direção causaram o esvaziamento do modelo.

Um dos professores dispensados chegou a divulgar uma carta na qual dizia que a “subversão” sempre ocorreu no ensino vocacional, além de relacionar o sistema com o comunismo. Foi o bastante para que os militares começassem a investigar a instituição.

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Quem estava diretamente envolvido no dia a dia do Vocacional desmente a tese. O ex-professor José Ângelo Pompeo, que entrou no Vocacional em 1964 e lecionava a extinta disciplina de práticas comerciais, ressalta que o colégio incentivava o senso crítico dos estudantes e não tinha pudor em dizer a verdade.

“Você vai mostrar a realidade para aluno, mostrar a favela, mostrar a miséria que tinha nos acampamentos agrícolas. Se isso aí era ser subversivo, então nós éramos subversivos mesmo. Era mostrar a realidade”, afirmou Pompeo, que também está envolvido na organização de documentos para o vindouro museu.

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