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Relatos

‘Quase normal’: jornalista americanense relata reabertura na Espanha

Morando em Barcelona há pouco mais de um ano, jornalista André Cia fala sobre sua experiência no país que viveu um dos piores surtos da Covid-19

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12 de junho de 2020, às 10h04 • Última atualização em 12 de junho de 2020, às 11h46

O jornalista americanense André Cia, 44, viveu em primeira mão um dos piores surtos do novo coronavírus (Covid-19) registrados no mundo. Morando em Barcelona, na Espanha, há pouco mais de um ano, ele conta que o dia a dia na cidade começou a retomar a normalidade na última semana graças a um novo relaxamento das restrições de isolamento.

Com a reabertura parcial, André pode voltar a fazer exercícios físicos ao ar livre, como andar de bicicleta – Foto: Divulgação

A Espanha decretou estado de emergência no dia 14 de março. Já o lockdown total no país foi implantado em 28 de março, com multa de 600 euros (pouco mais de R$ 3,4 mil) para quem desobedecesse a restrição.

De acordo com o jornalista, a fiscalização por parte da polícia foi intensa tanto para os comércios quanto para os pedestres. Em uma das vezes em que tentou ir ao supermercado com o colega de quarto, os agentes os abordaram.

“Perguntaram onde a gente estava indo. Falamos que era ao mercado, que morávamos juntos e eles falaram ‘não’. Volta um para casa e vai só o outro, que não tinha necessidade de ir os dois. Até mesmo para entrar no mercado estava muito rigoroso”, contou André.

As infecções e mortes diárias pela Covid-19 na Espanha tiveram seu pico no início de abril e despencaram desde então. Isso permitiu que o país começasse a flexibilizar algumas atividades desde o final de maio.

“A gente pode dar essa experiência de que as coisas vão voltar ao normal se for feito o confinamento. A gente seguiu a risca e é por isso que hoje a gente está desfrutando de uma liberdade que não tínhamos mais”, comentou o jornalista.

Na última segunda-feira, Barcelona liberou o uso de praias. Já os clubes noturnos reabriram na maior parte da Espanha, com restrição de ocupação, e até mesmo as touradas foram autorizadas, porém limitadas a 400 pessoas por evento.

A fiscalização, no entanto, continua presente para evitar aglomerações. A Prefeitura de Barcelona começou a instalar na terça-feira câmeras para monitorar em tempo real a ocupação de praias da cidade. O objetivo é fazer um trabalho de conscientização dos banhistas caso haja lotação.

“O povo espanhol é muito parecido com o brasileiro. É um povo festeiro, alegre, que adora ficar na rua até tarde. Pessoal vai jantar às 23h, meia noite. Foi muito difícil ficar confinado, tanto para eles quanto para os estrangeiros que estão aqui”, lembrou André.

O início da semana passada também foi o primeiro em que o país não registrou novas mortes pela doença em dois dias consecutivos. Até este sábado, 27.139 pessoas morreram vítimas da Covid-19 na Espanha, que têm 241.966 casos confirmados.

Trabalhando em home office numa empresa de consultoria de casamentos, André disse que abrir mão de realizar atividades físicas durante o lockdown, como andar de bicicleta, foi uma das partes mais difíceis do confinamento.

Com a reabertura, os exercícios ao ar livre foram liberados de forma parcial durante algumas horas. No único dia em que ultrapassou em alguns minutos o período permitido durante uma caminhada, a polícia novamente o abordou e pediu para que voltasse para casa.

“Posso dizer para você que a gente já está vivendo praticamente uma normalidade. Foi muito legal a gente ir na praia no domingo e ver tantas pessoas reunidas, mas todo mundo respeitando que não podia entrar na água ainda. Acredito que vamos ter um verão muito agitado em Barcelona e a vida perto do que era normal”, opinou André.

Podcast Além da Capa
A pandemia do novo coronavírus completa três meses com a certeza de representar o maior desafio da carreira de gestores públicos em saúde, como é o caso dos secretários que atuam em cidades da região. Nesse episódio, o editor Bruno Moreira conversa com os responsáveis pelas pastas em Americana, Santa Bárbara e Nova Odessa sobre a experiência forjada pela crise.

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