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Morte na Bandeirantes

‘Espero um dia ter de volta a alegria que eu tinha antes’

Maythe Santini, que era casada com o empresário Diogo de Faria, vive a expectativa pelo julgamento do responsável por acidente

Por Leonardo Oliveira

31 de outubro de 2019, às 09h46 • Última atualização em 31 de outubro de 2019, às 10h23

Há dois anos e quatro meses, a empresária Maythe Santini vivia a expectativa do nascimento de seu aguardado primeiro filho ao lado do companheiro de dez anos, o também empresário Diogo de Faria. Na manhã do dia 16 de julho de 2017, sua vida mudou quando o marido morreu atropelado na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348).

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Diogo era ciclista nas horas vagas e cumpria o trajeto daquele domingo na rodovia, ao lado do professor de Educação Física Márcio José Bechis, que também foi atingido pelo carro e faleceu.

O veículo que os acertou era conduzido pelo técnico de informática Hyoran Gabriel Alves de Oliveira, de 21 anos, que vai a júri popular nesta quinta-feira, em Limeira.

Foto: Arquivo pessoal
Foto publicada em redes sociais de Maythe; hoje, filho do casal tem 2 anos

A empresária decidiu não ir ao julgamento por acreditar que ficaria emocionalmente abalada. Ela diz que o resultado do júri não mudará o seu sentimento sobre a tragédia. “Não existe reparação, independente do que aconteça com esse rapaz não vai trazer o Diogo de volta. Minha história não vai ser mudada, o que vai ser mudada é a história dele”.

Apesar disso, ela espera por uma condenação para que o ato praticado pelo técnico de informática tenha consequência. Na época do acidente, Hyoran estava embrigdo e sem habilitação.

Ele ficou preso de julho de 2017 até março deste ano, quando o STJ (Superior Tribunal de Justiça) aceitou um pedido de habeas corpus.

O TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) acolheu no dia 3 de abril um recurso da defesa e excluiu do processo duas qualificadoras para o crime. Na prática, isso reduz a pena mínima a que ele pode ser condenado de 12 para seis anos de prisão.

O advogado Mauro Atui Neto, responsável pela defesa do réu, diz que vai pedir a desclassificação de seu cliente do crime de homicídio com dolo eventual (quando uma pessoa assume o risco de cometer um crime, apesar de não desejar), do qual é acusado.

Foto: Lucas Claro / rapidonoar.com.br
Bêbado e sem habilitação, Hyoran dirigia o carro que atingiu as bicicletas de Márcio José Bechis e Diogo Cia de Faria

Com isso, o crime seria julgado nos termos do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), não do Código Penal.
mudança. Na época do acidente, o filho de Maythe tinha apenas 14 dias de vida, fruto de uma gravidez planejada. A tragédia transformou ela em viúva, mãe solteira e empresária da noite para o dia.

Diogo era o responsável por gerir uma imobiliária, e o negócio ficou para a esposa – ela admite que não tinha experiência no ramo, mas abraçou o desafio.

“Não é fácil, porque o Diogo era uma pessoa incrível, muito especial, carismática, honesta, um empresário bem-sucedido, um homem da minha admiração. Eu tenho muito orgulho que ele é o pai do meu filho. Nós esperamos por muito tempo a vinda do Pedro”, conta.

Ouça o “Além da Capa”, um podcast do LIBERAL

Nos últimos dois anos a empresária tem se apegado na fé para lidar com a situação e na perspectiva de um futuro melhor para ela e seu filho.

“Eu almejo resgatar a alegria que eu tinha, a felicidade que minha casa tinha, poder desfrutar de uma vida tranquila. Nada nunca vai substituir o Diogo, mas eu acredito que eu vou ter um suprimento, vou ser cuidada, assim como o Pedro também, acredito que vai ter restauração na minha casa, é isso que eu espero”, completa.

Pedalada foi a primeira e última juntos

A pedalada de Diogo Faria e Márcio José Bechis que terminou na morte dos dois em 2017 foi a primeira que eles fizeram juntos desde que haviam se conhecido, dois meses antes, quando o empresário de Americana começou a fazer natação na academia onde o professor de Educação Física dava aulas.

“Um amigo nosso em comum que conhecia o Diogo e o Márcio nadava em Nova Odessa, numa academia, e o Diogo começou a treinar lá também”, conta o advogado Alexandre Beretta de Queiroz, amigo de Faria.

Foto: Reprodução / Facebook
Diogo (esq.) era empresário e triatleta em Americana, quanto Márcio era professor de educação física e morador de Nova Odessa

Diogo foi convidado para participar do grupo de WhatsApp da academia e combinou um treino de bicicleta para a manhã do dia 16 de julho de 2017. Somente os dois estenderam o percurso até Limeira. Na volta, às 8h40, o carro conduzido por Hyoran invadiu o acostamento e os acertou.

“Embora o Márcio seja um atleta e o Diogo também, eles nunca pedalaram juntos, foi a primeira vez e ocorreu essa tragédia”, lembra Beretta.

A esposa de Márcio na época da tragédia também foi procurada, mas não retornou os contatos feitos pela reportagem.

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