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Acidente de trabalho

Empresa poderia ter evitado a tragédia, diz família de jovem

José Carlos, de 18 anos, cumpria seu primeiro dia em um novo setor; irmão diz contratação era para outra função

Por Heitor Carvalho

29 de novembro de 2020, às 08h19

Familiares do jovem José Carlos de Lima Neto, de 18 anos, que morreu após um acidente ocorrido em uma fábrica de embalagens plásticas, em Americana, na última segunda-feira, afirmaram que a empresa poderia ter evitado a tragédia.

José Carlos morreu na terça-feira, após ser internado no Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi por ter tido seu crânio prensado por uma das máquinas da empresa em seu primeiro dia de trabalho no setor de manutenção.

Irmão de José Carlos acredita que acidente poderia ter sido evitado – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

Segundo Thiago Giacobbe, irmão da vítima e que também trabalha na área de manutenção, José Carlos foi contratado para o cargo de auxiliar de produção, função que nunca exerceu.

Ele acusa a empresa, a Eplam, de ter deixado o rapaz operando sozinho uma máquina para a qual não teria recebido qualquer treinamento para operar. Thiago diz que a máquina onde o acidente ocorreu foi alterada e reclama da falta de auxílio da empresa.

Ele acusa empresa de ter deixado José Carlos operar sozinho uma máquina sobre a qual não tinha treinamento – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

“Eles ofereceram ajuda financeira com os custos funerários quando eu já estava a caminho da funerária prestes a resolver as coisas. Minha mãe está super abalada, chora todos os dias e eles querem, para que ela tenha acesso a qualquer tipo de ajuda psicológica, que ela vá até a empresa. Não tem a menor condição”, disse.

José Carlos de Lima Neto havia completado 18 anos em março. Antes disso, ele havia atuado como jovem aprendiz da empresa por cerca de oito meses. Ele conheceu a Eplam em um processo seletivo do Ciee
(Centro de Integração Empresa-Escola).

Jovem pretendia cursar a faculdade de Educação Física – Foto: Reprodução

Segundo Thiago, durante o período como aprendiz, José foi muito elogiado por sua dedicação, o que fez com que fosse contratado efetivamente. Ele relata que o irmão ficou muito feliz de ter conseguido o emprego, porque isso ia ajudá-lo a pagar a faculdade de educação física, um desejo pessoal.

Thiago contou que a tragédia deixou uma marca profunda na família e em todas as pessoas que conheceram José, que era uma pessoa muito querida.

“Falando como irmão, o José era um menino excelente e esforçado. Aqui em casa ele era a nossa ponte. Nós somos três adultos e duas crianças, uma de nove e outra de quatro. Ele era o elo da família. O de nove está sentindo muita falta dele, o pequeno ainda mais”, afirmou.

APURAÇÃO
Questionado pelo LIBERAL, o Ministério Público do Trabalho em Campinas informou que uma apuração foi aberta contra a Eplam já no dia do acidente para investigar o caso e que tomou “providências ainda sigilosas junto a outras instituições”.

A Polícia Civil também irá apurar o caso. Segundo a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), o acidente será investigado em um inquérito policial que será aberto nos próximos dias no 3º Distrito Policial.

EMPRESA
Ao LIBERAL, a Eplam informou que reiterou que está à disposição da família para mantê-los informados quanto ao andamento das perícias e procedimentos investigatórios.

A empresa também disse que ofereceu apoio psicológico e financeiro à família. Quanto às demais indagações, a Eplam disse que se manifestará em nota após o processo investigatório ser concluído pelas autoridades competentes.

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