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COVID-19

Em meio à pandemia, consumo cresce e DAE faz alerta por uso consciente

Com mais pessoas em casa, autarquia registra consumo acima da média até em dias da semana; série de problemas comprometem distribuição na cidade

Por André Rossi

26 de março de 2020, às 08h34 • Última atualização em 26 de março de 2020, às 17h48

O diretor geral do DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Americana, Carlos Cesar Gimenes Zappia, alerta que existe risco de desabastecimento na cidade caso não haja consumo consciente durante a quarentena vigente no Estado de São Paulo por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

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Desde a última sexta-feira, a autarquia tem registrado consumo acima da média até mesmo em dias considerados “bons” para reabastecer os reservatórios, como domingo e terça-feira. Aliado a isso, equipes de campo do DAE observaram aumento no número de pessoas que estavam lavando calçadas e carros no sábado, o que é extremamente desaconselhável neste período.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal_11.2.2019
Diretor geral do DAE, Carlos Zappia diz que o aumento do consumo é inevitável, mas pede consciência

Paralelamente, a população sofre com desabastecimento em praticamente todas as regiões da cidade. Segundo Zappia, um conjunto de fatores potencializaram o problema desde a semana passada: rede d’água estourada, bomba de captação com defeito, incêndio em painel de força na ETA (Estação de Tratamento de Água) e até vandalismo.

A autarquia espera solucionar os “problemas pontuais” para minimizar a falta d’água no município, mas ressalta que o único lugar que não tem como garantir que não haverá novos contratempos é na subadutora da Avenida Campos Sales, que nesta quarta-feira rompeu pela oitava vez no ano. Toda a rede terá de ser trocada; a licitação foi iniciada anteontem e a expectativa é de que as obras comecem em abril.

“Se não houver consumo consciente, é perigoso sim (ter desabastecimento). É perigoso porque nós temos limitações no sistema. O sistema é limitado. Ele tem condições de abastecer? Tem, mas se você extrapola a média de uso é complicado”, comentou Zappia.

Desde o ano passado, o DAE afirma ter ampliado a quantidade de água disponível e que a redução nos casos de vazamentos está na faixa dos 50%. O diretor da autarquia não nega que existe a possibilidade de novos problemas acontecerem por conta dos problemas estruturais da rede, motivo pelo qual reforça o pedido para que haja o uso racional da água.

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“O aumento do de consumo vai acontecer (durante a quarentena). É inevitável. O que a gente pede é que as pessoas não façam aquilo que não é necessário. A gente viu um jornal na TV falando ‘aproveita que você está em casa para lavar roupas de inverno, limpar toda a casa’. Calma. Vamos devagar. Não vamos fazer isso tudo de uma vez se não nós vamos ter problema”, apontou Zappia.

O desabastecimento, no entanto, já é uma realidade para diversos moradores, com a dona de casa Mônica Aparecida Nora, 42, do Jardim Ipiranga. Com os problemas no abastecimento da região desde domingo, ela está ficando na casa da mãe durante o dia, no Cidade Jardim.

“Não tenho mais de onde tirar água, minha reserva acabou. Tive que sair de onde moro e vim na casa da minha mãe, no Cidade Jardim. Minha mãe é idosa, está em tratamento porque está doente e eu tenho duas crianças, uma dela especial. É justo isso? Eu tô ficando aqui porque eu não tenho nem água para cozinhar. Aí minha vizinha que ficou lá (Jardim Ipiranga) avisa se está chegando água. Aí eu pego e vou embora”, contou Mônica.

Moradores de ao menos 15 bairros em diversas regiões do município relataram problemas de abastecimento, conforme matéria publicada pelo LIBERAL na terça-feira (24). A situação fez, inclusive, com que com o que o 2º promotor de Justiça de Americana, Ivan Carneiro Castanheiro, questionasse o DAE sobre o cronograma para reabastecimento.

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Segundo Zappia, um conjunto de fatores afetaram a distribuição na última semana. Além dos mencionados anteriormente, um bomba no ponto de captação d’água no Rio Piracicaba apresentou problema e teve que ser trocada no dia 15 de março, um domingo, o que reduziu em 30% a capacidade de bombeamento.

Os efeitos começaram a serem sentidos no Parque Novo Mundo na segunda-feira (16). Para piorar, uma rede estourou na terça-feira (17). No dia seguinte, estava agendada uma interligação na rede que não podia ser reprogramada. Desde então os relatos de falta d’água não pararam.

“Foi um conjunto de fatores. Não vou chamar de azar. Não é azar. São consequências da falta de investimento ao longo dos anos. Houve uma convergência nesse período. É um período crítico”, explicou Zappia.

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