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Covid-19

Em Americana, risco de morrer de Covid-19 é 11 vezes maior do que por violência

Diferença entre quantidade de mortes violentas e as causadas pelo coronavírus mostram agressividade da doença que matou quase 400 pessoas na cidade

Por Ana Carolina Leal

25 de abril de 2021, às 08h00

O risco de alguém perder a vida por causa do novo coronavírus em Americana é, no período de um ano, 11 vezes maior que o de morrer violentamente, ou seja, por homicídio, latrocínio ou acidente de trânsito. É o que revela levantamento feito pelo LIBERAL com base nos números divulgados pela Secretaria de Saúde de Americana, pela SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) e pela plataforma Infosiga, do Estado.

Entre a confirmação da primeira morte por Covid-19 em Americana, no dia 27 de março de 2020, até 31 de março deste ano, passaram-se um ano e 371 óbitos no município. No ano passado inteiro, homicídios, latrocínios e acidentes de trânsito provocaram 33 mortes. Enquanto foi registrada uma morte violenta a cada grupo de 7,3 mil habitantes, foi uma vida perdida para o novo coronavírus a cada 652 moradores.

A contaminação acelerou e o número de mortes chegou a 95 somente no mês de março deste ano. No entanto, nem a alta na quantidade de óbitos é capaz de frear festas clandestinas e aglomerações. Neste ano, até o dia 20 de abril, a Vigilância Sanitária de Americana fez duas interdições, aplicou nove multas e 21 autos de infração para estabelecimentos em geral e um auto de infração relativo à realização de festa.

Em todo o ano de 2020, foram 19 advertências, 41 interdições, 28 multas, 13 autos de infração para estabelecimentos em geral e dois autos de infração relativos à realização de festas. De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, as ações da Vigilância Sanitária ocorreram em bares com entretenimento, estabelecimentos de gênero alimentício, academias, clínicas de estética, tabacarias, pesqueiros, drogarias e laboratórios de análises clínicas.

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Segundo especialistas, o maior problema do coronavírus e sua letalidade é a alta transmissibilidade. “Essas variantes novas, tanto a de Manaus como a britânica e sul-africana – e agora encontraram uma mais complicada na Índia –, têm resultado numa maior transmissibilidade. A capacidade de transmissão é maior, não sabe se é porque a carga viral é maior ou porque é mais adaptável. O vírus está se adaptando ao ser humano”, afirmou o médico infectologista Arnaldo Gouveia Junior, que integra o Comitê de Crise da Prefeitura de Americana.

De acordo com ele, um infectado pode transmitir a doença um ou dois dias antes de apresentar sintomas. “É um grande problema, porque, às vezes, mesmo se isolando precocemente pode haver a transmissão”, disse. O médico, porém, faz uma ressalva. “A transmissão antes dos sintomas não é tão eficaz. Transmissão mais eficaz é depois que começa a tosse. Cada vez que a pessoa tosse, projeta partículas mais distantes”.

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Depois que começa a apresentar sintomas, o infectado pode transmitir a doença, em média, por até oito ou dez dias. Se a pessoa tem baixa imunidade ou está em uso de medicação que baixa a imunidade, esse período de transmissão é maior, podendo chegar até 20 dias, afirmou o infectologista.

REDUÇÃO
A única maneira de frear o número de mortes por Covid-19 é diminuir a transmissão. “As medicações que nós temos, os resultados são bastante limitados, ficamos dependendo muito mais da estrutura física do paciente e da carga genética do que de qualquer outra coisa. Portanto, a única maneira efetiva é reduzir a transmissão”, disse Arnaldo.

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Em entrevista ao LIBERAL nesta semana, o infectologista Francisco Hideo Aoki, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), elencou três medidas essenciais para controle efetivo da pandemia – testagem em massa, isolamento social e vacina para toda a população.

“Isso não vai parar enquanto não tiver pelo menos essas três coisas. Tem muita gente morrendo, ficando com sequelas pós-Covid, realmente uma coisa absurda. Tem que estancar o mais rápido possível”, desabafou.

VIOLÊNCIA X COVID-19
Números mostram impacto da nova doença nas taxas de mortalidade em Americana

  • Vítimas de homicídio* 10
  • Vítimas de latrocínio* 1
  • Vítimas de acidentes* 22
  • Vítimas da Covid-19** 371

Fonte: SSP, Infosiga e Prefeitura de Americana 
*Registros de todo o ano de 2020
**Registros de março/20 a março/21

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