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Cadastro único

Em Americana, registros de extrema pobreza dobraram entre 2016 e 2018

Crise econômica, queda na renda das famílias e busca ativa realizada pela prefeitura explicam crescimento dos cadastros

Por Marina Zanaki

04 de agosto de 2019, às 10h00 • Última atualização em 04 de agosto de 2019, às 10h08

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal.JPG
Prefeitura fez cadastro em acampamento, um dos motivos para o crescimento dos registros

O número de famílias registradas na primeira faixa do Cadastro Único, consideradas de extrema pobreza pelos critérios do Bolsa Família, passou de 1.821 em 2016 para 3.943 em 2018, em Americana, um crescimento de 116%.

Crise econômica, queda na renda das famílias e uma busca ativa dos equipamentos de assistência social do município por essas pessoas explicam o aumento.

O Cadastro Único é a porta de entrada de famílias para cerca de 20 benefícios sociais. Os mais conhecidos são o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.

O registro do Cadastro Único divide as famílias em faixas de renda. A primeira delas tem rendimento per capita de até R$ 89. Pelos critérios do Bolsa Família, todas essas famílias são consideradas de extrema pobreza.

A Prefeitura de Americana diz que houve um grande aumento na procura para inclusão de famílias visando os programas sociais e que promoveu o cadastro de famílias que se declararam acampadas no Roseli Nunes, na área do Pós-Represa.

O governo também explica que houve amplo registro por conta do programa Minha Casa, Minha Vida com as famílias dos empreendimentos Vida Nova I e II e também para o Asta (Associação dos Sem-Teto de Americana).

No final de 2016, o registro no Cadastro Único tornou-se obrigatório para beneficiários do BPC (Benefício de Progressão Continuada).

ANÁLISE. O professor Bruno Pissinato, mestre em Economia Aplicada e professor da faculdade de gestão e negócios da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), acredita que, além do trabalho realizado pela prefeitura, os números sejam um reflexo da crise econômica. Ele aponta que os benefícios oferecidos à população mais pobre são essenciais para o combate à pobreza.

“São pessoas que vão ter um pequeno poder aquisitivo, vão até o comércio e isso gera atividade econômica. Temos melhoria na qualidade social e talvez uma pequena melhora na atividade econômica”, destacou.

Cientista político e analista do Instituto Guimarães, Daniel Marinho lembrou que havia uma expectativa de melhora na economia no início do governo de Michel Temer (MDB) e após a reforma trabalhista. Contudo, isso não se concretizou.

“A reforma trabalhista veio com ideia de gerar mais empregos, mas não ocorreu, a economia não reagiu, e empurrou mais pessoas para um trabalho de baixa renda. Pessoas que perderam emprego de carteira assinada abriram negócio em casa para manter renda, e recorrer a benefícios do governo”, analisou.

POBREZA. O conceito de pobreza e extrema pobreza não possui uma única definição. O Banco Mundial entende que pessoas que vivem com menos de US$ 1,90 por dia fazem parte da extrema pobreza.

Marinho apontou que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) traz um conceito humanitário. “Acesso a serviços como moradia, educação, proteção social, acesso a informação também fazem parte do critério”, explicou.

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