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Americana

Em Americana, casal abriga cerca de 200 animais

ONG Anjos Peludos, que funciona em chácara na Praia dos Namorados, tenta combater abandono de cães e gatos na região

Por Valéria Barreira

16 de junho de 2019, às 11h35 • Última atualização em 17 de junho de 2019, às 09h14

Foto: Marcelo Rocha - O Liberal.JPG
Cristiane e parte de seus abrigados; rotina é de dedicação aos animais

Uma chácara na região da Praia dos Namorados, em Americana, abriga moradores especiais. Ali, um casal divide seus dias na companhia de 200 animais resgatados das ruas. São cães e gatos que encontraram no lugar a chance de sobreviverem ao abandono.

O casal integra a ONG Anjos Peludos e diariamente convive com o desafio de manter o espaço e continuar dando abrigo a tantos animais. A rotina de Cristiane Ochiuto Marques e Claudio Higa, ambos de 49 anos, é voltada aos bichos. Eles cuidam praticamente sozinhos de todo o espaço.

São 1,9 mil metros quadrados de área. Nela estão o canil e dois gatis (os gatos são maioria). A falta de voluntários para ajudar na rotina de cuidados – limpeza de todo o espaço e alimentação – é uma das principais dificuldades vivenciadas pela ONG.

“Além de cuidar dos animais aqui, a gente tem que pensar no que vai fazer lá fora para trazer dinheiro e manter todos eles”, diz Cristiane. E não é só isso. As idas aos veterinários são frequentes e pelo menos um dos dois está sempre se deslocando para garantir cuidados aos bichos.

Todos os animais da Anjos Peludos são castrados. Como muitos chegam ali em condições de abandono extremo precisam de cuidados especiais, o que requer ainda mais tempo e dedicação.

A falta de voluntários não é sentida apenas no dia a dia da ONG. Nos últimos anos, a entidade viu cair também o interesse das pessoas em ajudar efetivamente a causa.

Na página da ONG numa rede social muitos oferecem ajuda, mas na maioria das vezes ela não se concretiza. “Na hora, comovidos com a situação de um animal abandonado, são muitos os que se propõem a ajudar, mas é só no calor da emoção”, lamenta Cristiane.

Quando o telefone toca na sede da instituição, ela já sabe o que esperar. São cerca de 30 ligações por dia. Na grande maioria vindas de pessoas querendo se desfazer de um animal. Raramente o contrário. E os motivos são sempre os mesmos, como mudança de casa para apartamento, gravidez na família, animal que cresceu demais ou então ficou velho e a família não dispõe de tempo para cuidar dele. “Uma pessoa nos procurou querendo doar um animal que já estava na família há mais de 12 anos. Dificilmente esse animal vai encontrar um novo lar. Nessas horas o nosso trabalho é de orientação”, diz.

Esse trabalho também é feito na feira de adoção da ONG no Mercadão. Mas até ali, o interesse já não é mais o mesmo. Se há alguns anos chegavam a ser encaminhados para lares adotivos até 60 animais num final de semana, hoje não passam de 15.

AJUDA

A ONG também sentiu o impacto da crise econômica. A Anjos Peludos vive da renda de eventos beneficentes que promove. Conseguir parceiros e patrocinadores também está mais complicado. Segundo Cristiane, a crise também impacta sobre o interesse na adoção de animais. “Quanto mais difícil está lá fora, mais sentimos aqui dentro”.

As principais despesas da instituição são com o aluguel da chácara e com a alimentação dos animais. Diariamente são consumidos 50 quilos de ração. Graças ao voluntariado de veterinários, não há gastos com despesas médicas. Apenas com os medicamentos.

Tantos desafios já fez Cristiane pensar em desistir e, quando indagada sobre o a que faz continuar, se emociona e diz que é “o não conseguir fechar os olhos”. “O coração sempre fala mais alto”, diz.

Maioria sofreu maus tratos ou abandono

Foto: Marcelo Rocha - O Liberal.JPG
Grupo de voluntários da Sage Foundation é um dos poucos que ajudam no trabalho da ONG Anjos Peludos

Ratoeira, Nino, Mãezinha. Muitos nomes e histórias de abandono cercam os animais socorridos pela ONG Anjos Peludos. Todos os cerca de 200 animais mantidos pela instituição na chácara do bairro Recanto Jatobá foram recolhidos das ruas. A maioria foi vítima de maus tratos e resgatada de situações de extremo abandono e vulnerabilidade.

Esse foi o caso do Bob. O cachorro foi socorrido quando já estava “em pele e osso”, como informa a voluntária Cristiane Ochuiuto Marques. O animal foi vítima da negligência. Os antigos donos foram viajar e ele ficou um mês sem se alimentar.

Cristiane lembra que o animal estava na “sarjeta” num bairro de Sumaré, quando a Anjos Peludos soube da sua situação e foi buscá-lo. “Dois meses depois de chegar na chácara, ele já estava saudável. Nem parecia o mesmo animal”. Para a voluntária, a história de Bob é o exemplo de como os cuidados podem fazer a diferença entre a vida e a morte. “Muitos chegam até nós quando já estão bem debilitados, mas com os cuidados conseguimos evitar que morram no abandono”.

Todos os animais salvos pela ONG são castrados e disponibilizados para adoção. No caso dos gatos, eles são mantidos em dois recintos próprios para a espécie, fechados com tela para evitar que fujam. v.B.

Como ajudar

  • Doando ração em qualquer quantidade
  • Sendo um voluntário para ajudar nos cuidados com os animais abrigados
  • Doando cobertores e jornais
  • Colaborando com os eventos realizados ao longo do ano para arrecadar fundos

Depositando qualquer quantia através de depósito bancário para:
Anjos Peludos – Banco Itaú
Agência 7390 – CC 31509-6

CONTATO – ONG Anjos Peludos
Telefone: 19 98817-7248

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