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Americana

Delegado e familiares confirmam que corpo encontrado no Zanaga era de haitiano

“É o corpo dele. Eu reconheci ele. Com certeza é meu namorado", disse a companheira de Guerlinx Doriscard em entrevista ao LIBERAL

Por Leonardo Oliveira

14 de agosto de 2020, às 16h34

Segundo a namorada, Guerlinx foi visto pela última vez na quarta-feira (12), quando saiu de casa por volta das 13 horas - Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

O corpo encontrado na manhã desta quinta-feira, na região do Antônio Zanaga, em Americana, é do engenheiro civil Guerlinx Doriscard, de 29 anos. A informação foi confirmada na tarde desta sexta ao LIBERAL pelo delegado Marco Antônio Pozeti e por familiares do haitiano, que estiveram no plantão policial para o registro de um boletim de ocorrência.

“É o corpo dele. Eu reconheci ele. Com certeza é meu namorado”, disse a enfermeira Marise Destine, com quem Guerlinx mantinha um relacionamento. Além dela, vários familiares e amigos também compareceram ao IML (Instituto Médico Legal) e confirmaram visualmente que se tratava do haitiano.

Como protocolo, ainda haverá a comparação pela arcada dentária com uma radiografia dele para comprovar a identidade em laboratório. Guerlinx, no entanto, irá constar no boletim de ocorrência como vítima de uma morte suspeita. O caso será investigado pela Polícia Civil.

Segundo a namorada, Guerlinx foi visto pela última vez na quarta-feira (12), quando saiu de casa por volta das 13 horas, sem documentos e sem levar o celular. “Eu tentei ligar pra ele . Eu tinha umas coisas pra fazer com ele em Santa Bárbara e eu tentei contato. Eu não consegui achar ele. Aí eu liguei para a mãe dele, que falou que também estava procurando”, disse Marise.

Gurlinx morava em Americana e Marise em Santa Bárbara, por isso não tiveram contato presencial no dia do desaparecimento. Na quarta, ela e a mãe do haitiano saíram buscando por notícias dele em diversas regiões da cidade.

“A gente andou, fui no hospital, eu fui na Unisal, fui em vários lugares. Nessa noite a gente foi em todos os lugares e a gente não conseguia achar ele. Na quinta a gente recebeu essa notícia”, acrescentou.

Ao LIBERAL, a enfermeira diz agora só espera saber o que houve com seu companheiro. “Ele era é gente boa demais. Só Jesus que sabe. Na nossa tristeza, a gente tem que só agradecer a Deus por tudo, pedir força pra ele. Eu espero muito saber o que aconteceu com ele. Eu quero que a Justiça ajude a gente nesse momento que é muito difícil.. Eu acredito na Justiça no Brasil”, finaliza.

Corpo localizado 

O corpo foi encontrado na manhã desta quinta-feira em um terreno da região do Antônio Zanaga, em Americana. O caso foi registrado como morte suspeita no plantão policial de Americana.Uma das suspeitas é que o cadáver tenha sido queimado durante a madrugada, segundo a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana, que atendeu a ocorrência junto com uma equipe da PM (Polícia Militar).

A circunstâncias da morte serão determinadas pelo IC (Instituto de Criminalística). Peritos foram até o local e encontraram uma lata de querosene com uma caixa de fósforo perto do corpo. Consta no boletim de ocorrência que um morador achou o corpo em uma área de mato próximo a horta comunitária do bairro, e procurou a polícia para relatar o caso.

Empreender e inspirar

Em fevereiro deste ano, a trajetória de Guerlinx foi contada pelo LIBERAL na seção ‘Boas Histórias’. Ele foi o primeiro haitiano a ingressar na Unisal (Centro Salesiano de São Paulo) em Americana e concluir a formação

Ele vivia há 6 anos na cidade e esteve entre os formandos do curso de Engenharia Civil da Unisal. A ideia inicial de GD, como ficou conhecido na faculdade, era se dedicar à um curso técnico, embora já tivesse algumas formações no Haiti. Entre idas e vindas em busca de oportunidades, iniciou a graduação.

A bolsa de estudos integral foi conquistada com a participação em projetos da faculdade. Dentre eles, o desenvolvimento de um tijolo ecológico, logo no primeiro ano de curso, que já é fabricado em Hortolândia.

“Guerlinx foi um guerreiro sensacional, uma pessoal como poucas”, diz orientador

O professora do Unisal, Flávio César Rossi, orientou Guerlinx nos projetos de extensão que o aluno participou durante o período letivo. Emocionado, contou ao LIBERAL dos projetos realizados pelo haitiano durante a graduação.

Em um deles, dedicou-se a ensinar português e cultura brasileira a um grupo de haitianos que vivia na região. Em outro, trabalhou matérias de empreendedorismo com a mesma comunidade, conta Flávio.

“Guerlinx foi um guerreiro, foi um estudioso, foi um ser humano que nunca deixou de olhar para o próximo. Ele pensava no seu desenvolvimento, mas sempre pensando em compartilhar. É um momento de muita tristeza, é um momento muito chocante para todos nós que convivíamos com ele”, lamentou.

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