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Americana

Crédito oferecido durante pandemia não chega a bares e restaurantes

Sem o aporte financeiro anunciado pelo governo federal, comerciantes de Americana têm demitido em meio à pandemia da Covid-19

Por Leonardo Oliveira

31 de maio de 2020, às 08h06 • Última atualização em 31 de maio de 2020, às 08h59

Donos de bares e restaurantes em Americana têm tido dificuldade para ter acesso as linhas de crédito ofertadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Sem o aporte financeiro, tiveram que demitir funcionários.

Desde abril o governo tem anunciado recursos para tentar evitar demissões. Um deles é o Pese (Programa Emergencial de Suporte a Empregos), que reserva R$ 40 bilhões para que pequenas e médias empresas banquem a folha de pagamento. Só que esses recursos não têm chegado para os microempresários.

Bar no Centro de Americana tem mesas empoeiradas em tempos de quarentena – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, divulgada na semana passada, apontou que 64 dos 340 associados do órgão tentaram acessar empréstimos junto às instituições financeiras, sem sucesso.

O comerciante Carlos Alberto de Camargo, de 52 anos, entra nessa estatística. O proprietário do bar Deck MEIA 13, localizado no Centro de Americana, procurou instituições bancárias no início do mês para tentar um empréstimo que colocaria suas contas em ordem, mas teve a solicitação recusada.

“Eu mudei o nome da minha empresa e passei para o nome do meu filho não tem um ano. O cadastro não aprova de jeito nenhum pelo tempo de empresa aberta. Para quem realmente precisa os bancos não emprestam”, disse ao LIBERAL.

O comerciante Carlos Alberto de Camargo, proprietário de um bar na região central de Americana, fechado por conta da quarentena do coronavírus; empresários reclamam de dificuldades para ter acesso a crédito – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Sem o crédito e vendo suas reservas financeiras se esgotarem, Camargo teve que demitir três funcionários desde o início da quarentena. Além disso, dispensou 18 trabalhadores free lancer.

De acordo com o plano do governo estadual, bares e restaurantes só podem funcionar a partir da fase 3, “com restrições”. Americana e região ainda estão na fase 2.

“Fica muito indefinido se eu vou conseguir manter meu bar se isso perdurar por mais dois, três meses”, lamenta.

O comerciante Renato La Selva, proprietário do Madreesilva Café & Restaurante, também instalado em Americana, se sentiu atraído pela taxa de juros concedida em uma das linhas de crédito e tentou o recurso para o capital de giro de seu estabelecimento, mas não conseguiu.

“A gente tentou em todos os bancos. Essas linhas do governo, nenhuma está disponível. O que a gente acaba conseguindo são linhas de crédito do próprio banco. São linhas de balcão”, relata.

Em uma videoconferência do BNDES, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu que o crédito não está chegando às micro, pequenas e médias empresas e prometeu novas medidas para resolver o problema.

O LIBERAL questionou o banco sobre as reclamações dos comerciantes, mas não houve resposta até o fechamento.

Podcast Além da Capa
O novo coronavírus representa um desafio para a estrutura de saúde de Americana, assim como outros municípios da RPT (Região do Polo Têxtil), mas não é o primeiro a ser encarado. H1N1, dengue, malária, febre maculosa. Outras doenças também modificaram rotinas, exigiram cuidados além do trivial – ainda que não tenha havido quarentena, como agora – e servem de experiência para traçar paralelos com o atual cenário. Nesse episódio, o editor Bruno Moreira conversa com a repórter Marina Zanaki, que assina uma série de reportagens sobre outras epidemias em Americana.

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