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Coronavírus

Jornalista americanense vive situação delicada na Itália

Ricardo Bento Gonçalves mora em Milão, na Itália, há dois anos e meio e relata como está atualmente o país europeu, por conta do surto de coronavírus

Por Marina Zanaki

28 de fevereiro de 2020, às 07h59 • Última atualização em 28 de fevereiro de 2020, às 09h41

O jornalista Ricardo Bento Gonçalves, de 28 anos, mora em Milão há dois anos e meio. O americanense, que já trabalhou como assessor de imprensa da Prefeitura de Nova Odessa, enviou ao LIBERAL um relato de como têm sido os últimos dias na cidade italiana por conta do surto de coronavírus.

O país europeu, que tem 650 confirmações e 17 mortes pela doença, é o terceiro no mundo com mais casos, atrás apenas da China (78 mil casos) e da Coreia do Sul (1.595 casos). Leia o depoimento de Ricardo.

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A situação está bastante complicada. Milão é a capital da moda e, em pleno mês de Fashion Week, quando a cidade geralmente registra um grande fluxo de turistas, vemos uma cidade vazia, pessoas apavoradas, com medo de saírem de suas próprias casas. Muitos restaurantes fechados e com placas de aviso dizendo que ficarão fechados por tempo indeterminado.

Foto: Reprodução / Facebook
Ricardo vive em Milão e diz que atualmente não se fala em outra coisa no país europeu: coronavírus mudou a rotina da população

Nas ruas, as poucas pessoas que circulam usam máscaras de proteção. Motoristas de ônibus também usam máscaras. Viagens de trem canceladas. Escolas e algumas repartições públicas estão fechadas.

O Duomo de Milão, que é o principal ponto turístico da cidade, ficou fechado também por alguns dias. Na missa do último domingo, por exemplo, durante a comunhão, a ostia foi entregue em mãos, ao invés de ser colocada diretamente na boca, como geralmente é feito e, inclusive, antes de iniciarem o rito de comunhão é que foi dada a orientação aos fiéis de que seria feito dessa forma “por questões óbvias de higiene”.

Nas farmácias, praticamente, todas têm um aviso de que esgotaram as máscaras e álcool em gel, inclusive nas cidades vizinhas. Nos supermercados, prateleiras completamente vazias. Agua, frutas, verduras e carnes esgotados. As pessoas estão estocando comida em casa.

Foto: Ricardo Gonçalves / Divulgação
É comum observar nas farmácias italianas avisos de máscaras esgotadas

Um supermercado de uma cidade vizinha estava permitindo somente a entrada de pessoas que utilizassem máscaras. Um clima de medo mesmo.

A empresa que eu trabalho chegou a deixar os funcionários que moram em cidades com registro de casos positivos em casa por alguns dias, de forma retribuída, somente para evitar a circulação do vírus.
A Itália sofreu muito com guerra, com a peste e é nítido como os italianos “correm” para se abastecer de alimentos com medo de que a situação possa piorar.

Depois do anúncio dos primeiros casos de morte, na segunda-feira dessa semana eu fui dormir e quando acordei na terça-feira já tinha subido para quatro o número de mortes, era 153 casos positivos e no outro dia já somavam 223, e em menos de 24 horas depois, já tinha subido para 11 o número de mortes.
O anúncio de que a Itália seria o terceiro país do mundo (perdendo só para a China e Coréia do Sul) em número de pessoas contagiadas deixou todo mundo ainda mais preocupado. Agora já são 14 mortes, 528 contagiados, e 40 pessoas curadas da doença.

A imprensa trouxe na capa de todos os jornais a temática e o alerta para o risco de quarentena. Em algumas cidades já não é possível entrar ou sair. Nas redes sociais, circulam áudios de alerta para as pessoas se abastecerem de alimentos, não saírem de casa e a lavarem as mãos constantemente.

A Itália é um país pequeno se comparado ao Brasil e recebe turistas do mundo todo. E, por isso, as chances de contágio são muito maiores. Algumas cidades onde foram registrados casos positivos foram completamente bloqueadas. Ninguém entra e ninguém sai. Famílias foram impedidas de saírem de suas casas com o risco de serem multadas e até presas.

Não se fala de outra coisa aqui no norte do país. Um amigo meu me disse que os pais vivem na chamada “área vermelha” e que se saírem de casa correm o risco de pagar uma multa de 600 euros e três meses de prisão.

O próprio consulado brasileiro recomendou aos residentes de evitarem deslocamentos. Uma amiga minha que viria para cá essa semana cancelou a viagem.

Eu tinha intenções de ir para o Brasil também nos próximos meses, mas com o risco de Milão entrar em quarentena não consigo saber se será possível. O caso do homem que teve resultado positivo para coronavírus no Brasil saiu daqui da Lombardia.

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