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Americana

Comerciante desiste de manter praça no Parque Universitário

Noboru Fugiwara tirou R$ 22 mil do próprio bolso para transformar área em um espaço de convivência para adultos e crianças

Por Leonardo Oliveira

05 de novembro de 2019, às 08h05 • Última atualização em 05 de novembro de 2019, às 13h51

Depois de três anos e mais de R$ 22 mil tirados do próprio bolso para transformar uma área pública do Parque Universitário, em Americana, em um espaço de convivência para adultos e crianças, o comerciante Noboru Fugiwara, de 62 anos, desistiu do espaço recentemente depois do descontentamento de moradores do bairro com seu trabalho.

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Um terreno de 11 mil m², que antes era usado para descarte irregular de lixo, ganhou brinquedos, campo de futebol, cerca de 300 mudas de árvores e a instalação de bancos. Apesar da “nova cara”, as mudanças não agradaram a todos os moradores, afirma Noboru.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Noboru disse que foi ameaçado há cerca de três semanas por morador

Ao LIBERAL, ele diz que foi ameaçado por um deles há cerca de três semanas, quando atuava na limpeza do local. “Ofensa moral, verbal. [Alegou] que pessoas estão usando maconha, que vem traficante, que as crianças estão fazendo barulho, então para ser bom para eles e para mim eu decidi encerrar as atividades”, disse.

Ele nem pensa em denunciar o caso para evitar confrontos, mas confessa que o medo tomou conta de sua rotina. Para ser entrevistado, voltou nesta segunda-feira ao espaço que tanto cuidou depois de três semanas sem visitá-lo.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Noburo Fugiwara tirou R$ 22 mil do próprio bolso para transformar área

O sentimento de orgulho era evidente enquanto o comerciante caminhava detalhando para a reportagem cada benfeitoria feita e aquilo que ainda planejava. Noboru previa colocar grama no campo de futebol, concluir a iluminação, a instalação de uma gangorra e de aparelhos de ginástica.

Com a ajuda de outros comerciantes da região ele havia conseguido mais sete bancos de concreto para colocar na praça e R$ 2 mil, metade da verba necessária para pôr grama no campo de futebol. Por conta das ameaças, suspendeu a instalação e todos os serviços de limpeza que fazia.

Ouça o “Além da Capa”, um podcast do LIBERAL

Como a permissão para o uso da área é do comerciante e foi ele o responsável por bancar toda a reforma da praça, tudo será retirado nas próximas semanas e o local voltará ao patamar de três anos atrás. “A vida eu só tenho uma, o sonho eu posso recomeçar em outro lugar, em outro segmento. Esse aqui eu vou parar”, acrescenta.

Os brinquedos devem ser doados para um outro espaço público do mesmo bairro, que será administrado por uma moradora e não mais por Noboru, que descarta a possibilidade de criar uma praça para “evitar mais confusão”. “Peço perdão as pessoas que usam o parque. Dói o coração eu fazer esse tipo de coisa de retirar algo que já está plantado”, concluiu.

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