INFLAÇÃO
Com alta nos preços, voluntários são obrigados a adequar refeições
Inflação, que passa de 12%, atinge projetos de distribuição de comida em Americana
Por Ana Carolina Leal
18 de maio de 2022, às 08h27 • Última atualização em 18 de maio de 2022, às 11h31
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/com-alta-nos-precos-voluntarios-sao-obrigados-a-adequar-refeicoes-1766868/
A alta no preço dos alimentos têm obrigado voluntários de Americana a adequarem às refeições distribuídas aos moradores em situação de rua no município. Para não diminuir a quantidade ofertada, a saída tem sido substituir a carne bovina pela de porco, trocar a carne moída do macarrão por salsicha e o cafezinho por chá.
No último dia 11, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação de abril pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu 12,13% em 12 meses – é o maior patamar desde 2003.
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Em um mês, os principais impactos vieram de alimentação e bebidas (2,06%), com destaque para itens que sempre fizeram parte do cotidiano das famílias, como o leite longa vida (alta de 10,31%), batata-inglesa (18,28%), tomate (10,18%), óleo de soja (8,24%), pão francês (4,52%) e carnes (1,02%).
Formado por quatro amigos – Estevan Pavan, Alessandro Demazzi, Thiago Teclo e Wilson Peixoto – o Projeto Porta Malas Solidário Americana -, fundado há quatro anos, distribui todas às quintas-feiras, a partir das 19 horas, uma média de 50 refeições aos moradores em situação de rua que se concentram em frente ao mercado municipal.
De acordo com Estevan, no ano passado, eles ganharam 100 quilos de arroz e 70 quilos de feijão por meio da Campanha Rosa do Bem, realizada em prol da prevenção do câncer de mama. “Por semana, a gente consome dez quilos de arroz e quatro de feijão. Mas a mistura aumentou demais. Se antes gastávamos R$ 80, R$ 100 com mistura, hoje, gastamos o dobro”, afirma.
Como também contribuem com medicamentos, fraldas e roupas, o grupo têm adequado o cardápio para economizar. “Se antes comprávamos uma linguiça calabresa mais cara, hoje, optamos por uma mais em conta. Semana passada, por exemplo, fizemos macarrão com salsicha que é mais em conta do que a carne”.
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A vendedora Sonia Pereira dos Santos também tem feito algumas substituições no cardápio para garantir a quantidade das refeições distribuídas todas as quartas-feiras aos moradores em situação de rua na Vila Mathiensen.
Ela entrega, no mínimo, 20 marmitas, mas a quantidade pode chegar a 60 ou até mais, dependendo das doações. “Ou diminuímos o tamanho das refeições ou trocamos a mistura”, afirma.
Sonia tem substituído a carne pela salsicha ou pela carne de porco, que é mais em conta do que a bovina. “O mais complicado é a mistura porque com a doação de cesta básica conseguimos manter o arroz e feijão”, diz, acrescentando que até o famoso cafezinho que costuma levar aos moradores tem sido trocado pelo chá.