18 de abril de 2024 Atualizado 21:22

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Liberal Explica

Clima seco com ventos frios, típico da época, contribui para agravar ocorrência de queimadas

Período de inverno no Brasil é marcado pelo aumento de incêndios em vegetação

Por Isabella Holouka

24 de julho de 2022, às 10h24

Incêndio em área de canavial na região do Pq. Universitário, em 2021 - Foto: Arquivo - Liberal

O verde vivo das matas substituído por tons de marrom, cinza e preto. Associadas ao período de estiagem, caracterizado pelas chuvas escassas e baixa umidade do ar, as queimadas ameaçam biomas inteiros, como o cerrado e o pantanal, e representam um desafio ambiental no País. A tendência, com as mudanças climáticas e a repetição de fenômenos como La Niña, é que fique cada vez mais difícil definir uma estação propícia para os focos de incêndio.

Thiago Pietrobon, doutor em biologia, empresário do setor de sustentabilidade, conselheiro municipal de Meio Ambiente em Americana e membro da Câmara Ambiental de Mudanças Climáticas de São Paulo, explica que as queimadas representam um desafio ambiental porque produzem dois grandes problemas: a perda da biodiversidade e a contribuição para as mudanças do clima.

A perda da biodiversidade desencadeia inconvenientes como o desequilíbrio ambiental, a redução da polinização e até a insegurança alimentar de algumas populações. “Já as mudanças climáticas têm sido causadas pelo aumento de GEE (gases de efeito estufa) na atmosfera. Gases e fumaça são os grandes contribuintes deste efeito. E no Brasil este é um ponto de atenção. Quase metade de todos os GEE emitidos no país é decorrente do desmatamento e queimadas, pois o que eram árvores, folhas e galhos são transformados em CO2 e outros gases. Efeitos das mudanças do clima já estão ocorrendo em todo país, na forma de eventos climáticos extremos”, afirma.

Questionado se a queimada pode ser benigna ou ajudar a compor um bioma, ele cita o cerrado brasileiro como exemplo ao explicar que “muitas espécies se adaptaram às queimadas, mas isso não significa que a queimada ajuda a compor um ecossistema. Quando as queimadas passam a ocorrer em locais onde antes não ocorriam, as espécies que ali estavam podem ser eliminadas”. Como o fogo está cada vez mais frequente e intenso, e as mudanças climáticas cada vez mais rápidas, não há tempo para as espécies migrarem ou se adaptarem.

Ele lembra que a limpeza de terreno por fogo não poderia ser realizada sem o devido licenciamento e acompanhamento técnico e que, a médio e longo prazo, há um efeito negativo para o solo. Para recuperação, ele aponta como possibilidades o plantio direto de espécies que estariam naturalmente no local, chuvas de sementes e transferência de serrapilheira (camada de folhas do chão) de áreas próximas – assim sementes, insetos, fungos e microrganismos naturais da região podem acelerar a recuperação natural.

Embora o combate às queimadas dependa de uma mudança de consciência, o especialista lembra que a legislação considera as queimadas crimes ambientais, já mudou práticas agrícolas em que o fogo era aceito e que hoje a tecnologia é útil na identificação dos locais com mais focos de queimadas. “Hoje temos à disposição da população canais on-line para, por exemplo, rastrear a carne comprada para sabermos se vem de áreas de desmatamento ou não. Nosso poder como consumidor deve ser usado para não financiarmos as atividades que promovem o impacto ambiental”, defende.

LOCAL. No Estado de São Paulo, o período com maior incidência de incêndios em vegetação ocorre entre os meses de junho e outubro. Em Americana, as áreas mais afetadas pelas queimadas estão próximas à Gruta Dainese, o Estádio Décio Vita, os bairros Jardim Boer, Terramérica e Praia Azul, e redondezas das avenidas Nicolau João Abdala e Santa Cecília.

Neste ano, a quantidade de focos de incêndio no primeiro semestre caiu 35% em relação ao ano passado. Entre janeiro e julho de 2022 foram 144 queimadas em vegetação, contra 222 no mesmo período de 2021. Os dados foram fornecidos pelo cabo Thiago Brancalhão, que atua no Corpo de Bombeiros de Americana desde 2004.

No contexto local, ele avalia que os focos de incêndio têm como principais causas o tempo seco, com baixa umidade relativa do ar, a secura da própria vegetação, limpeza de terrenos baldios, descarte indevido de lixo, incluindo bitucas de cigarros, e atos de vandalismo. Além de evitar estas condutas, ele orienta a população a evitar a fogueiras e soltura de balões, que também são comuns nesta época do ano.

Denúncias podem ser feitas através dos números 193, do Corpo de Bombeiros, e 153, da Gama (Guarda Municipal de Americana). 

CONTEXTO. O período de inverno no Brasil é marcado pelo aumento de incêndios em vegetação. Situação semelhante também é vista durante o verão nos Estados Unidos e na Europa, em meio às ondas de calor que castigam o hemisfério Norte. Além de acelerar mudanças climáticas, grandes focos de incêndio também trazem prejuízos para a biodiversidade e para a saúde humana.

O que fazer diante de um foco de incêndio?

  • Mantenha a calma. Caso o fogo na vegetação esteja próximo a sua residência, comunique seus vizinhos e acione o Corpo de Bombeiros através do telefone 193
  • Retire crianças, idosos e deficientes e os encaminhe à um local seguro;
  • Não perca tempo recolhendo objetos pessoais
  • Caso não seja possível sair do local, cubra a cabeça e o restante do corpo com roupas molhadas e procure respirar junto ao chão

FONTE: Corpo de Bombeiros de Americana

Publicidade